90% dos municípios de MT não têm estrutura para atender mulheres vítimas de violência

Um relatório do TCE aponta que maior parte dos municípios mato-grossenses apresenta falhas estruturais no enfrentamento à violência contra a mulher

90% dos municípios de Mato Grosso não possuem Secretaria da Mulher, ou unidade similar. Essa é uma das ausências no combate à violência contra mulher identificadas em um relatório preliminar do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT).

violencia contra mulher
90% dos municípios de MT não têm estrutura para atender mulheres vítimas de violência, diz relatório da TCE. (Foto: Ilustrativa/Reprodução)

A maior parte dos municípios mato-grossenses apresenta falhas estruturais no enfrentamento à violência contra a mulher. Além disso, 52% não contam com Conselho Municipal de Direitos da Mulher, e 85% não possuem protocolo específico de atendimento às vítimas.

A auditoria operacional foi conduzida pela 2ª Secretaria de Controle Externo do TCE-MT, com apoio da Comissão Permanente de Segurança Pública.

Os dados evidenciam a ausência de políticas públicas efetivas e a falta de integração entre os órgãos responsáveis pelo atendimento às vítimas.

Principais falhas identificadas

  • Falta de estruturação: apenas 8% dos municípios possuem previsão orçamentária específica para o enfrentamento da violência de gênero.
  • Ausência de planejamento: apenas três prefeituras possuem um Plano de Metas relacionado ao tema.
  • Deficiência na integração: 75% dos municípios apresentam dificuldades na articulação entre os serviços da rede de atendimento às vítimas.
  • Falta de investimento: 82% das cidades não contam com um Fundo Municipal da Mulher.

Mato Grosso liderou o ranking nacional de feminicídios em 2023, com 2,5 mortes para cada 100 mil mulheres, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Para o TCE-MT, os altos índices de violência refletem a ausência de políticas públicas eficazes ao longo dos anos.

Boas práticas e recomendações

Apesar do cenário preocupante, a auditoria identificou iniciativas bem-sucedidas em algumas cidades. Em Sinop, por exemplo, foi criada uma lei que proíbe a nomeação de servidores condenados com base na Lei Maria da Penha.

Em Lucas do Rio Verde, mulheres com medidas protetivas têm acesso a um Botão do Pânico. Já em Várzea Grande e Cáceres, funcionam casas de acolhimento para vítimas de violência doméstica.

Para reverter esse quadro, o relatório do TCE-MT propõe uma série de recomendações ao Governo do Estado, prefeituras, Judiciário e Defensoria Pública, exigindo planejamento estratégico, integração dos serviços e investimentos específicos para a proteção das mulheres.

Monitoramento e impacto nas contas públicas

Mesmo antes da conclusão do relatório, o TCE-MT anunciou que os dados da auditoria serão utilizados como critério para análise das contas dos municípios. Isso significa que os gestores precisarão comprovar investimentos e medidas concretas no enfrentamento à violência contra a mulher para evitar sanções.

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