A vida adulta e o fim do "eu te amo"

Quando foi a última vez que você disse um belo e sonoro "eu te amo" para outra pessoa?

Talvez a saudade tão falada por pais que já passaram há muito tempo pela primeira infância do filho seja da relação mais íntima e genuína que tiveram com alguém nessa vida.

Crianças amigas
(Foto: Reprodução)

Pensem comigo, com quem mais neste mundo você se relaciona como com seu pequeno? Quem você beija, abraça, aperta, cheira, diz: eu te amo muitas e muitas vezes por dia sem qualquer cerimônia?

Com quem mais você mantém tal grau de intimidade ao ponto de conseguir dizer que ama olhando nos olhos e sem sentir o receio que nos trava quando queremos expressar afeto por alguém?

Filhos pequenos são o ápice do amor declarado de forma límpida. Sem rodeios, sem vergonha, sem pensar. Quando a gente vê, já falou, já agarrou, já beijou.

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E aí conforme o tempo vai passando, eles vão crescendo, entendendo e não nos enxergando mais como único e total porto seguro. Com as fases, as dificuldades se transformam.

O excesso de colo vira ausência de toque. As histórias imaginárias e contadas repetidas vezes dão lugar ao silêncio, e quando percebemos já estamos estacionados numa relação em que a espontaneidade das palavras aparece só quando olhamos no retrovisor.

Bem, eu não tenho ainda filhos grandes, mas, além de mãe, sou filha e repassando o que lembro da infância fica evidente que crescer traz inúmeros benefícios, mas também naturalmente nos endurece e distancia.

Quando foi, por exemplo, que você disse (ou ouviu) ‘eu te amo’ para seus pais?

Aliás, quando foi a última vez que você disse um belo e sonoro “eu te amo” para outra pessoa? A adultice tem dessas, né? De fazer a gente pensar que as coisas já estão implícitas e não precisamos verbalizar ou demonstrar nada de maneira óbvia.

E aí os muros ou abismos vão sendo construídos.

Então, assim como nos dizem ‘aproveita pra dormir agora’ quando estamos grávidas, bora aproveitar essa troca de afeto sem titubeio porque, assim como o sono, infelizmente, a coragem e disponibilidade de demonstrar amor não se estocam.

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Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista E eu nem queria ser mãe, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

Comentários (1)

  • Antônio Cavalcante de Souza

    Aqui em casa Eu e Minha Esposa Fran Cabral estamos a 39 Anos Juntos e o Eu te Amo não esquecemos entre Casal e Também com Nossos Filhos e Neto, chamar de Eu te Amo é uma forma natural e carinhosa de demostrar que Somos queridos uns aos outros. Abraço.

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