Deus me livre de morrer!
Medo da morte e do esquecimento passam a fazer parte da rotina quando a maternidade chega
Dez entre dez mães têm esse medo. Eu sei, na real, basicamente todo ser humano o tem em alguma escala, mas mães de filhos pequenos vão além.
Isso porque não só não veremos os filhos crescerem, como eles não se lembrarão de nós. Parto do pressuposto de que não tenho mais do que vaga lembrança dos meus seis, sete anos pra baixo.

Aliás, a infância nada mais é que um emaranhado de lembranças que não sabemos bem quando ocorreram, como se o cérebro não fosse capaz de categorizar por ano, seguir uma linha cronológica. É como se apenas enfiasse tudo que é bom numa grande caixa com remetente da época de criança.
Aliás (mais ainda), dia desses, ouvindo um podcast em que a psicanalista Ana Suy foi convidada, fiquei com um triplex alugado na cabeça. Ela, autora de vários best-sellers, disse que cada livro é único, no sentido literal da palavra, porque cada um lerá uma versão diferente tendo como base as próprias vivências, contextos…
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Então, mais do que a percepção de uma história, a vida em si é uma versão nossa, com base na realidade. Puxando na memória, me lembrei também da música de 2013 da Clarice Falcão em parceria com o cantor Silva.
Ambos contam as memórias de um casal, de quando se conheceram, mas, embora estejam falando do mesmo dia, até as datas que citam não batem. Cada um tem sua versão daquele encontro.
Mas do que eu estava falando no começo do texto mesmo?
Ah tá!
A vida é o que a gente lembra dela.