Mimimi na comunicação ou respeito ao outro?
Não devemos minimizar o combate ao preconceito na nossa fala e escrita, pois 'a dor que não dói em mim pode doer no outro'
Quando o tema do combate aos preconceitos na comunicação surge, é comum ouvir opiniões de quem considera exagerada a preocupação em reavaliar a maneira de falar e escrever para evitar a perpetuação de alguns tipos de discriminação.

A forma como nos expressamos reflete uma combinação de nossas vivências, aprendizados e os ambientes pelos quais passamos ao longo da vida. Por isso, sem que percebamos, muitas vezes acabamos reforçando estereótipos e preconceitos através das palavras que escolhemos.
No entanto, para combater racismo, homofobia, etarismo, capacitismo, machismo, xenofobia e outras formas de discriminação, é imprescindível transformarmos a nossa comunicação. Isso pode significar eliminar ou substituir expressões que antes pareciam inofensivas ou apenas uma “brincadeira”, mas que hoje sabemos que têm o poder de ferir e marginalizar.
Já parou para pensar no peso de preconceito inserido em frases, como:
- “Você não tem mais idade para isso” (etarismo)
- “Você é tão inteligente, nem parece deficiente!” (capacitismo)
- “Ela é muito competente, apesar de ser mulher” (machismo)
- “O Brasil deveria se separar do Nordeste” (xenofobia)
- “Ele é um preto de alma branca” (racismo)
- “Quando você virou gay?” (homofobia)
Releia aqui a coluna sobre Comunicação sem Preconceito para ver outros exemplos de falas preconceituosas que devemos evitar.
Refletir sobre o que comunicamos é essencial. Não podemos mais tratar como normal o ato de desqualificar, ridicularizar ou diminuir alguém por conta de sua raça, gênero, orientação sexual, idade, deficiência, religião ou origem.
E para aqueles que dizem que tudo isso é apenas “mimimi”, repito aqui o que ouvi da psicóloga e consultora Gracieli Pizzatto, durante uma palestra: “mimimi é a dor que não dói em mim, mas que pode doer no outro.” Ela enfatiza a importância de respeitar a dor do outro, mesmo que ela não faça sentido para nós. Respeitar a dor alheia é um passo fundamental para construirmos uma comunicação mais empática e inclusiva.