Preços da soja, milho e algodão têm alta acima de 70%, diz Ipea

Dados divulgados pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgados nesta quinta-feira (19) mostram que as commodities mais importantes na exportação brasileira (grãos, carnes e café) tiveram altas no primeiro semestre de 2021 na comparação com o mesmo período do ano passado.

Os números constam da análise trimestral sobre preços e mercados agropecuários, com preços domésticos e internacionais até julho de 2021 e balanço de oferta e demanda dos principais produtos do setor referente à safra 2020/2021.

No preço doméstico, em reais, a análise apontou alta de 78% na soja, 77% no milho, 40% no trigo, 75% no algodão e 55% no arroz.

Em relação aos preços internacionais, em dólares, as altas foram: 65,9% na soja, 72,3% no milho, 24,4% no trigo, 38,1% no algodão, 18,3% no boi gordo, 65,3% no porco magro e 24,2% na carne de frango. O arroz teve queda de 11%.

O Ipea explica que a alta nos grãos deve impactar os custos de produção da pecuária, o que pode influenciar negativamente a oferta dessas commodities e das proteínas animais no Brasil.

Soja

Principal produto do agronegócio brasileiro, a soja teve os preços seguindo em alta no país impulsionados pela valorização dos prêmios de exportação e pela manutenção da alta demanda externa pelo produto.

A confirmação da quebra de safra de soja na Argentina e os baixos estoques brasileiro e norte-americano aumentaram o preço em 1,9% no segundo trimestre deste ano em comparação com o trimestre anterior. Há expectativa de manutenção das exportações do grão e derivados, principalmente do farelo, diante da restrição da oferta na Argentina.

Milho

O preço fechou o segundo trimestre de 2021 com alta de 11,9% frente ao primeiro trimestre deste ano, impulsionado pelos baixos estoques e pela queda da produtividade das lavouras devido a questões climáticas – o que deve impactar o consumo doméstico na safra 2020-2021 devido à baixa esperada na oferta.

Café

O café arábica, espécie mais produzida no país, encerrou o segundo trimestre de 2021 com alta de 17,5% nos preços na comparação com o trimestre anterior, impulsionado pela estimativa da quebra na safra brasileira 2021-2022 e há expectativa de muita oscilação nos preços domésticos do produto no restante do ano.

No mercado internacional, a demanda por café dentro do domicílio mais do que compensou a redução no consumo fora de casa provocada pela pandemia. Para o segundo semestre, os preços devem se manter maiores em relação a 2020, reflexo do aumento da demanda e da abertura de bares e cafés.

Carne

Conforme o Ipea, há um movimento de substituição entre as proteínas animais: tanto por questões sanitárias quanto pela busca de proteínas mais baratas.

Entre o primeiro e o segundo trimestre de 2021, houve alta nos preços: boi gordo (4,9%), carne suína (2,9%) e carne de frango (10,9%).

Os preços do boi gordo devem se manter altos até o final do ano, dependendo do comportamento da demanda doméstica.

No caso dos suínos, a baixa disponibilidade do milho, que afeta diretamente o custo da ração animal, deve contribuir para a alta dos preços tanto do suíno vivo quanto da carne, no terceiro trimestre de 2021.

Sobre a carne de frango, o retorno das aulas presenciais em boa parte do país deve contribuir para o crescimento da demanda, por causa da composição da merenda escolar. Há perspectiva de elevação no preço do frango abatido no atacado no terceiro trimestre deste ano, segundo o Ipea.