Estudo inédito identifica parasita em onças-pintadas no Pantanal
Infecção ocorre quando uma pessoa ingere água contaminada ou carne mal cozida de animais hospedeiros intermediários, como anfíbios e répteis
As onças-pintadas podem ser bioindicadores da presença de doenças. Isso é o que mostra uma pesquisa realizada no Pantanal mato-grossense. O estudo, parte da dissertação de mestrado do médico veterinário Paul Raad, mostrou pela primeira vez na região, a presença do parasita Spirometra spp. em felinos.
A investigação, conduzida por pesquisadores da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), analisou amostras fecais de onças entre 2022 e 2024 na Fazenda Piuval, em Poconé, a 104 km de Cuiabá.

Fundamentais para o equilíbrio ecológico do Pantanal, as onças-pintadas são importantes para a cadeia alimentar, e podem ajudar a identificar ameaças ambientais e zoonoses.
A presença do Spirometra spp. indica que o parasita circula no ecossistema pantaneiro, podendo afetar outros animais e até seres humanos.
A infecção ocorre quando uma pessoa ingere água contaminada ou carne mal cozida de animais hospedeiros intermediários, como anfíbios e répteis. Os sintomas variam de nódulos subcutâneos a complicações mais graves, como problemas neurológicos, ou até mesmo cegueira.
Conservação e redução de conflitos com pecuaristas
Além do impacto ambiental, o estudo reforça a necessidade de estratégias para reduzir os conflitos entre pecuaristas e onças no Pantanal. A pesquisa foi desenvolvida com apoio da Fazenda Piuval, que adotou medidas como cercas elétricas e monitoramento por câmeras, reduzindo significativamente as perdas de gado.

A iniciativa também impulsionou o ecoturismo, mostrando que a preservação das onças pode ser economicamente vantajosa para a região.
O estudo se baseia no conceito de Saúde Única, que vê a saúde humana, animal e ambiental como interligadas. Monitorar as onças e os parasitas que carregam pode ajudar a prevenir potenciais surtos de doenças e a garantir a conservação da biodiversidade.