Sting: Aranha Assassina chega aos cinemas
Se você quer ver uma obra com elementos natalinos, mas prefere que o vermelho não esteja apenas nas roupas do Papai Noel, Sting é uma opção.
Charlotte é filha de pais separados. A mãe casou-se de novo e teve um bebê. A menina de 12 anos encontra na rebeldia a forma de lidar com suas frustrações.

Então, ela anda pelos dutos de ar do prédio onde mora em Nova Iorque. E gosta de colecionar troféus das invasões. O que faz com tanto orgulho que posta o material nas redes sociais com a hashtag “minhapróximavitima”.
Numa dessas invasões, entra no quarto da tia-avó, Gunther, que é, também, a dona do prédio.
Segundos antes, outra criatura tinha feito o mesmo.
Um fragmento de um meteoro que passava pela terra se desprendeu, furou a janela e o teto da casa de bonecas que a mulher mantém nos aposentos.
A bola incandescente logo se abre e dela sai uma aranha.
Que pet seria mais adequado para uma menina rebelde em busca de atenção que uma viúva negra espacial?
Charlotte, então, adota Sting, nome que dá à nova amiguinha.
O começo da relação é fofo. Ela assovia e a aranha faz um barulhinho de volta para “dizer” que está com fome.
O problema é que a cada baratinha devorada pelo bicho faz seu tamanho aumentar significativamente. O que vai fazer com que o tamanho das presas também precise crescer.
Esse é o enredo do mais novo filme de terror a explorar a aracnofobia, o medo de aranhas, e que estreou nos cinemas nesta semana.
Evidentemente, Sting não é um filme de Natal.

Mas alguns elementos — e não falo da neve que não para de cair em Nova Iorque ou do mês em que chegou ao público – levam a gente a curti-lo como se fosse.
Se os filmes com o bom velhinho falam de reuniões familiares, redenção, então, pode colocar um gorrinho na cabeça da aranha alienígena.
Charlotte tem no pai a figura de herói. Um professor que abandonou a mulher e a filha para se mudar para a Tailândia. Mesmo sem manter contato com a menina, ele é presente na foto que ela mantém no quarto e nos desenhos do padrasto, claro que, como vilão.
Ethan é ilustrador de histórias em quadrinhos. Mas enquanto não consegue emplacar suas ideias trabalha de zelador no prédio da família da esposa.
Ele não consegue a atenção da menina, não tem o respeito da proprietária que vive o humilhando e o ameaçando de desemprego e, por consequência, despejo.
“Você não é da família. E é um homem fraco. Homens fracos correm quando a situação aperta.”
A esposa não consegue estar presente pra nenhum deles porque, além de ter de buscar emprego incessantemente, ainda cuida do bebê e da mãe que tem Alzheimer.
É ou não é um cenário propício para milagres de Natal?
E se filmes natalinos costumam ter personagens cartunescos, Sting faz isso com todos os coadjuvantes.
Gunther, a tia de Charlotte, é quase uma nazista. Com maquiagem carregada, olhos e sobrancelhas ameaçadoras, ele destila veneno por onde passa. Considera a sobrinha-neta um problema e é considerada uma bruxa pelos outros inquilinos.
Eles, também, bem diferentes. Tem Maria, uma viúva alcoólatra cuja única existência no filme é provar a teoria de que as aranhas gostam de se alimentar de presas vivas…
Tem Frank, o exterminador que é chamado para verificar os barulhos nas paredes dos apartamentos. Ele é o cara das piadinhas.
E tem o estudante biólogo que vive num apartamento cheio de aquários. Ele disseca peixes em busca de encontrar a cura para a diabetes. E, ao ser consultado por Charlotte sobre o crescimento inesperado da aranha, vê uma oportunidade de muar sua pesquisa.
Coitado…
São exageros necessários para ajudar a aceitar que, se esse pessoal é considerado normal, uma aranha ET devoradora de gente não foge muito da realidade.
Com todos esses elementos, Sting não passa de um filme bacaninha pra se assistir durante uma tarde descompromissada.
Os efeitos especiais são eficientes e algumas cenas de terror são eficazes.
Afinal, muita gente tem medo de aranha e isso, com certeza, vai potencializar os sustos e a repulsa.
Só que ao contrário do que a ficção faz, esses bichos não atacam os seres humanos.
Quando alguém é picado, é um acidente, uma defesa do aracnídeo que age por instinto. Por isso, devemos evitar matá-las.
As que não são venenosas até ajudam a proteger nossa casa de outros insetos.
Então, fique em paz com as aranhas de casa.
Claro, sem fazê-las delas um animal de estimação.
Como diz Frank, o exterminador: “Aranhas não sabem amar, sabem só matar e comer.”
Se você quer ver uma obra com elementos natalinos, mas prefere que o vermelho não esteja apenas nas roupas do Papai Noel, Sting é uma opção.
Vá aos cinemas sem muitas expectativas e não esqueça de olhar embaixo das poltronas em busca de teias.
Vai que as aranhas de lá se cansaram de tanto comer restos de pipoca.