Lobisomem: quando nosso corpo se volta contra nós mesmos
Coluna apresenta o lançamento desta semana: Lobisomem
O diretor e roteirista Leigh Whannell tem credenciais para reinventar uma das lendas mais exploradas no cinema.
Autor da estimada última versão do Homem Invisível (2020), ele, agora, aponta sua criatividade para dar uma nova roupagem ao Lobisomem, produção norte-americana que estreia justamente na lua cheia.
Em entrevistas, o cineasta disse que se inspirou num amigo para criar seu personagem.
O homem sofria de uma doença degenerativa que o fazia, gradativamente, perder o controle sobre o próprio corpo. A analogia com o licantropo (o homem que se transforma em lobo) foi imediata.
Afinal, o ser humano normal, a partir de uma mordida, passa a ver seus pelos cresceram rapidamente, seus pés e mãos se transformarem em patas, suas mandíbulas em focinhos e, principalmente, seus pensamentos racionais em instintos.
Quase sempre assassinos. E para deixar tudo mais interessante, Whannell não fez seu monstro atacar apenas desconhecidos. Os principais alvos de seu lado bestial são a mulher e a filha.
A família voltou para a fazenda onde o homem foi criado após seu pai ter sido declarado morto depois de desaparecer nas montanhas.

O casal vivido por Christopher Abbott e Julia Garner está em crise e pensa que a viagem poderá fazer bem ao casamento. Mas eles são atacados por uma criatura e acabam isolados na casa da propriedade.
Ferido, o marido começa a se transformar num lobisomem. E é a transformação lenta, com todas as implicações que ela apresenta – de dor, de dificuldade de entendimento da fala – que marca o diferencial desse Lobisomem.
O filme é mais um terror psicológico que um body horror, quando transformações e dilacerações das vítimas são o carro-chefe.
Isso tem feito com que as notas do filme fiquem bem longe das conquistadas por O Homem Invisível. O IMDB classifica o novo filme com 5,9. E o Rotten Tomatoes, com 58% de aprovação.
Comparado a outras obras do tema, como:
- Um Lobisomem Americano em Londres – clássico! (7,5 – 89%);
- Lua Negra (5,8 – 27%);
- Possuída (6,8 – 90%);
- O Lobisomem, de 2010, com Anthony Hopkins e Benicio Del Toro (5,8-32%), este novo exemplar fica na média dos filmes do monstro peludo.
Uma pena. O australiano Leigh Whannell tem, além de O Homem Invisível no currículo, o fantástico Jogos Mortais, que criou ao lado de James Wan. Trabalhos que elevam a expectativa sobre qualquer trabalho novo do diretor de 47 anos.
Mas apesar das notas, das críticas, cinema é algo muito particular de cada um.
E nem todo filme precisa alcançar o topo do ranking de aceitação para divertir.
Assistir a um filme de lobisomem com bom elenco, um roteiro diferente e feito com um bom orçamento numa sala escura com tela grande e som potente já seria uma boa pedida.
Ter a chance de fazer isso, sair do cinema e ainda poder contemplar a lua cheia torna a experiência mais prazerosa.
Ainda mais se tiver algum bicho uivando por perto.
Desde que seja só um cachorro em busca de atenção.