Jaqueline Naujorks

A separação de Sandy e a nossa fé no casamento duradouro

Por que ficamos tão abalados com o divórcio do nosso casal perfeito?

A notícia da separação de Sandy e Lucas Lima caiu como uma bomba sobre uma geração inteira de millenials no Brasil: nós, que crescemos com ela, acompanhamos cada fase, desde a virgindade defendida com veemência até o relacionamento perfeito com o cara perfeito e a família perfeita, ficamos profundamente abalados com esse divórcio – e precisamos questionar o porquê. 

As meninas da geração Sandy, hoje têm seus 40 anos. Somos as filhas das mulheres libertadas pela legalidade do divórcio, a filha da mãe-solo abandonada, ou mesmo a filha de um casal harmonioso, que nos deu o exemplo de respeito na relação, subindo muito a régua do que devemos aceitar. Nós já sabemos que as histórias de amor perfeito só acontecem mesmo nos comerciais de margarina. Do lado de cá da realidade é puro esforço em fazer dar certo, o que nem sempre é o suficiente. 

O divórcio de Sandy e Lucas acabou com a nossa fé no casamento duradouro? Não. Nos mostrou que ninguém precisa manter um casamento infeliz por pura convenção social. 

Quantos casais você conhece que postam fotos, viajam, vão a churrascos e casamentos, convivem na igreja, no bar, nas festas dos filhos, mas não têm um fiapo de amor entre si? Não se olham com admiração, não se tocam, não se elogiam. Apenas convivem, como autômatos, insistindo numa ideia de consertar eternamente o casamento que já ruiu há muito tempo. O buraco numa represa, tapado com um band-aid. 

Essa ideia de manter o casamento de todo jeito, perdoando coisas imperdoáveis, aceitando o que não concorda, violentando o emocional do indivíduo, é tortura em doses homeopáticas. Quantas pessoas viveram e morreram sem conhecer qualquer grau de felicidade na vida adulta, presas a relacionamentos que odiavam? Quantos seres apagados você conhece, vivendo de aparências, escolhendo todos os dias o vazio abissal de uma vida morna? 

Ao mesmo tempo, quantos casais você conhece que tomaram a atitude de se separar, e conheceram o amor verdadeiro só depois? Quantos novos amores aconteceram, quantos filhos vieram de outros casamentos, quantas experiências, viagens, erros, histórias para contar, quanta vida elas encontraram ao escolher sair do falso comercial de margarina? 

Sandy e Lucas Lima casando
Sandy e Lucas Lima anunciaram fim do casamento. (Foto: Reprodução)

Amor morre. Essa é a pílula mais difícil da sociedade engolir. As pessoas mudam, amadurecem, os valores se modificam e o amor, que ficou lá num canto da casa, jogado feito uma mobília qualquer, vai virando sucata. Manter o amor vivo exige um enorme esforço dos dois: é adaptação, concessão, partilha e paciência. É entender que o sentimento é alquimia pura, ele vai se modificar, vai virar outra coisa. Não há paixão que seja paixão para sempre. Todo mundo que já casou sabe disso, e os dispostos duram tempo suficiente para um testemunho de amor real, de vida real, possível a todos os mortais (e fora da Disney).  

Se todos os casais se separassem com respeito antes da traição, antes da mágoa, antes da briga, antes do imperdoável, teríamos muito menos pessoas adoecidas no mundo. Um coração partido pode estragar a existência de alguém. Faz bem normalizar que casais perfeitos como Sandy e Lucas, sejam também perfeitos como amigos, partilhando a educação do filho, que será um adulto fortalecido emocionalmente por pais conscientes e maduros. 

Faz bem normalizar que a liberdade fora de um casamento falido, pode ser o fôlego de vida que precisamos para fazer valer nosso tempo na Terra. Existe vida fora do casamento e das convenções sociais, é simplesmente libertador dar esse passo. Você vai perceber que o poder de mudar muitos caminhos, está na sua escolha de não ficar sentada no meio da estrada apenas esperando a morte chegar.  

O amor não precisa ser romântico para ser bonito. Ele só precisa ser amor.

A gente precisa se acostumar com a ideia de que vai ficar tudo bem. Se vai ser amizade, se vai ser recomeço, se novas paixões vão surgir, se todo mundo vai se esquecer, se a solitude será sua escolha, se você vai viver em função dos filhos, se vai viajar o mundo, se vai cair na balada, se vai viver só por você, seja qual for sua escolha, vai ficar tudo bem. Tudo é caminho, tudo é chance de aprendizado.

No final dessa história vamos todos embora, e eu te garanto: Você vai se agradecer por cada vez que escolheu ser feliz ao invés de agradar ao público. 

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Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Não Sou Obrigada, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

Comentários (7)

  • Beti

    Casamento é outra coisa, casamento é doação ao outro se nao existir de ambas as partes é so egoísmo! Ai já começa falido com tempo determinado ao fracasso!

  • Eunice

    Verdade , concordo plenamente

  • Sonia Regina

    Esse casamento já começou falido. O Lucas só infernizou a Sandy desde que casou. Egoísta, narcisista, imaturo. Era questão de tempo mesmo

  • Sérgio Fernandes Ribeiro

    Casamento não é só união de duas pessoas. É respeito mútuo, é felicidade, é um ligação com Deus. Quando casamos, fazemos um compromisso com o outro e com Deus, que deve cumprido na íntegra. Estar disposto a ter filhos e cria-los conforme a lei de Deus. Um viver o outro.

  • José Carlos

    Casamento de verdade é o meu e de minha esposa. Todos os dias, ou quase sempre passeamos por dificuldades financeiras. Muito tempo comendo ovo, salsicha e linguiça, juntos com nossos filhos. E se tivermos que passar o resto de nossas vidas, levando essa vida, vamos nos amar sempre. Pois o verdadeiro amor é desse jeitinho mesmo. Amor de mentirinhas não dura muito tempo.

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