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Amigos que a pescaria uniu dão apoio de ouro para Mair enfrentar câncer incurável

O professor aposentado Mair Valdovino Júnior, de 48 anos, conta com o apoio incondicional de um grupo de amigos para enfrentar câncer maligno e incurável

O diagnóstico de um câncer incurável fez Mair Valdovino Júnior, de 48 anos, enxergar que o afeto é aliado importante no tratamento. Entre uma quimioterapia e outra, ele tem o apoio incondicional de amigos fiéis, para manter a vontade de viver e seguir com a pescaria em dia. O hobby preferido dele, desde quando ele era moleque, já é quase terapia em grupo que ajuda Mair a encarar a doença.

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Mair é só alegria quando está pescando. (Foto: Arquivo Pessoal)

Era maio de 2020, em plena pandemia, quando Mair descobriu um tumor de aproximadamente 9 centímetros no fêmur. Ele foi diagnosticado com mieloma múltiplo, um tipo de câncer agressivo que atinge as células da medula óssea. É um câncer maligno e incurável, porém, tratável.

“Foi ali que começou a minha saga”, lembra Mair.

Tratamento fora de MS

Depois de 6 meses de quimioterapia em Campo Grande ele foi encaminhado para Jaú, no interior do estado de São Paulo, para ser submetido ao autotransplante de medula. No procedimento, o paciente recebe a aplicação das próprias células-tronco saudáveis, o que ajuda a manter o funcionamento normal da medula óssea.

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Mair e os amigos dele fazendo churrasco na beira do rio. (Foto: Arquivo Pessoal)

Foram 55 dias de internação, longe de casa, no auge da crise sanitária do novo coronavírus. Mas os desafios não pararam por aí. Depois de quatro meses, já em casa, veio a constatação de que o tratamento não surtia mais efeito.

“É uma tentativa, um tiro de canhão que pra mim deu certo por pouco tempo. Em seguida eu fiz manutenção com um medicamento, mais aí veio a toxicidade, o medicamento perdeu o efeito. Eu troquei a medicação, voltei a ser internado, foram quase 30 dias internado em Campo Grande, achei que não ia resistir, mas me recuperei. Depois eu iniciei uma outra medicação, ela durou um ano e quatro meses, mais daí ela perdeu o efeito de novo. Agora, eu estou tomando outra medicação e pedindo a Deus para que dê tudo certo enquanto eu continuo curtindo a minha vida.”

Mair Valdovino Júnior, aposentado.

Mair se viu obrigado a adaptar a rotina para conviver com a doença. Por conta do diagnóstico, teve direito à aposentadoria por incapacidade permanente depois de 20 anos dedicados à educação física.

O mieloma comprometeu parte da mobilidade de de Mair; ele caminha com auxílio de muleta e tem que se proteger, diariamente, contra qualquer tipo de infecção. O uso de máscaras e o distanciamento social são recomendáveis. As quimioterapias também são frequentes.

Apesar de todo esse contexto delicado, Mair conta que consegue manter uma boa qualidade de vida. Ele já não pode fazer tantas estripulias como antigamente, mas nem por issodá margem para o tédio.

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Mair e os amigos no pesqueiro de Carlos Sato. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Tudo que você puder imaginar no esporte, eu já fiz. Corrida, fui personal trainer, professor concursado em escola pública. Eu trabalhei 20 anos da minha vida de manhã, tarde e noite, sem parar. Já fiz outras coisas na vida, mas a educação física foi ao que eu mais me dediquei, porque era meu sonho de criança”.

Mair Valdovino Júnior, aposentado.

Mair tem consciência da gravidade do diagnóstico dele, mas nem por isso perdeu a vontade de viver.

“Esse câncer, provavelmente, vai ser a minha causa morte. Eu falo desta forma porque é a realidade. Não sei se daqui seis meses, um ano, dois, cinco, dez anos”.

Mair Valdovino Júnior, aposentado.

Amizade não faz conta de idade

Grande parte da disposição que Mair para seguir em frente vem do amor da família e dos amigos. Parceiros do peito como o aposentado Geraldo Camilo Orlando, de 80 anos.

A diferença de idade é um detalhe irrelevante diante de uma amizade daquelas que valem ouro.

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Mair e Geraldo, vizinho que virou parceiro de pescaria. (Foto: Arquivo Pessoal)

Mair sempre foi amigo dos filhos do aposentado, mas logo o carinho se estendeu para o restante da família.

“Fiquei amigo primeiro de um dos filhos dele, o Ricardo, que é um dos melhores amigos que eu tenho, um dos grandes da minha vida, um grande irmão. Com o tempo eu fui me aproximando dos outros filhos e também do Geraldo, da esposa dele. Hoje eu brinco com o filho dele que o Geraldo é mais meu brother do que ele”

Mair Valdovino Júnior, aposentado.

Mair e Geraldo são vizinhos, parceiros de conversas e da boa e velha pescaria, o hobbie que Mair adora desde a infãncia.

“Tudo que o Geraldão vai fazer na casa dele ele me chama. Aniversário de alguém, uma pizza à noite. Ele nunca esquece do amigo aqui. E toda vez que eu vou pescar, eu também aviso ele. A gente vai, pesca o dia inteiro, se diverte, volta de noite. Se pegou o peixe, bom. Se não pegou, não tem problema. O Geraldo tem os seus 84 anos, mas é mais e disposto que muita gente além de ser um baita amigo”.

Mair Valdovino Júnior, aposentado.

Geraldo também não deixa de retribuir ao carinho do amigo.

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Mair e os companheiro de pescaria dele. (Foto: Arquivo Pessoal)

“A gente se considera porque ele é muito boa gente, nos conhecemos há muito tempo e eu vi ele amadurecendo junto com os meus filhos.”

Geraldo Camilo Orlando, aposentado.

Geraldo ainda cita os outros amigos que sempre estiveram ao lado de Mair e que assim como ele, dão forças para seguir em frente.

“As amizades são sempre importantes em qualquer situação, ainda mais nessa. O pessoal está sempre torcendo e eu acredito que ele (Mair) está indo muito bem. Ele é muito disciplinado”

Geraldo Camilo Orlando, aposentado.

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Entre os amigos de longa data de Mair está o empresário Carlos Sato, de 69 anos. Só de amizade lá se vão pelo menos 30 anos, conta. O pesqueiro dele é um dos locais onde a turma se reúne para sentar na beira do rio Aquidauana, jogar conversa fora e fisgar um peixe.

Só de ouvir as palavras de Carlos, dá para ter uma noção da sorte que é ter um amigo como ele.

“O Mair tem um coração do tamanho do mundo, pensa num cara porreta e de autoestima, positivo. O cara é incrível, é sempre alegre, então, é uma boa referência. Ele nunca está de cabeça baixa, nunca está”.

Carlos Sato, empresário.

Nem a quimioterapia é capaz de parar o Mair, observa o empresário.

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Mair e Carlos Sato, dono do pesqueiro que é a “segunda casa” do Mair. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Esses tempos ele fez a quimioterapia numa quarta-feira, na quinta ele já veio pescar. Ficou até a sexta pescando. Ele é um parceirão, chega aqui e a gente pesca, conversa, fala da vida dos outros, os outros falam da gente também. Então, pensa num parceiro divertido é o Mair. Sempre têm uns amigos nossos juntos e aí fica melhor ainda. Como ele sempre fala: Sato o pesqueiro é a minha segunda casa. Eu considero demais isso”.

Carlos Sato, empresário.

Carlos lembra que assim que ficou sabendo do diagnóstico de Mair, se reuniu com outros amigos para tentar ajudá-lo de alguma forma. Organizaram rifa e até evento, para bancar os custos do tratamento complexo. Essa rede de apoio segue intacta.

“E nós continuamos em pé e às ordens para a hora que ele precisar, tomara que não precise, mas se precisar estamos aqui para ajudar meu grande amigo”.

 Carlos Sato, empresário.

Outro companheiro de pescaria fiel de Mair é o policial militar Valdeci Batista da Rocha, o “Rochinha”. Os dois se conhecem há mais de uma década.

“Eu aprendi a gostar, a ter paixão por pescaria com ele. A gente tenta pescar pelo menos uma vez no mês, porque tenho trabalho, as vezes a escala de trabalho não permite, mas se a gente pudesse pescava todo final de semana”.

Valdeci Batista da Rocha, policial militar.
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Mair e o Rocha, companheiro de pescaria dele. (Foto: Arquivo Pessoal)

Rocha conta que o diagnóstico de Mair tambem foi impactante para a família dele. Passado o susto veio a certeza de que o amigo precisava do máximo de apoio para enfrentar o câncer.

“Foi um baque para mim, para minha esposa, para o meu filho. Foi difícil. Mas daí a amizade só se fortaleceu. Mesmo que não estejamos perto sempre eu sempre ligo para ele, mando bom dia cedo, a gente conversa, quando da eu passo na casa dele para um tereré. Se faço um churrasco, chamo ele. Ai no decorrer dessa amizade eu conheci a mãe dele, ajudamos a cuidar do pai dele que faleceu de Alzheimer. Conheci a irmã dele que mora em Rio Verde”.

Valdeci Batista da Rocha, policial militar.
Mair curtindo pescaria no rio Aquidauana. (Vídeo: Arquivo Pessoal)

Mesmo diante do momento mais difícil da vida dele, Mair se revelou um exemplo para o amigo.

“É o que eu sempre falo, a força de vontade que ele tem de viver é muito grande. É fora do comum. A gente sempre acha que tem problemas demais, mas tem gente em situações muito mais difíceis que as nossas, enfrentando tudo com mais força de vontade, rompendo todas as barreiras”.

Valdeci Batista da Rocha, policial militar.

Toda essa admiração também é recíproca, ressalta Mair.

“Depois que eu descobri esse câncer que eu trato, parece que o número de amigos só aumentou essa corrente. E o maior apoio que eu tenho destes meus amigos é essa força moral, saber que eu tenho com quem contar”.

Mair Valdovino Júnior, aposentado.

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Comentários (8)

  • Cleunice Maria

    O Mair é uma pessoa que está sempre de bem com a vida e disposto a ajudar quem precisa. Desejo que Deus acrescente longos dias à vida dele para que ele possa continuar espalhando bom humor e fazendo o que mais gosta: pescar.

  • Brigida Aparecida da Silva Godoy

    Deus abençoe

  • Marcia Vaz

    O que dizer do meu querido companheiro de luta. ? Força e Fé nos move. Sem ela estamos nocauteados. Vamos lutando e vivendo!!! Papai do céu no comando. Abração, Mair!!!

  • Clicia

    Conheci uma aí através do grupo de apoio da Márcia Vaz, tenho um carinho imenso por ele, um ser humano do coração gigante, e ele merece muitas coisas boas na vida, e amigos de verdade fazem a diferença na nossa vida. Parabéns pelo documentário.

  • Ana Carla

    Mair tem um coração precioso! Amamos vc meu amigo❤️

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