Cobra com cores de papagaio e bigode é descoberta no Cerrado
Serpente tem as cores marcantes da ave típica do Cerrado
Pesquisadores de Mato Grosso do Sul descobriram uma nova espécie de cobra-papagaio: a Leptophis mystacinus. A serpente, encontrada no Cerrado, se distingue das demais por seu padrão de coloração vibrante, com duas faixas verdes na parte lateral e superior do dorso separadas por uma linha amarelada.

O nome da espécie faz referência a uma faixa preta que atravessa os olhos, lembrando um ‘bigode’, ‘mystax’ em grego, o que a diferencia visualmente de outras cobras da mesma família.
As cores verde, amarelo, branco e preto da cobra também fazem referência à ave típica do Cerrado, que compartilha a mesma paleta de cores.
A descoberta foi realizada pelos professores Diego Santana e Nelson Rufino, do Laboratório de Biogeografia e História Natural de Anfíbios e Répteis (Mapinguari), do Instituto de Biociências (Inbio) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
“Em 2023, durante uma estadia como professor visitante nos Estados Unidos, Santana foi informado por Rufino sobre um espécime desconhecido encontrado no Cerrado, que ainda não possuía evidências suficientes para ser descrito como uma nova espécie.”
Diego Santana.

A partir daí, os pesquisadores realizaram análises genéticas, que confirmaram que se tratava de uma espécie inédita. Os exemplares analisados da nova espécie foram encontrados por pesquisadores da UFMS, mas são proveniente dos estados de Tocantins e Minas Gerais
A nova cobra-papagaio do Cerrado, Leptophis mystacinus, é parente próxima da Leptophis dibernardoi, encontrada na Caatinga em 2022. Santana explica que o Cerrado e a Caatinga compartilham um histórico evolutivo semelhante, o que facilita esse tipo de conexão entre as espécies.
Características da Leptophis mystacinus
As cobras-papagaio são conhecidas por seu comportamento diurno e arborícola, sendo predadoras ágeis de pequenos vertebrados.
A Leptophis mystacinus se destaca de outras espécies do gênero pelas características únicas, como a faixa preta que atravessa os olhos e se prolonga pelo corpo. Além disso, a morfologia do órgão copulador masculino, o hemipênis, também apresenta detalhes exclusivos para essa espécie.

Como uma nova espécie é descoberta?
O processo de descrição de uma nova espécie envolve uma série de etapas, incluindo a comparação com espécies conhecidas, a consulta a artigos científicos e coleções zoológicas, e, em alguns casos, análises genéticas. De acordo com Santana, essa pesquisa é uma prática contínua no Mapinguari, e várias espécies novas de serpentes e anfíbios têm sido descritas nos últimos anos.
“Cada nova espécie descrita é uma peça a mais no quebra-cabeça da nossa história natural”.
Diego Santana.
A Leptophis mystacinus representa uma nova descoberta científica e reafirma a riqueza biológica e a importância da preservação dos ecossistemas como o Cerrado, que ainda guarda muitos mistérios a serem desvendados pela pesquisa científica.