Alfredo da Mota Menezes

Alfredo da Mota Menezes

Cuiabá e eventos do agronegócio

Mato Grosso, com o tamanho de sua vida no campo, produzindo 30% dos grãos do país, sendo o primeiro em soja, milho e carne bovina e com tudo isso Ribeirão Preto é que é o centro do maior evento nacional do setor. Por que não um em Cuiabá?

Termina hoje, em Ribeirão Preto, em São Paulo, a maior Feira Internacional de Tecnologia Agrícola, Agrishow, da América Latina. Não é um evento para shows de músicas, prêmios para isso ou aquilo. É para negócios e discutir novas tecnologias para o campo.

Cuiabá e eventos do agronegócio
Pulverizador gigante chama atenção de visitantes em Ribeirão Preto | Crédito: Érico Andrade

Máquinas, armazéns, irrigação, adubagem, tudo referente ao setor se tem ali para discussão e venda. Se faz presente naquele evento grandes entidades do agro nacional como a Associação Brasileira do Agronegócio, também da indústria de máquinas, a Abivag.

São mais de 800 marcas expostas e tem visita de cerca 200 mil pessoas, incluindo gentes de muitos países. Veja o impacto disso nos hotéis, restaurantes e outros lugares daquela cidade.

O dado estranho do evento deste ano foi que a abertura da feira foi feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e não pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Muitos do agro concordaram e outros tantos não. Usar aquele espaço para aumentar desentendimento político e ideológico é um equívoco.

Ribeirão Preto tem uma produção no campo pequena. Cana de açúcar e um pouco de café. Assim mesmo é chamada de capital nacional do agronegócio. Título que é da cidade de Sorriso, concedido no governo Dilma Rousseff em outubro de 2012.

Mato Grosso, com o tamanho de sua vida no campo, produzindo 30% dos grãos do país, sendo o primeiro em soja, milho e carne bovina e com tudo isso Ribeirão Preto é que é o centro do maior evento nacional do setor. Por que não um em Cuiabá?

Talvez por que aquela cidade seja mais conectada que Cuiabá com o resto do país por voos aéreos? Não é bem assim, Ribeirão Preto e Cuiabá tem linhas áreas da Latam, Gol e Azul. Além disso, Cuiabá estaria mais perto dos países andinos do que a cidade paulista. E o encontro, se tivesse um aqui, seria também internacional.

Cuiabá tem até mais hotéis que Ribeirão. A população das duas cidades está ali pelos 700 mil habitantes. Não seria por aí também que se teria uma diferença marcante entre as duas cidades.

Continuando na choraminga inútil. Durante um evento do agro em Ribeirão Preto, o que as pessoas têm para visitar na cidade ou até mesmo ali por perto? Fazendo uma brincadeira, só tem a choperia Pinguim.

Cuiabá tem um centro histórico e uma culinária interessante. E, se alguém quiser ir mais longe, teria ainda a Chapara dos Guimarães e o Pantanal.

Os empreendedores na área do agro em Mato Grosso poderiam tentar algo maior para esse setor aqui em Cuiabá com vinda de gente de todos os lugares, inclusive do exterior, para ver o que se produz aqui e como. O turismo ganharia muito.

Nova Orleans, EUA, tem uma renda enorme com o turismo de eventos. Diferentes encontros, sobre assuntos diversos, escolhem a cidade. É uma das fontes de renda local.

Não se vê nada parecido em Cuiabá. Não que fosse buscar diferentes tipos de encontros nacionais, mas na área do agronegócio teria que entrar na disputa nacional. É quase inexplicável essa indiferença local com as coisas maiores do agronegócio.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Alfredo da Mota Menezes , e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.