Alfredo da Mota Menezes

Alfredo da Mota Menezes

Carnaval em Nova Orleans

Chega a quase um bilhão de dólares o que Nova Orleans ganha no carnaval ou mais de cinco bilhões de reais

O carnaval em Nova Orleans, que lá é chamado de Mardi Gras ou terça feira gorda, depois do Brasil, é o melhor carnaval do mundo, sem exagero.

Qual outro lugar o carnaval começa na sexta-feira e vai até no meio da manhã de quarta feira? A cidade inteira para nesses dias e só volta a trabalhar, como no Brasil, na quarta feira depois do almoço.

Artigo carnaval

O que se compara com o nosso carnaval é o espírito, o clima especial que a cidade vive naqueles dias. É só naquela cidade, não é no estado da Louisiana ou no país. A cidade, que morei por seis anos, é considerada a Meca da música, da comida e da gandaia nos EUA.

A cidade recebe cerca de 20 milhões de turistas por ano. No carnaval sozinho pode chegar a 1.5 milhões de turistas, mais ou menos o mesmo número esperado este ano para o Rio de Janeiro.

Chega a quase um bilhão de dólares o que Nova Orleans ganha no carnaval ou mais de cinco bilhões de reais. Maior que o orçamento de Cuiabá em 2023.

O que encabula é como tem gentes daqui comprando apartamento em Miami ou indo passar não sei quanto tempo nessa cidade. O que diabos têm Miami? Alguém vai sair das praias brasileiras para ir às de Miami? Que comida própria ali tem? E música? Sair do Brasil para encontrar latinos em Miami?

Fazer compras? Em Nova Orleans tem tudo que Miami tem para comprar e, além disso, recebe-se de volta, no aeroporto, ao apresentar o recibo, o imposto pago nas compras. Miami tem isso?

Se tem notícia de carnaval em New Orleans desde 1730. A cidade, interessantemente, nasceu em 1718, mesmo ano da descoberta do ouro em Cuiabá. Tem blocos desfilando naquele carnaval desde 1872, como o famoso Rex. Os blocos não desfilam somente nos dias de carnaval, começam bem antes. Toda sexta feira à noite e sábados à tarde, durante semanas de janeiro e fevereiro, lá estão eles e também uma multidão de gente se divertindo.

Para o turista em Nova Orleans tudo termina no French Quarter. O enorme bairro boêmio à beira do Mississippi, com arquitetura colonial espanhola e francesa, com os melhores restaurantes e bares e onde nasceu o jazz.

Por que num país protestante e anglo-saxônico a coisa em Nova Orleans é diferente? O lugar pertenceu antes à Espanha e depois à França, como dito. Em 1803, os EUA compraram da França o estado da Louisiana, onde está Nova Orleans. Há, portanto, ligação com o catolicismo.

E, mostram estudos, há uma ligação histórica entre certos ritos e atos públicas da igreja e a festa pagã do carnaval, aqui e lá. Para melhorar o tempero, no caso de Nova Orleans, cerca de 60% da população da cidade é afrodescendente.

Na mistura de tudo isso nasceu o espírito de Nova Orleans que, insiste-se, tem a melhor música e comida dos EUA. Uma comida com base francesa (cajun), espanhola, caribenha e Louisiana creole. Se você quiser, tem até arroz com feijão. E tem gente que só pensa em Miami.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Alfredo da Mota Menezes , e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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