Agenor aciona advogados para não retirar Filó de habitat natural em AM
Agenor Tupinambá ficou conhecido nas redes sociais ao postar vídeos da capivara Filó e outros animais que vivem em sua fazenda, no interior do Amazonas
Agenor Bruce Tupinambá, amazonense famoso por mostrar vídeos da capivara fofinha chamada Filó, ganhou novo destaque na internet. Além dele ter sido multado em mais de R$ 17 mil pelo Ibama, o órgão exigiu a entrega do animal. O Primeira Página procurou o jovem, que afirmou ter acionado advogados para não retirar o animal de seu habitat natural.

“Tô tentando me manter mais calmo possível que vai dar certo. Tive crises de ansiedade. Foi muito difícil pra mim. Minha vida tá mudando completamente. O objetivo é anular os autos de infração, frente a comprovação de que as acusações do Ibama são infundadas. Além disso, os advogados trabalham para garantir que os animais não sejam tirados do seu habitat natural”, declara Agenor à reportagem.
Agenor ganhou o carinho do público ao compartilhar momentos alegres com os animais na fazenda onde mora, em Autazes, interior do Amazonas. A turma é composta por Filó, a capivarinha, Rosa, um papagaio fêmea; e Baby, um porquinho.

O Primeira Página conversou com o estudante de Agronomia sobre as aventuras de todos eles, em fevereiro deste ano. “Ela [Filó] é o xodó da família. A gente não precisa de muito para ser feliz, só precisa aproveitar os momentos, as oportunidades. É saber observar e sempre respeitar a natureza dos animais”, disse Agenor para o portal.
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“Situação horrível”
Nesta semana, Agenor foi surpreendido ao receber uma visita do Ibama na faculdade onde ele estuda. No seu perfil do Instagram, o estudante contou o susto que passou ao saber da multa e da retirada de Filó de sua fazenda. Assista abaixo o vídeo completo do estudante:
“Fui ao órgão com a minha irmã, e começou a jogar as informações, mostrou as multas que eu tinha que pagar, acusações foram várias. Somando tudo dá mais de 17 mil reais. Foi uma situação horrível. Também fui notificado para excluir todos os vídeos da minha rede social, da Filó, da Rosa, tudo. Tenho seis dias para entregar Filó pra eles”, conta Agenor, que o tempo todo se emociona muito.
“Queria agradecer o apoio de vocês. Vou ter uma reunião na advocacia, pessoal do jurídico. Eu tenho 20 dias para recorrer. É difícil demais. Um dia uma mulher me falou: ‘seja incrível’. Brigado”, completa Agenor, que foi acalmado pela mãe.
Ainda conforme Agenor, o caso está sendo acompanhado pela deputada estadual do Amazonas, Joana Darc (UNIÃO).

Nas redes sociais, Agenor também postou uma nota de esclarecimento. Segue abaixo:
Eu cresci no meio do mato e lá nasceu a minha paixão pelos animais. Eu só saio de lá para estudar agronomia na capital, curso que escolhi para poder servi-los ainda mais. De todas as surpresas que a fama na internet me trouxe, eu jamais imaginei que seria acusado de abuso, maus tratos e exploração contra animais. Também fui acusado de matar um animal do qual todos são testemunhas que só dediquei amor e fiz tudo que podia para preservar sua vida. No total, as multas somam mais de 17 mil reais, valor que nunca nem vi na minha vida.
Também fui notificado para retirar os vídeos que tanto expressam o meu amor e entregar a Filó num centro de tratamento animal, sob a acusação de retirá-la do seu habitat natural. Se tem alguém que mora no habitat natural de alguém sou eu, não os animais. Eu abro a janela e lá estão o rio, a floresta e os animais. Eu que estou de passagem nesse lugar. E escolhi ser um guardião e não um criminoso.
Lamento profundamente o que está acontecendo e só eu sei a dor que estou sentindo. Agradeço o apoio da minha família, amigos, seguidores, imprensa e ao suporte jurídico que nunca pensei que precisaria. Com amor, Agenor Tupinambá.
O que diz o Ibama sobre o caso de Agenor e a capivara Filó
A reportagem também entrou em contato com o Ibama sobre o caso do rapaz. De acordo com o órgão ambiental, “animal silvestre não é pet”. “Por mais que algumas pessoas queiram cuidar de animais silvestres, quando os encontram na natureza, é necessário entender que eles não são animais domésticos, como cães e gatos”, salientam por meio de nota.
O Ibama ainda informa o que diz a lei e dá detalhes da notificação que Agenor sofreu:
Com base no Decreto nº 6.514/2008, que regulamenta a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), o Ibama autuou nesta terça-feira (18/04) o influenciador digital Agenor Tupinambá por práticas relacionadas à exploração indevida de animais silvestres para a geração de conteúdo em redes sociais. As multas aplicadas totalizam R$ 17.030,00.
O caso chegou ao conhecimento do Ibama, após a morte de um bicho-preguiça que o rapaz, morador da cidade de Autazes (Amazonas), criava em sua propriedade. No local os agentes encontraram um papagaio e uma capivara. Agenor não tinha autorização legal para manter os animais em sua posse.
O órgão alega que o rapaz também recebeu duas notificações “que determinam a retirada de conteúdo audiovisual alusivo à criação de animais silvestres em ambiente doméstico e a entrega do papagaio e da capivara ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama em Manaus”.
“É importante salientar que além de ser crime manter animais silvestres irregularmente, a exposição de espécimes silvestres como pets em redes sociais, estimula a procura por esses animais, aquecendo o tráfico de espécies da fauna brasileira”, continuam.
“Por mais que se acredite estar ajudando um animal silvestre, dando comida e abrigo, é importante entender que essa atitude pode prejudicá-lo, pois reduz sua capacidade de sobrevivência na natureza. Animais silvestres também podem transmitir doenças graves para os humanos”, apontam.
O Ibama reforça sobre o que devemos fazer ao encontrar um animal ferido. “Deve-se acionar o órgão público competente. A legislação brasileira não admite a hipótese de regularizar junto aos órgãos ambientais um animal adquirido ou mantido sem autorização”, afirmam.
“Quem possui animal silvestre em situação irregular pode realizar entrega voluntária ao órgão ambiental competente para evitar penalidades previstas na legislação”, finalizam.