Comunicação sem preconceito

É preciso nos atentar à forma como nos comunicamos para não perpetuar diferentes tipos de discriminação

Muito do que falamos ou escrevemos é o retrato daquilo que aprendemos ao longo da vida. Expressamos pela fala o resultado de nossas experiências e também daquilo que vivenciamos nos ambientes por onde passamos.

Há situações em que, mesmo sem perceber, perpetuamos estereótipos e preconceitos por meio da comunicação. Como já escrevi anteriormente nesta coluna, os tempos mudaram e práticas que antes eram aceitáveis, hoje em dia não são mais. Concorde você ou não com isso!

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Ilustração: reprodução da internet

É importante provocar essa reflexão sobre o que comunicamos. Não se pode achar normal desqualificar, ridicularizar, diminuir alguém em função de raça, gênero, orientação sexual, idade, deficiência, cultura, religião ou local de nascimento.

É preciso que haja estímulo à comunicação sem preconceitos, pois as pessoas precisam ser respeitadas em sua individualidade. Por isso, algumas palavras e expressões devem ser evitadas por causa do sentido discriminatório que carregam.

Abaixo estão alguns tipos de preconceito que devem ser combatidos na comunicação:

Etarismo

Quando alguém é discriminado por causa da idade está sendo vítima de etarismo. Apesar de esse preconceito também afetar pessoas jovens, é muito mais comum contra idosos. A discriminação ocorre de diversas formas, como quando desconsideramos a opinião de alguém somente por ela ser idosa.

Na comunicação, é preciso abolir expressões como:

“Você não tem mais idade para isso”

“Ele não entende mais disso, está velho!”

Capacitismo

É a discriminação e opressão contra pessoa com deficiência. Uma das formas de combater essa prática é não usar palavras e expressões pejorativas.

Algumas vezes, por desinformação, até mesmo o que alguns consideram elogio pode ser um comentário capacitista. Quando alguém diz “Você é tão inteligente, nem parece deficiente!”, indiretamente está dizendo que inteligência e deficiência são características antagônicas.

Palavras ofensivas como “retardado” ou “aleijado” devem ser banidas, assim como expressões preconceituosas, como “dar uma de joão-sem-braço” e “fingir demência”.

✅ Releia aqui a coluna Comunicação que Inclui.

Machismo

Reproduzir frases que diminuem o valor da mulher contribui para perpetuar a discriminação. Há quem acredite que são falas inocentes ou que são “de brincadeira”. Mas quando paramos para analisar o sentido delas, fica evidente o teor preconceituoso por trás de muita coisa que ouvimos sobre as mulheres.

✅ Veja aqui 10 falas preconceituosas contra mulheres.

E não são só as expressões usadas na fala. O hábito de interromper mulheres enquanto elas falam ou falar por cima durante uma conversa ou apresentação, geralmente no ambiente profissional, também é um tipo de discriminação.

O termo manterrupting surgiu em 2015, após uma empresa americana de pesquisa, a Kelton Global, divulgar o resultado de um estudo que mostrou que as mulheres eram muito mais propensas a serem interrompidas em reuniões de trabalho do que os homens.

Xenofobia

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) define a xenofobia como sentimento de aversão, desconfiança, medo, antipatia, rejeição em relação ao estrangeiro, ao que vem de outro país, ao que vem de fora.

Isso vale também para pessoas do mesmo país, mas que vêm de outra região e que, geralmente, têm sotaque diferente. O sentimento de xenofobia se manifesta em atitudes discriminatórias, que podem ser agressões verbais e psicológicas contra migrantes.

Usar apelidos ofensivos aos estrangeiros ou quem vem de outra região, tratá-lo de forma diferente, é um comportamento xenófobo que precisa ser combatido.

Homofobia

Discriminar uma pessoa por causa de sua orientação sexual pode ser configurado crime. E essa discriminação pode ser manifestada na forma de piadas, apelidos ofensivos e xingamentos.

Para combater a intolerância, é preciso também eliminar da comunicação frases homofóbicas, como:

– “Vira homem!”

– ”Você não parece gay”

– “Quando você virou gay?”

De acordo com a equipe da Gerência de Diversidade e Inclusão Social e pessoas da comunidade LGBTI+, a orientação sexual não é escolhida. Ninguém aprende a ser, ela é intrínseca ao ser humano.

Racismo

Não devemos usar expressões que associam algo negativo ou ruim ao negro, como: denegrir, lista negra, mercado negro, ‘a coisa tá preta’. Ações para combater o racismo devem incluir também a mudança na linguagem que usamos no nosso cotidiano.

Comunicação sem racismo foi tema recente desta coluna. Aqui você pode acessar e conferir a lista com mais expressões preconceituosas que devem ser evitadas e como substitui-las por outras adequadas.

Leia mais

  1. Evite essas 5 práticas na comunicação

  2. As palavras têm poder – isso pode ser bom ou ruim

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Comunicação de primeira, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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