Five Nights At Freddy's e o poder da expectativa
Mas Five Night at Freddy´s: O pesadelo sem Fim entrou na quarta semana de exibição e ainda com vários horários de sessões nas telonas
Confesso que não iria assistir a esse filme no cinema.
Provavelmente, quando chegasse ao streaming, eu pudesse dar uma olhada.
Mas a editora do Portal Primeira Página, Naiane Mesquita, que edita esta coluna, mandou-me a sugestão para que o longa norte-americano baseado num jogo de videogame antigo estivesse nesta coluna.
A dica foi na semana passada. Mas relutei.
Não queria escrever sobre um filme – que vinha recebendo críticas ruins – cujos monstros são bonecos robôs gigantes de pelúcia. Pra mim, muito nítido que era um filme de criança envelopado com a sedutora temática do terror.
Eu tinha até relevado o fato dele ter tido a melhor estreia de um filme de horror no ano e de estar liderando as bilheterias desde que estreou em 26 de outubro (só foi superado pela estreia de mais um filme da Marvel).
Mas Five Night at Freddy´s: O pesadelo sem Fim entrou na quarta semana de exibição e ainda com vários horários de sessões nas telonas.
Aí não teve jeito. Eu me rendi.
Com a expectativa lá embaixo, encarei o desafio.
Sim, é mesmo um filme pra criança. Isso explica porque pais lotam as salas com os filhos.
Mas os adultos também conseguem se divertir. Porque remete a infância.
Me lembrou muito a atmosfera de Scooby Doo. Talvez até por isso, Mathew Lillard, o Salsicha das versões live-action do famoso desenho do cão detetive, esteja no elenco.
É ele quem consegue o emprego de segurança para Mike (Josh Hutcherson, de Jogos Vorazes) na pizzaria abandonada que foi muito famosa pelos bonecos animados que dançavam no palco.
Até que uma tragédia ocorreu e o lugar foi fechado.
Porém, o dono resolveu deixar tudo guardado.
A missão de Mike é garantir que não haja invasores.
Para criar um elo emocional com o personagem, os roteiristas puseram, na vida do rapaz, duas situações carregadas de emoção.
Ele cuida da irmãzinha que tem amigos imaginários e é tratada por uma tia ambiciosa como uma criança com deficiência intelectual, já que passa parte do tempo desenhando.
E Mike tem esse cuidado com Abby (Piper Rubio) porque se culpa pela perda do irmão mais novo quando ele ainda era um adolescente.
O menino, que estava sob sua guarda, acabou sequestrado num parque.
A família foi destruída e só sobraram Mike, Abby, a culpa e um enorme desejo de reparação.
Os sonhos do segurança – muitas vezes induzidos por remédios – vão ajudando a elucidar o mistério do rapto.
Se não tivesse ursinhos como vilões, acho que o filme poderia até ter sido levado mais a sério. As crianças que aparecem nos sonhos são intrigantes.
Mas a diretora Emma Tammi, experiente em séries de terror, acertou em simplificar tudo. Afinal, conquistar o público adulto seria muito difícil nessas condições e encher de sombras uma película para crianças levaria o título ao fracasso comercial.
Se você tem filhos pequenos e quer mostrar a eles o prazer do sobrenatural, essa é a obra certa. Tipo uma Wandinha sem a grife de Tim Burton.
Apesar de um momento que mostra uma garota cortada ao meio, o restante das cenas é muito moderado. Há sangue, mas nada que uma boa conversa com a criança sobre como o cinema usa efeitos especiais não resolva.
E vamos ser honestos. Os jogos de videogame que nossos filhos jogam têm muito mais violência que a de FNAF, a sigla do filme.
É um bom filme de sessão da tarde.
É mais ou menos como um que assisti recentemente na Netflix chamado Vampiros versus o Bronx. Um grupo de sanguessugas começa a comprar várias propriedades no bairro famoso de Nova Iorque para criar uma comunidade de dentuços.
Garotos da região, liderados por um adolescente conhecido como “prefeitinho”, acabam tendo de lutar, sozinhos, contra a ameaça.

Totalmente descartável. Totalmente agradável.
Como FNAF.
Filmes que comprovam uma outra teoria que carrego comigo sem comprovação científica nenhuma e que, por isso, só deve ser considerada por quem respeita um pouco de papo furado.
Falo da teoria da expectativa.
Quando muito se fala de um filme e você o assiste, ele precisa ser muito bom para que você concorde com as críticas positivas. Isso porque você criou altas expectativas e exige nada menos que uma obra-prima.
Já quando você espera que a obra seja uma tortura e, ao assisti-la, não sente dor nenhuma: nem no relógio, nem no bolso, nem na consciência, você se sente aliviado. Vem o bem-estar e acaba até gostando.
Foi o que aconteceu comigo nesses dois filmes citados.
Filmes passatempos.
Mas filmes importantes para o futuro.
Futuro do público que, desde pequeno, vai aprender a se encantar com o prazer do visual sombrio, do sussurro no ouvido, do frio na espinha.
Agora, antes de terminar, FNAF só será mesmo eficiente se conseguir uma façanha.
Levar a editora Naiane Mesquita ao cinema.
Por mais que tenha de ler todas essas colunas antes da publicação, ela não assiste nada de terror.
Diz que morre de medo.
Até mesmo de ursos, raposas e coelhos de pelúcia.
Também, ninguém manda, eles serem equipados com garras e dentes afiados, né?
Comentários (1)
Na minha opinião, a única cena ruim foi a da Springlock (a hora que o William Afton morre), queria que tivesse mais sangue e/ou tripas. O filme foi incrível pra mim, pq eu cresci jogando FNAF e sempre fui um fã, mas podemos dizer que o filme foi mais pra alimentar a “fanbase”, já que o filme nem é canônico na timeline oficial do jogo. Mas mesmo assim, amei o filme, achei mt bom <3
Eu acho que vai ser uma trilogia, por causa dos jogos, e eu espero mt que seja hehe (amaria ver os "Toy animatronics" na telona)