Alfredo da Mota Menezes

Alfredo da Mota Menezes

Comércio e o bom senso venceram

O comércio entre a América Latina com a China, em 2023, atingiu o patamar de 480 bilhões de dólares ou algo como 2,4 trilhões de reais

Apareceram números recentes sobre o comércio da América Latina com a China. Em 2023, as trocas atingiram 480 bilhões de dólares ou algo como 2,4 trilhões de reais. Antes, ali pelo ano 2000, esse comércio entre os dois lados era de cerca de 14 bilhões de dólares.

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Soja está entre os produtos que mantém o comércio do Brasil com a China. (Foto: reprodução)

Olhe o salto que deu nesse quarto de século. O Brasil é o maior parceiro dos chineses na região. O comércio entre os lados ficou em 181 bilhões de dólares em 2023. Algo como 40% das vendas e compras de toda a área.

A China tem partido único e governo mais para a esquerda do espectro politico. Não é uma democracia nos moldes do mundo ocidental. Até outro dia era chamado de regime “comunista”. Esse comércio regional com o gigante asiático é uma guinada de muitos graus na politica internacional.

Se fosse no tempo da chamada Guerra Fria, com os EUA de um lado e a União Soviética do outro, esse comércio não teria ocorrido. Os EUA, que se intitulavam defensores da democracia no Ocidente, com mais alguns países europeus, não iriam permitir um comércio desse porte com a China.

Na Guerra Fria se encontravam desculpas e artimanhas para impedir esse ou aquele país de ter comércio com países com regime politico mais à esquerda.

Quem era o galo do terreiro na economia regional eram os norte-americanos. Outros lugares do mundo, se tivesse um pequeno viés mais à esquerda, estavam fora do jogo. Já imaginou o que o Brasil e a América Latina perderam de comércio proveitoso para a região por causa dessa distorção da Guerra Fria?

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Milho para exportação. (Foto: reprodução)

A coisa ficou pior ainda quando Cuba caminhou para o lado de Moscou. Quase houve um confronto militar pesado entre os EUA e União Soviética por causa da ilha de Fidel Castro. No final concordaram que Cuba ficasse com Moscou, mas os EUA endureceram sua atuação na região.

Foi o momento das ditaduras militares em quase todos os países da América Latina. Os EUA usaram os militares para tomarem o poder e para afastar a região do mal que, para eles, seria Moscou e suas ideias.

Não era que toda a região viraria “comunista”, é que os EUA teriam que competir com outros países e talvez perdessem espaço comercial. Inventaram o perigo que vinha da esquerda para amedrontar a região. Dominaram a área na política e na economia.

Hoje, sem esse viés de combate ao tal comunismo, a China é o grande parceiro regional. Deixando os EUA lá atrás e este país não pode, como antes, amedrontar a região com o tal do comunismo.

Mato Grosso não teria atingido esse patamar de produção no campo e de comércio internacional se fosse na época da Guerra Fria. Os EUA são grandes produtores de soja, milho, carne e algodão. Não comprariam nada daqui e ainda botava medo na gente com as supostas maldades do comunismo. Hoje não podem fazer nada no caso da China e isso ajudou MT, o Brasil e a América Latina a aumentarem seu comércio e renda.

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Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Alfredo da Mota Menezes , e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.