Cruz Vermelha leva atendimento de saúde para aldeias Xavantes em MT
As comunidades Xavantes de Campinápolis receberão atendimento especializado ambulatorial em pediatria nos casos de desnutrição moderada e grave
Uma equipe da Cruz Vermelha Brasileira leva atendimento de saúde para indígenas de comunidades Xavantes, na região de Campinápolis, a 565 km de Cuiabá. As ações ocorrem entres os dias 3 e 5 de novembro.

A mortalidade infantil nas comunidades Xavantes ainda é significativamente alta, com apenas 86% das crianças sobrevivendo até os dez anos de idade.
Os voluntários da organização, coordenada pela chefe de gabinete da Cruz Vermelha Brasileira, Agatha Brito, dedicarão seu tempo e recurso promovendo ações preventivas e de recuperação da saúde indígena nos povos de Campinas, São Pedro e Palmeiras.
São parceiros na ação junto às comunidades Xavante a prefeitura de Campinápolis, o Instituto Saúde Sustentável, o Distrito Sanitário Especial Indígena Xavante e o departamento de Poluição, Sustentabilidade da PUC-RIO.
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Segundo Agatha Brito, o projeto dedicado à saúde indígena contará com médicos e dentistas que prestarão atendimento médico e odontológico e ainda, facilitarão o acesso, pelos indígenas, aos serviços de atenção especializada em pediatria e ginecologia/obstetrícia.
Agatha avalia que a iniciativa visa não apenas a prestação de assistência médica e suprimentos essenciais, mas também a promoção da educação em saúde, o fortalecimento dos laços comunitários e o respeito pela cultura Xavante.

Presidente do ISAS e coordenador nacional de Meio Ambiente na Cruz Vermelha do Brasil, o ambientalista Felipe Martins, ressalta que após anos de ações de impacto na região junto à prefeitura de Campinápolis, foi identificado uma grande demanda na área de saúde que necessitava de urgente atenção.
Felipe destaca que o projeto visa, além de atender, criar um diagnóstico e um trabalho a longo prazo em toda a região.
Na ação foi mobilizado uma equipe com cerca de 50 voluntários, dentre médicos, dentistas e outros profissionais da área de sustentabilidade para a ação.
Principais problemas
Ao longo do tempo a situação das comunidades Xavante em relação à saúde sofreu mudanças consideráveis. Embora as comunidades tenham experimentado um aumento na taxa de natalidade e no crescimento populacional desde a década de 1960, a mortalidade infantil ainda é alta e muitas dessas mortes são causadas por doenças tratáveis e más condições sanitárias, incluindo a contaminação da água.
Segundo Agatha Brites, problemas como gastroenterites e infecções respiratórias são responsáveis por uma parcela significativa dessas mortes.
Além disso, o acúmulo de lixo e excrementos humanos nas aldeias, a contaminação da água por agrotóxicos de fazendas vizinhas e a mudança do estilo de vida seminômade para o sedentarismo contribuíram para sérios riscos de saúde pública.
Além disso, de acordo com Agatha, mudanças na dieta, incluindo o aumento do consumo de açúcar e farinha de trigo refinada, levaram a problemas de desnutrição, anemia e diabetes. O consumo de álcool e o alcoolismo também se tornaram problemas, especialmente em comunidades próximas a cidades, juntamente com a tuberculose.
Atendimento especializado
As comunidades Xavantes de Campinápolis receberão atendimento especializado
ambulatorial em pediatria nos casos de desnutrição moderada e grave, prematuridade/baixo peso ao nascer, doenças respiratórias graves, anomalias congênitas, crescimento e desenvolvimento, doenças de triagem neonatal.
A abertura oficial do projeto Saúde Indígena ocorreu na tarde dessa quinta-feira (2) na prefeitura de Campinápolis e reuniu além das instituições participantes, autoridades do município e voluntários de outras regiões do país.