Dia dos Avós: dona Adelaide conta segredo para chegar aos 97 anos com saúde e alegria
Moradora de Cuiabá, Adelaide tem 5 filhos, é avó de 13 netos e tem 22 bisnetos. O segredo? Chás naturais e muito trabalho
No dia em que o Brasil celebra o Dia dos Avós, comemorado nesta quarta-feira (26), o Primeira Página conta a história de uma vovozinha muito especial. Dona Adelaide Arruda, 97 anos, é uma legítima pantaneira, mãe de 5 filhos, avó de 13 netos e tem 22 bisnetos.
No auge dos seus 96 anos, ela está lúcida, com a saúde “em dia”, lembra-se das datas dos nascimentos de todos os filhos, e outras datas importantes como dia e ano em que os pais nasceram.
Adelaide nasceu na “beira” da Baía de Chacororé, município de Barão de Melgaço, a 121 km de Cuiabá. Aos 7 meses, a mãe dela se separou do marido, e a levou para a região conhecida como Piraim de Baixo e Baía do Dourado, no alto Pantanal, no município de Nossa Senhora do Livramento, a 42 km da Capital.
Por parte da mãe, não teve outros irmãos, foi sempre a mãe, o padrasto e ela. Bem por isso, sempre foi muito próxima da mãe. Com pouca idade, Adelaide precisou aprender a se virar e, em muitas situações, foi autodidata. Aprendeu as palavras, sozinha. Assim como aprendeu a costurar.
“Um dia, minha mãe me deu um tecido e disse – agora faça suas roupas”, contou ela. A rigidez da mãe não era entendida como agressão ou negligência, ao contrário, ela tinha ciência de que precisava ajudar a mãe, que trabalhava na roça com o padrasto.
Ela se lembra e fala com saudades da mãe, de quem ainda guarda o documento de identidade. E fala da mãe com muito orgulho.
De Piraim de Baixo, Adelaide só saiu casada e com filhos. Se mudou para Várzea Grande – região metropolitana de Cuiabá. No entanto, não ficou por muito tempo.
Depois de alguns anos de casamento, uma separação inevitável a fez pegar os filhos e deixar a casa onde morava com o marido. Ela foi viver de favor na casa de uma tia, no Centro de Cuiabá, até que pudesse se sustentar sozinha.
“Minha mãe me ensinou a não ter preguiça, a não roubar e não ter inveja. Então, quando decidi me separar, logo procurei trabalho e, dois dias depois que separei, já estava trabalhando”.
Trabalhou de cozinheira, de costureira e assim, garantiu a sobrevivência dela e a de seus filhos. “Teve um tempo em que meu marido pegou os meus filhos, achando que eu voltaria a morar com ele, mas não voltei”.
E ela trabalha até hoje. Faz capas e enchimentos de almofadas e, mesmo contando com o apoio dos filhos, ela não consegue ficar parada. Segundo ela, o segredo para a longevidade é trabalhar bastante.

“Quando você se sentir cansado, desanimado, dobre o serviço”, aconselhou ela.
Consciente das limitações que tem hoje, ela não recusa a ajuda dos filhos e diz que é obediente ao que eles pedem porque sabe que eles querem o melhor para ela.
Com o apoio dos filhos, ela viajou por vários lugares do Brasil, conheceu o mar, as Cataratas do Iguaçu (PR) e realizou muitos sonhos.
Fazer amizades também é um traço forte dela. Depois de morar no Centro, ela morou em vários bairros de Cuiabá, como Cidade Verde, Cai Cai (hoje Goiabeiras), Bairro Alvorada, 1º de Março e, atualmente, Jardim Imperial.
“Por onde passei, fiz muitas amizades. Até hoje tenho muitos amigos onde morei”.
Ahhhh e ela também gosta de criar versos e declamá-los… é um charme só!