Jaqueline Naujorks

Gaslighting: não sou obrigada a acreditar que sou louca

“Você é louca” é uma frase que causa arrepios em qualquer mulher. Quando ela é dita, é sempre para desacreditar e invalidar um posicionamento feminino. Aposto contigo como o contexto sempre esse. Quer ver?

Gaslighting: Não sou obrigada a ser chamada de louca

Pegou o namorado mentindo? “Você é louca”.
Apontou a falha do colega na reunião? “Você tá louca”.
Descobriu a traição? “Você sempre foi louca”.
Cobrou a pensão do bebê? “Ela é louca”
Virou ex? “Minha ex é louca”.

A manipulação para desacreditar a mulher e alterar a sua percepção da realidade ganhou um nome diferentão, uma palavra em inglês: Gaslighting.
Lembra de um filme bem antigo, chamado “À meia-luz”? Então, o nome original desse filme de 1944 é “Gaslight” e fala sobre, adivinhe? Um homem que manipula sua mulher para ela acreditar que está enlouquecendo.

A fórmula do gaslighting tem uma dose de cada elemento tóxico dos relacionamentos. Acontece na sua casa, com a figura masculina patriarcal, acontece com seu namorado, seu marido, seu irmão, seu chefe, seu colega, seu vizinho, seu amigo de infância. Se uma mulher se posiciona de maneira assertiva e ergue sua voz para defender o próprio ponto de vista, das duas uma: ou será ouvida na base do grito, ou receberá um carimbo de descompensada.

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Particularmente – palavra de quem já foi chamada de louca incontáveis vezes – acho interessante o paradoxo que vem na caçamba desse comportamento: o cansaço. Vi essa semana o vídeo de uma psicóloga dizendo que o manipulador quer que você o combata para se sentir vencendo. Lá pelas tantas a mulher cansa e fica em silêncio só para evitar o desgaste. Então esse seria o momento de ser deixada em paz, não?
Não. Não há paz neste hemisfério do estereótipo.

É um comportamento universal:
Gaslighting é a palavra do ano de 2022 no dicionário norte-americano Merriam-Webster, segundo o G1. O título veio após um aumento de 1.740% nas buscas pelo termo no site do dicionário em 2022, em comparação com 2021. Surpreende você? Não, né?

Quando digo que a autoestima salva, é sobre isso. O manipulador busca alterar sua percepção da realidade para acreditar no que ele diz, para fazer o que ele quer. A única corda que você tem para sair desse poço é a autoestima. Quando você enxerga claramente quem é o tamanho do espaço que ocupa, ninguém consegue te fazer engolir uma única lorota sequer sobre si mesma.

Fundamentar argumentos, aprender a dizer não, firmar o pulso e não se intimidar com o grito são medidas simples para lidar com o gaslighting. Eu acrescentaria isso uma boa pasta de prints e a coragem necessária para, eventualmente, mandar o manipulador para aquele lugar. Lembre-se sempre que o narcisista não é um homem com um cérebro forte, ele é um menino com um emocional fraco. De nada!

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Não Sou Obrigada, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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