VÍDEO: Médico viraliza ao fazer desabafo em policlínica de MT

Viralizou nesta sexta-feira (21) um desabafo do médico Luiz Vagner Golembiouski, que atende pacientes com covid-19 em uma policlínica de Alta Floresta (800 km de Cuiabá).

Após horas de trabalho, sem ter conseguido almoçar, o profissional de saúde foi até a frente da policlínica e, em voz alta, deu um recado aos pacientes que aguardavam atendimento.

“Ninguém almoçou até agora. Por favor, tenham um pouco de paciência porque nós também estamos ferrados ali dentro. Ninguém pediu para aglomerar. Está todo mundo trabalhando ali, o dia inteiro. Agora vocês vão ter que ter paciência para esperar com calma, porque a gente já não sabe mais o que faz”.

O pedido foi filmado por pessoas que estavam no local, sem que ele tivesse percebido. Em um trecho, o médico pergunta se alguém tem sugestão de como acelerar os atendimentos, e deixa claro que todos estão exaustos e sem saber o que fazer.

Em outro momento ele afirma que não adianta ficar ligando para os ‘vereadores ou o prefeito, pois isto não daria rapidez’. Ao contrário, estaria gerando constrangimento à equipe que estaria cansada e ‘ferrada’ com o excesso de trabalho por conta do aumento no número de atendimentos a pacientes com sinais gripais [Influenza] e covid-19.

“Se vocês não colaborarem e não pararem de ficar ligando para vereador, ligando para prefeito, para os quintos dos infernos, a gente não vai conseguir dar o atendimento de qualidade. Desculpa eu ter que falar isso para quem não merece escutar, mas eu quero pedir para que todo mundo possa entender que vai demorar o atendimento”, desabafou o médico.

O aumento de casos de covid-19 e síndrome gripal e respiratória grave tem levado a população a procurar as unidades de saúde e, consequentemente, causando a superlotação.

Médico se explicou mais tarde

Após toda repercussão, o médico se pronunciou por meio de vídeos, esclarecendo a situação. Segundo ele, o fato aconteceu por conta de um paciente que estava proferindo palavras de baixo calão contra os funcionários da unidade.

“Naquele momento havia um paciente grave na enfermaria que eu estava terminando de fazer o atendimento e esse indivíduo estava gritando com todo mundo, quando acabei me exaltando, saindo na frente da policlínica para que ele pudesse parar. Não há sentido você chegar em uma unidade estupidamente cheia e gritar com os funcionários como se a culpa fosse nossa”.

O médico Luiz Vagner Golembiouski ainda explicou que o resultado da superlotação é um problema comportamental, sendo reflexo das festividades do fim de ano. Pontuando ainda que ele acredita que a situação vá piorar nos próximos dias.

“Quero deixar claro que aqui não tem ninguém brincando, todos estão trabalhando como sempre estivemos nesses dois anos de pandemia e agradecer a população que consegue compreender e entender tudo isso que está acontecendo”.

Restrições em Alta Floresta

Para tentar conter o avanço das doenças, o prefeito Valdemar Gamba publicou  nesta semana um novo decreto determinando o toque de recolher, entre 0h e 5h, e limitando a capacidade de atendimento de todos os estabelecimentos comerciais em 50%.

O mais recente boletim divulgado pela prefeitura aponta 220 casos ativos e 146 suspeitos. Dos 10 leitos de UTI disponíveis na cidade, quatro estão ocupados.

Bares, lanchonetes, restaurantes e congêneres também deverão adotar protocolo de contingência limitado a 50% da capacidade do local.

O decreto proíbe também atividades em casas de shows, espetáculos, boates, shows e congêneres. Música ao vivo em bares e restaurantes segue liberada, mas será vedada a cobrança de ingresso.