A dor transformada em amor: a incrível história da palhaça Fuzilla
Marcada na alma por traições e abandono, encontrou forças para se reerguer na fé e reconstruir a vida. Hoje, leva sorrido para quem mais precisa
Filha mais velha de uma família com quatro irmãos de pais separados, a palhaça Fuzilla (que preferiu não se identificar) teve uma adolescência conturbada. Aos 14 anos, namorava um engenheiro nove anos mais velho e ficaram noivos rapidamente. [O Código Civil não permite casamento a menores de 16 anos].
Planejaram se mudar para Brasília após o casamento, mas faltando apenas três horas para a cerimônia, descobriu que sua própria mãe e o noivo eram amantes. A relação com a mãe, que já era conflituosa, ficou ainda pior.

A tragédia no dia do casamento teve desdobramentos mais graves. Segundo Fuzilla, houve agressão física entre os envolvidos e ela acabou sendo apreendida na extinta Febemat (Fundação Estadual do Bem Estar do Menor).
Isolada, ela conta que os dias na instituição eram tristes, presenciando situações terríveis durante rebeliões que marcaram sua vida. Depois de um ano e seis meses fugiu pedindo caronas até chegar em Curitiba.
Reviravolta e traumas
Na cidade paranaense, conheceu uma senhora que a levou para trabalhar no interior de São Paulo. Ela tinha um filho que teria começado a assediar Fuzilla. Sem saída, decidiu sair da casa e passou a vagar por dois anos na cracolândia, sobrevivendo com comida encontrada no lixo enquanto tentava, sem sucesso, encontrar emprego.
Na cracolândia viveu o pesadelo do estupro. Ela e mais quatro mulheres foram atacadas por um grupo de homens. Somente Fuzilla sobreviveu às agressões e assim foi levada por uma assistente social ao hospital para cuidar dos ferimentos onde ficou 45 dias internada. Lá, ela descobriu que havia engravidado.
Por ser menor de idade, ela conta que a Justiça determinou que voltasse para Cuiabá, onde deveria morar com a mãe. “Novamente, os velhos conflitos vieram à tona e minha mãe conseguiu pegar a guarda da criança já que eu não tinha emprego e nem renda”.
Fuzilla conta que nunca usou drogas na cracolândia, no entanto, se afundou no álcool após perder a guarda do filho. Reencontrou um antigo vizinho com quem havia tido um breve relacionamento e passaram a morar juntos.
“Deus restaurou minha vida. Terminei meus estudos e me graduei em estética. Agora, vejo as pessoas nas ruas com olhos de amor e compreensão, reconhecendo que todos têm suas próprias histórias e desafios”

Reconstrução dos sonhos
Fuzilla está casada há mais de 30 anos. O companheiro a incentivou a estudar e construir a carreira como massoterapeuta, se formando em estética e cosmetologia . Com ele, foi mãe de novo e hoje sua filha tem 23 anos.
Ela conta que ora a Deus pela restauração do laço afetivo com o filho mais velho e que, com a morte da mãe, busca perdoá-la pelo passado.
“Não gostava de abraço e nem contato com as pessoas. Um dia pensei: tenho que transformar essa dor em amor. Eu levo essa alegria, o amor, o abraço, busco consolar as pessoas, fazer com que não se sintam como eu me sentia. Isso me deixa feliz. Sou duas em uma. A palhaça Fuzilla é onde eu esqueço minhas tristezas, a minha dor, e consigo olhar para a dor do outro”.

Fuzilla faz visitas em hospitais de Várzea Grande e Cuiabá, transformando as dores de sua própria história em uma fonte de alegria e doação ao próximo, dedicando-se a iluminar o dia de pacientes e suas famílias com seu talento e carinho.
Comentários (9)
Bom Dia Fuzilla e todas mulheres, parabéns pelo Show de Vida, que vocês nos oferecem sempre a cada dia. Façamos então como a Fuzilla, FUZILLEMOS OS PROBLEMAS DE NOSSAS VIDAS. Alegria, Alegria e Alegria, para cada um de nós.
Que linda história de superação, que Deus te fortaleça cada vez mais, e que realize os seus sonhos mais secretos.??
Parabéns Fuzila, você é uma vitoriosa.
Deus me deu a graça de conhece-lá pessoalmente uma mulher de fibra encantadora que ama levar a leveza do sorriso a quem tanto necessita por puro amor só próximo, feliz por saber que mais pessoas poderá compartilhar deste testemunho lindo de dor que transformou em fé amor e alegria Deus a abençoe grandemente!
A história dela é um exemplo poderoso de como a dor pode ser transformada em amor, e como as cicatrizes do passado podem ser curadas através da empatia e do serviço ao próximo.