Medo de falar em público
Quais as razões e como superar o temor que aflige grande parte das pessoas
Respiração ofegante, taquicardia, suor persistente, sensação de paralisia… Parecem sinais de um problema sério de saúde, algo que põe a vida em risco. Mas são sinais de lalofobia ou glossofobia, nomes científicos para uma patologia que afeta grande parte da população: o medo de falar em público.
Essa aversão de falar na presença de outras pessoas, que pode atrapalhar a vida em muitos aspectos, já foi tema de várias pesquisas mundo afora. Em 2015, o jornal britânico Sunday Times fez um estudo com três mil entrevistados no Reino Unido. O resultado foi que o medo de falar em público apareceu à frente do medo de problemas financeiros, doenças e até mesmo da morte.
No Brasil, um estudo realizado no programa de Pós-graduação em Ciências Fonoaudiológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2018 revelou que mais da metade dos estudantes universitários (59,7%) relata que tem medo de falar em público. A pesquisa, feita com 1.124 estudantes, apontou ainda que esse medo independe de gênero, etnia e idade.
Por trás desse sentimento que aterroriza tantas pessoas, podem estar diversos motivos: a insegurança, o temor de errar, de ter um “branco”, o receio de ser analisado e julgado. Para combater esses males, algumas orientações básicas: estudar para ter domínio sobre o conteúdo, ensaiar, praticar, treinar (em frente do espelho, gravando no celular para poder assistir e avaliar) e não desanimar quando as coisas não saem totalmente como planejadas.
Além do medo dos olhares, das críticas e do julgamento, a fonoaudióloga Sonia Mazetto, que tem experiência no atendimento a pacientes com esse problema, afirma que a origem pode estar em questões mais profundas, como traumas na infância. Segundo ela, há casos em que somente exercícios de oratória não bastam e há a necessidade de processos terapêuticos, com técnicas de respiração. O ideal, segundo Mazetto, é identificar quais sintomas a pessoa tem quando pensa em falar em público e, a partir daí, definir quais os tratamentos mais indicados. “A consciência corporal, o conhecimento de anatomofisiologia fazem toda a diferença, mesmo em casos de timidez extrema. Isso porque uma respiração adequada pode estabilizar o pânico. É assim que a medicina chinesa trabalha: a respiração é a base de tudo”, explica a fonoaudióloga.
Seja qual for a intensidade do medo que você sinta, o importante é não deixar que ele seja maior que a vontade de aprimorar a comunicação. Falar bem é algo que aprendemos com o tempo, com a prática. Por isso, foco no objetivo! Se surgirem uns pingos de suor pelo corpo ou um pouco de tremor nas pernas, respire fundo, concentre-se e siga em frente. Cada vitória sobre o medo de falar em público é mais um passo na jornada rumo ao objetivo de se comunicar melhor.