Filho é folha em branco e pais não nascem sabendo escrever
Aos poucos, você vai ter a real dimensão do que é ser mãe/pai. Que vai muito além do cumprimento de um rito, de uma tradição, do ciclo que a sociedade nos cobra namorar/casar/ter filhos
Certo dia, em uma das minhas gestações, aguardando atendimento na maternidade para consulta de pré-natal, observei do outro lado do corredor, pais e mães andando com seus recém-nascidos.

O retrato é quase o mesmo: olheiras, cabelos bagunçados, braços que se movimentam de um lado para outro em busca de cessar aquele chorinho fininho de quem acabou de chegar nesse mundo. Ninguém conta, né?
Disseram que recém-nascido dorme 60% do tempo, só esqueceram de mencionar que isso ocorre de forma fracionada, entre fraldas, banho, mamadas e os ponteiros do relógio correm rápido demais para nos darmos conta de que os 60% já foram.
Leia mais
O dia da alta chega, você coloca aquela saída de maternidade que custou um rim, mas a roupinha passa batida em meio às mil recomendações médicas, teste do pezinho, vacina e alguém te lembra ‘daqui a uma semana o RN tem que passar por pediatra para ver o ganho de peso e se a icterícia passou’. Icterícia? Hã? É, ninguém te contou.
Aí você vai pro carro com a orientação de não parar para fazer foto por conta do medo que ficou de herança da pandemia e absolutamente nenhuma pessoa vai ver o look do seu baby.
Esse mesmo baby que tá esgoelando no bebê conforto. Cê chega em casa, abre a porta, senta no sofá e pensa ‘que que eu faço agora?’.
Eu te conto: não tem roteiro.
Existem os cuidados básicos com o bebê, mas a rotina vai aparecer aos poucos, assim como a sua sanidade que, por vezes, vai evaporar. Os dias vão passar, as olheiras e os cabelos vão seguir do mesmo jeito, mas o couro já vai estar um pouco mais surrado.
E, aos poucos, você vai ter a real dimensão do que é ser mãe/pai. Que vai muito além do cumprimento de um rito, de uma tradição, do ciclo que a sociedade nos cobra namorar/casar/ter filhos.
Você vai perceber que está criando outro ser humano. Do zero. Um verdadeiro livro em branco. Uma pessoa que vai ter sonhos, vontades, que vai fazer escolhas e ter uma vida. Como é que poderia ser uma missão fácil?
E te digo, quando o peso de tudo bater à sua porta, respire! Olhe pela janela, veja que, sim, é muita responsabilidade, mas também é o que vai te trazer os mais memoráveis sorrisos, os maiores orgulhos e a mais dolorosa saudade.
Comentários (2)
Eu também passei por tudo isso. Hoje, astróloga, descobri no Mapa Astral Infantil um guia para conhecer melhor a criança e partilhar com ela os 6 primeiros anos. Ele é um Manual de instruções para lidar com esta pessoa que amamos tanto e conhecemos quase nada.
Ahhh! Que saudades de tudo isso!! Para mim foi tão gratificante ser mãe, que tirei de letra tudo isso! Como passa tao rapido!! Sinto falta deles pequenos!!