É melhor não repetir

Na música ou na poesia, tudo bem usar redundância. Na linguagem formal, não!

Na nossa comunicação cotidiana, muitas vezes sem perceber, usamos duas ou mais palavras que têm o mesmo significado. Pode chamar isso de pleonasmo ou redundância. Para explicar de forma mais simples: é repetição nem necessidade.

Ninguém vai deixar de entender o que você quer dizer se, numa conversa informal, surgir algo como ‘subir pra cima’ ou ‘retroceder pra trás’. E há quem defenda que a redundância pode ajudar a reforçar uma ideia. Pode ser! Porém numa conversa mais formal ou na linguagem escrita, a repetição deve ser evitada.

Casos mais gritantes, como ‘descer pra baixo’ e ‘repetir de novo’, são mais fáceis de serem percebidos como repetição. Outras expressões, no entanto, não são tão evidentes assim. Alguns exemplos:

Se caso

Ou usamos ‘se’ ou ‘caso’.
✅‘Se você tiver dúvida, releia o manual’.
✅‘Caso você tenha dúvida, releia o manual’.
❌Nunca use ‘Se caso você tiver dúvida, releia o manual’.

Há … atrás

Use um ou outro. Não precisa usar os dois
✅Diga: ‘Eu comprei essa blusa dois anos atrás’.
✅Ou: ‘Eu comprei essa blusa há dois anos’.
❌Nunca: “Eu comprei essa blusa há dois anos atrás’.

Escolha opcional

Não existe escolha que não seja opcional.
Pela mesma lógica, as expressões abaixo também são redundantes:
manter o mesmo
preparar de antemão
primeira prioridade
fato real
encarar de frente
surpresa inesperada

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Raul Seixas compôs a canção ‘Eu nasci há 10 mil anos atrás’ (Foto: Reprodução)

Não gosto de falar em certo ou errado quando o assunto é comunicação. É possível se comunicar bem sem seguir todas as regras gramaticais. O que temos que observar é a adequação. Sendo assim, as situações formais exigem, sim, um cuidado maior com a linguagem padrão do Português.

Isso vale ao redigir um e-mail corporativo, relatório, textos em concurso ou processo seletivo de emprego e, claro, a temida redação do Enem.

O melhor mesmo é deixar as redundâncias para quem tem licença poética para usar esse recurso, como artistas e músicos. Raul Seixas, em 1976, compôs ‘Eu nasci há 10 mil anos atrás’. Para o nosso famoso Maluco Beleza, tá tudo bem eternizar esse pleonasmo.

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Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Comunicação de primeira, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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