Escolinha não é depósito de criança… mas mães precisam trabalhar

Quem é que em sã consciência gosta de encarar os olhinhos dos filhos na adaptação escolar, fitando-nos, marejados, como quem diz “você vai me deixar aqui, mamãe?”.

Dia desses, vídeo de uma “guru” materna do Instagram viralizou. Nele, ela explicava que crianças abaixo dos três anos não precisam de escola! Ao longo da gravação, esmiuçava os motivos pelos quais os pais não deveriam submeter bebês às creches.

criancas
Crianças na escolinha (Foto: Reprodução)

Fato é que todo mundo sabe que crianças fora da idade obrigatória escolar não precisam necessariamente da escola.

É de conhecimento geral da nação materna que bebês não precisam ser “depositados” em creches e berçários, ninguém tem que ressaltar isso.

A questão é ir além no debate sobre o assunto, ao invés de lançar julgamento disfarçado de opinião que mais sobrecarrega mães que já estão no limite do que ajudam. Vamos furar a bolha da educação estritamente positiva de comercial de margarina?

Leia mais

  1. Só as mães são felizes?

Quem é que em sã consciência gosta de encarar os olhinhos dos filhos na adaptação escolar, fitando-nos, marejados, como quem diz “você vai me deixar aqui, mamãe?”.

São dias a fio enfrentando esse processo até os vencer pelo cansaço. É mexer na rotina. É enfrentar viroses, gripes e todas as “escolites” possíveis, tão comuns que emendam uma na outra e não acabam nunca.

Isso tudo com o bônus de não poder se ausentar do bendito trabalho para cuidar da cria doente porque, na esmagadora maioria das vezes, a introdução à escola é justamente para que os pais trabalhem fora. A cereja desse bolo é a culpa entrando em nossas veias em doses homeopáticas que é pra nunca acabar.

Então, veja bem, meu bem, no mundo ideal, os pais tinham que ter tempo de qualidade com seus pequenos.

No mundo ideal, os adultos responsáveis não precisariam se matar de trabalhar para dar uma infância minimamente digna aos seus rebentos. Teriam apoio governamental para criar seres humanos e não apenas os manter vivos.

No mundo ideal, pais sentariam no chão diariamente para brincar das mais lúdicas atividades, longe de telas e comidas açucaradas.

Mas no mundo real, sabe o que acontece? Mães sequer têm licença maternidade o suficiente para amamentar seus filhos por seis meses, conforme preconiza a OMS (Organização Mundial da Saúde).

No mundo real, pais se veem sem mínima rede de apoio e tentam suprir as necessidades emocionais dos filhos entre uma tarefa e outra, para não deixar os inúmeros pratos equilibrados caírem. No mundo real, não tem choro, não tem vela.

Na maioria absoluta dos casos, deixar bebês na escola não é questão de querer ou não. É simplesmente o que resta.

FALE COM O PP

Para falar com a redação do Primeira Página em Mato Grosso do Sul, mande uma mensagem pelo WhatsApp. Curta o nosso Facebook e nos siga no Instagram.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista E eu nem queria ser mãe, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

Comentários (2)

  • Bruna Pereira

    Hoje, após ler essa matéria vejo como é maravilhoso ter o privilégio de poder ficar em casa e cuidar do meu pequeno Samuel.
    Sei que muitas mães e pais, precisam sair para trazer o alimento em suas mesas e poder proporcionar o melhor para nossos pequenos.
    Mas devo dizer que muitas vezes sou julgado por ainda não ter colocado meu filho na creche, ele completou 3 anos a um mês, eu não vejo preço de colocar, tenho tempo de brincar e ensinar pequenas coisas para meu filho.
    Não entendo essa pressão das pessoas sobre isso.

  • Sonia

    É interessante como ha pressão em ambos os lados, sou formada, tenho vasta experiência profissional no ramo administrativo mas, também enfrento julgamentos por ter escolhido cuidar dos meus filhos. São 4, o mais velho hoje com 16 e a caçula com 6. Também sou grata por poder participar de cada faze, tenho a consciência de que terei adultos por um bom tempo mas, a infância é algo único, passa rápido e não volta nunca mais. Entendo as necessidades principalmente das mães solos, mas sou feliz e grata por não precisar trabalhar fora de casa, apesar da pressão sofrida.

Leia também em Comportamento!

  1. Por que ruas do Santa Amália têm nomes de aves? BQQ revela origem curiosa

    A reportagem especial mostra que a mudança começou ainda em 2001, quando...

  2. O tom de voz também comunica

    A sua maneira de se comunicar não depende somente do que você fala, mas...

  3. Lúcia Maggi, aos 93 anos, tem fortuna equivalente a cerca de R$ 5 bilhões. (Foto: Divulgação) Ela aparece na lista da Forbes de mais ricos do brasil

    Lista da Forbes 2025 tem só uma mato-grossense e ela tem R$ 5 bilhões

    A edição 2025 da tradicional lista de bilionários divulgada pela revista Forbes...

  4. Lei do Stalking: 4 anos combatendo perseguidores

    Como a perseguição que sofri ajudou a criar uma lei federal...

  5. Número de casas com internet ultrapassa o de TVs em MT, segundo IBGE

    Em Cuiabá, o número de pessoas com acesso a internet é maior...