Entrevista não é bicho de sete cabeças

É importante preparar-se bem para aproveitar da melhor forma a oportunidade de falar em um veículo de comunicação

Para o jornalista, a entrevista é a base de uma boa reportagem. Saber fazer perguntas é algo que precisa ser treinado por quem deseja ser um bom profissional do jornalismo. Para relatar os fatos ou contar boas histórias, o jornalista precisa recorrer a quem tem informação. E a entrevista é um dos caminhos para ter acesso a essa informação.

Cada profissional tem seus métodos para entrevistar. No livro Entrevista, o jornalista Carlos Tramontina descreveu o estilo que deu fama a profissionais como Marília Gabriela, Hebe Camargo e Jô Soares. Cada um com seu jeito peculiar de tirar informações de seus entrevistados e prender a atenção de quem os assistia na televisão. De pessoas comuns a celebridades, os convidados acabavam virando atração nos programas graças ao talento dos entrevistadores para tornar qualquer conversa interessante.

Para quem está do outro lado, quem é fonte de informação, dar entrevista é uma oportunidade de disseminar conhecimento, esclarecer fatos, defender seu ponto de vista.

Quem é especialista em um assunto, quem ocupa um cargo de liderança ou ganha notoriedade por algum motivo, pode ser convidado a dar entrevista. No caso de rádio e tv, o entrevistado precisa se comunicar bem, se expressar com clareza, usar uma linguagem acessível ao público em geral e ter uma boa dicção.

Como se preparar para uma entrevista

Quando a pessoa é convidada a dar uma entrevista, pressupõe-se que ela tenha conhecimento sobre o assunto. Isso é requisito básico! Se não tem segurança sobre isso, é melhor não aceitar o convite. Para se preparar adequadamente, também é preciso saber quanto tempo terá e se a entrevista será ao vivo ou gravada.

Uma entrevista pode ser produtiva com três minutos ou com 30 minutos de duração, isso não é o que mais influencia. Quanto menor o tempo, mais direta deve ser resposta (mas também não precisa exagerar e só responder com ‘sim’, ‘não’, ‘é’, ‘isso’ ou coisas assim). E mesmo em entrevista com tempo maior, é importante ter objetividade. Se for necessária uma introdução para situar a resposta, não fique com delongas.

Não fuja da pergunta, especialmente no caso de entrevista ao vivo. Comece sempre respondendo o que foi perguntado, depois acrescente informações que você achar relevantes. Nunca comece fazendo um preâmbulo para depois ir para a resposta. Você corre o risco de, no meio do preâmbulo, esquecer o que foi perguntado. E quem está ouvindo ou assistindo vai ficar com a sensação de que o entrevistado está fugindo do assunto, está enrolando e não quer responder. Isso gera antipatia e rejeição.

No caso de entrevista gravada para compor uma reportagem, lembre-se que o conteúdo vai passar pelas mãos de um editor, que vai selecionar os principais trechos da fala. Vá direto ao assunto, use frases curtas e palavras simples, de fácil compreensão. Evite frases longas e prolixas. Se a entrevista for para o público em geral, evite termos técnicos que são compreendidos somente por quem domina o assunto. Cacoetes e vícios de linguagem (exemplo: “né”, “cê tá entendendo?”, “tipo”, “então…”) também devem ser evitados.

Mesmo com a definição do assunto da entrevista, é possível que o repórter faça alguma pergunta que fuja do tema ou para a qual o entrevistado não tenha resposta. Nesse caso, o melhor é ser sincero, dizer que não tem aquela resposta, ou pelo menos não naquele momento. Jamais vá “no chute”.

Se a entrevista for para TV ou internet, cuidado com a postura e gestos. Lembre-se que a linguagem não-verbal também é uma forma de se comunicar (você pode reler a coluna sobre Linguagem Não-Verbal aqui). Prefira roupas e acessórios mais sóbrios, caso contrário eles podem chamar mais a atenção do que a mensagem falada.

Se surgir polêmica, use argumentos concretos, justificativas, números para explicar seu ponto de vista. Não tome a pergunta mais incisiva como ofensa pessoal. Em questionamentos mais difíceis, é preciso ainda mais calma. Se a pergunta não for clara, peça para o entrevistador repetir.

Lembre-se sempre: entrevista não pode ser discurso ou monólogo. Uma das situações mais irritantes para o entrevistador é quando o entrevistado resolve falar sozinho, não dá pausas para o entrevistador fazer perguntas, não consegue ser conciso ou objetivo nas respostas. Em um caso assim, a entrevista perde o caráter de “conversa com informação” e vira monólogo.

O importante é lembrar: quanto mais parecida com uma conversa for a entrevista, mais produtiva ela será. Não há uma fórmula mágica, mas as técnicas da boa comunicação ajudam a tornar uma entrevista interessante e que, de fato, atraia a atenção de quem a lê, ouve ou assiste.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Comunicação de primeira, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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