Mulher empoderada fica pobre

O empoderamento é a maior causa de mulheres perdendo dinheiro no mundo. Elas estão perdendo carreiras, saindo de suas casas, abrindo mão de viagens e conquistas, deixando de comprar seu carro zero, seu apartamento, estão botando no lixo sua vida boa. E obviamente essa é a maior mentira que você vai ler hoje.

Usei esse título tosco só para trazer os haters até esse texto e fazer com que chegue a mais mulheres. Se você é um desses caras, muito obrigada, tenha um bom dia. Se você é mulher, vem cá que nós vamos conversar sobre o Dia do Chega.

Nesta coluna vamos falar sobre aquele evento canônico na vida de uma mulher, quando cai a gota d’água e ela diz “CHEGA”. Acho que esse momento deveria receber mais atenção nas narrativas de livros e filmes por aí, porque ele realmente é um divisor de águas. No instante em que o Chega acontece, existe um tipo refinadíssimo de alquimia que transforma a mágoa no mais potente combustível.

Conheço inúmeras mulheres que mudaram o curso da sua vida e trilharam um caminho de absoluto sucesso depois de furar a bolha do conto de fadas que nos contaram que seria nosso futuro: casar toda de branco com um homem amoroso e cuidador, para o qual você passaria o dia limpando e cozinhando, ele proveria o lar, você lhe daria filhos, e vocês envelheceriam sendo grandes companheiros. A maioria estava com o endereço errado na ficha quando o Universo mandou essa encomenda.

Veja, não estou falando especificamente sobre divórcio. Conheço mulheres que ultrapassaram a fronteira do Chega e estabeleceram com seus companheiros e companheiras um limite mais firme, se posicionaram, e isso lhes deu protagonismo suficiente para um caminhar mais focado em si. Mas para algumas, essa guinada realmente acontece depois de uma grande decepção no relacionamento, que nem sempre é o afetivo. Já vi Chega’s muito transformadores depois de um episódio com pais ou mães, irmãos, e toda sorte de parentes e amigos.

Quando eu digo que sou um produto do meu próprio discurso, é sobre isso. No meu Dia do Chega, fui muito humilhada. Estava começando em tudo, era jovem, pobre e crédula. Como dizia Cazuza, estava sobrevivendo da caridade de quem me detesta. Jamais esqueci daquilo e confesso que a carniça da mágoa que carreguei foi meu combustível durante anos. Lutei com paciência e calei a boca de um por um. E sinceramente? Não me arrependo um milímetro. Se não fosse esse ódio, quem sabe ainda não teríamos uma lei que protege mulheres de seus perseguidores na internet, e eu não teria me tornado uma voz nas redes sociais.

No dia em que você decide que sua jornada será um eterno “cala a boca” para quem te pisou, sua motivação passa a ser visceral, é ódio puro – e ódio, se for bem cozido, vira determinação.

Meu ponto é: quando você entende que empoderamento é apenas transformar sua história em uma narrativa sobre VOCÊ, os caminhos se abrem simplesmente porque você sabe para onde está indo. A direção correta é o “eu” e tudo fica mais claro, você aprende que pensar em si mesma não é egoísmo, é sobrevivência. Uma mulher fortalecida por si é uma mãe melhor, uma filha melhor, uma amiga melhor e se assim o desejar, uma esposa melhor porque será mais feliz.

O empoderamento empobrece a mulher de seus penduricalhos morais e emocionais, esse monte de sacos de chumbo que a gente carrega pela vida. Só nós sentimos completas quando conquistamos nossos próprios sonhos, especialmente os que ficaram adormecidos sob os escombros da vida adulta.

Deixe o Chega se instalar e confie no seu próprio amadurecimento. Quando sua vida ficar pobre de tudo o que te atrasa, o futuro será cheio de histórias incríveis para contar e inspirar outras caminhadas.

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