Alfredo da Mota Menezes

Alfredo da Mota Menezes

MT e o agronegócio

Mato Grosso foi a principal alternativa encontrada pelo governo militar para diminuir a pressão por mais terras lá no sul. Havia espaço vazio no estado, principalmente no que é hoje chamado Nortão

Havia, no sul do Brasil, nas décadas de 1950 e 1960, crescente pressão demográfica e pouca terra para tanta gente. Máquinas chegaram e liberaram mais mão de obra e as famílias estavam maiores. Mais gente, menos terras e máquinas no lugar do homem. O descontentamento podia levar a uma crise social.

Mato Grosso foi a principal alternativa encontrada pelo governo militar para diminuir a pressão por mais terras lá no sul. Havia espaço vazio no estado, principalmente no que é hoje chamado Nortão.

O governo federal começou a abrir e asfaltar rodovias no estado, como a 163. Ao longo dela, pessoas do sul do país foram trazidas para aquele vazio demográfico. Também aparece a rodovia 070. Condições para a vinda de milhares de descontentes que poderiam criar problema social e agrário em estados no sul do país.

Evento tem como objetivo apresentar soluções para o agronegócio, que acabou sendo muito afetado nos dois últimos anos. (Foto: Reprodução)
Agronegócio em MT

Os presidentes da República que mais deram força para essa vinda das pessoas, principalmente do Paraná e Rio Grande do Sul, foram dois militares gaúchos: Emilio Médici (1969-1974) e Ernesto Geisel (1974-1979).

Pode-se dizer que MT foi o estado que mais se beneficiou do governo militar pelas estradas abertas e pela vinda das pessoas com conhecimentos agrícolas do sul do país.

Outra tentativa do regime militar foi aquela de buscar contornar o problema social e falta de terras no Nordeste e levar muita gente para a Transamazônica. Lá, por motivos vários, não deu certo. Em MT foi o inverso.

Mas antes que houvesse resultados concretos, os sulistas penaram muito em MT. Encontraram um tipo de terra diferente daquela do sul do Brasil. O cerrado era ainda uma incógnita para o produtor. Um solo que não aceitava as mesmas sementes usadas em outros lugares.

Foi um inicio difícil até que a ciência entrou em campo e tudo vai mudar. A Embrapa descobre a semente de soja adequada para o tipo de solo de Mato Grosso, principalmente o cerrado. Foi uma explosão na produção.

Antes MT produzia muito pouca coisa no campo. Em curto espaço de tempo, com o auxílio da ciência e tecnologia, houve enorme mudança. Com semente e adubagem correta a produção chegou a dados impressionantes.

Recente publicação da Conab, Companhia Nacional do Abastecimento, mostra esses números. Das 310 milhões de toneladas de grãos produzidas pelo Brasil no ano passado, MT foi responsável por 29.7% do total.

Em exportação, em 2022, MT participou com 31.6 bilhões de dólares ou 20% do total nacional. Paraná com 16 bilhões e o Rio Grande do Sul com 15 bilhões ou os dois estados, de onde vieram os novos mato-grossenses, juntos para dar a produção de MT.

No Valor Bruto da Produção ou VBP, que mede toda produção de soja, milho, algodão e carne bovina, o de MT foi de 211 bilhões de reais em 2022 ou 53% do total do Centro Oeste.

Tudo isso começou lá atrás com a vinda dos agricultores do sul para o estado. Os problemas sociais e demográficos que tinham por lá foi útil para Mato Grosso. Hoje esses novos mato-grossenses, a maioria já nascidos aqui, estão na base do setor mais produtivo e dinâmico do estado.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Alfredo da Mota Menezes , e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.