A liberdade da mãe é um sopro...
Em Campo Grande, uma mãe precisou deixar uma peça de teatro porque o bebê estava "chorando", fato que teria incomodado a organização do evento
Quando digo que não posso que não “posso” ir a algum lugar devido às crianças, muita gente acha exagero. Também me julgam quando relato a aspereza de certos ambientes quando estamos com os apocalípticos (meus filhos). Ser mãe é perder o direito e ir e vir.

Na Constituição ele segue lá, garantido. Mas o cenário é outro quando a teoria vira realidade. Olhos revirados, comentários soltos no ar, julgamento. Um nada inocente “nossa, quanta energia!”, vindo de quem, na verdade, está dizendo “que criança terrível, hein”.
Isso quando velado, porque não são raras as vezes que é tudo explícito: não te queremos aqui. Criança chora, fala alto, corre, brinca, incomoda. Vejam só, incomoda uma sociedade que enfia a maternidade goela abaixo às mulheres. Contraditório, né?
Óbvio que existem locais não ideais aos pequenos. Porém, quando excluem filhos, excluem mães. E, acredite, muitas vezes aquela mulher gostaria de ter a paz de estar sozinha ali, mas isso não é opção. E, acredite mais ainda, uma mãe em sã consciência não vai arredar o pé de casa para ir a algum lugar que coloque o filho em risco.
Nesta quinta-feira (11) uma mãe precisou sair de uma sessão de teatro porque seu bebê de 9 meses ficou agitado. Antes de iniciar a peça ‘Todo redemoinho começa com um sopro’, ela enfrentou dificuldade em conseguir entrar no local e foi avisada que teria que se retirar caso o bebê, de nove meses, chorasse. (Leia o caso e todas as versões aqui).
Pode não ser a situação ideal. Pode de fato incomodar quem está presente, mas normalizar a presença de crianças é necessário para que mães sejam inseridas socialmente. Ou vamos nos isolar por 15 anos até que tenhamos aval para levarmos os filhos aos locais públicos?
Mães (e pais também) abdicam de muitas coisas quando chegam os filhos. Sono, descanso, mercado de trabalho, pessoas que simplesmente se afastam… A solidão bate doído. Costumo dizer que muito antes da pandemia mães já sabiam o que era isolamento social. Pesado? Sim. Porém, real. Tá aí situação como esta para demonstrar isso.
Quando vir uma criança em um ambiente teoricamente adulto, não julgue. Pense que aquela mulher precisa de um respiro e certamente a única opção foi ir com a cria. Contribua para um ambiente acolhedor.
Se você não tem filhos pequenos, vai ter muitas outras ocasiões para aproveitar, já aquela mãe, só está tentando espairecer, tomar fôlego para encarar mais um dia de maternidade. Mês das mães está aí e o que a gente quer está muito além de uma campanha bonita. Queremos respeito, pode ser?