Não se enganem: um péssimo companheiro jamais será bom pai

Traições, situações vexatórias, agressão. Como é possível criar bem os filhos se a relação com a mãe deles é abusiva?

Esta semana a modelo Bruna Biancardi, que menos de um mês atrás teve uma filha com Neymar Jr, anunciou o rompimento com o jogador, chocando um total de zero pessoas.

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Neymar e Bruna anunciaram o fim do noivado após várias traições do atleta expostas na mídia, mesmo com ela grávida (Foto: Reprodução/Redes Sociais/Leo Dias)

Apesar no tom não surpreendente da notícia, a jovem de 30 anos aguentou (e muito) várias traições e exposições vexatórias durante toda a gestação, além da ausência do parceiro, que foi ser parça dos seus amigos, durante o puerpério. Resumo da ópera: mulher recém-parida e o cara festando.

Os comentários que li na internet e também ouvi nas rodas de conversa sempre reconheciam a irresponsabilidade afetiva do atleta, porém seguido por um “mas”.

As justificativas são muitas: desde um suposto golpe da barriga ao famoso “ela sabia que ele não prestava”, todos responsabilizando a mulher nas entrelinhas e, para além disso, ignorando solenemente que há uma criança na jogada. Menor esta que certamente está com o futuro financeiro garantido, contudo, e com a paternidade?

O cara expor a companheira durante um dos momentos mais delicados da vida de uma mulher não faz dele um péssimo pai? Caso mais drástico e que expõe as raízes dessa “passação de pano” que a sociedade insiste em perpetuar aos homens veio à tona no começo do segundo semestre deste ano.

Uma dupla de juíza e promotora da Vara da Infância do Rio de Janeiro viralizou após, numa audiência parental, dizer que o marido pode bater na esposa e mesmo assim ser um bom pai. O contexto era sobre as visitas que o genitor faria ao filho de três aninhos.

A mãe explicou que se sentia ameaçada ao deixar que o homem levasse a criança, pois, quando casados, era violento e depois de separados, ele a perseguia.

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Um homem pode ser péssimo companheiro e bom pai? (Foto: PublicDomainPictures/ Pixabay)

Diante do que foi narrado a juíza responsável pelo caso disse que a mulher pode “apanhar [do marido] e ele ser um excelente pai”.

A promotora completou dizendo que “a culpa [das agressões] é sempre dos dois, nunca de um só”. O caso ocorreu em 2020, mas veio os áudios foram divulgados no fim de julho deste ano.

Inclusive, dias depois, reportagem do Intercept que jogava luz sob o caso foi retirada do ar por ordem judicial daquela mesma vara.

Isso porque obviamente as falas caíram mal, mas, se a gente parar para pensar, quantas vezes estivemos no lugar desta juíza e promotora sustentando a máxima: é um péssimo marido, mas um bom pai?

E aí eu te pergunto: é possível um homem que desrespeita a companheira seja um bom pai àquele que ela gestou e pariu? Desde situações vexatórias a agressões físicas, talvez dentro do contexto em que fomos criadas, a resposta seja sim.

Num país em que mais de 100 mil crianças foram registradas sem o nome paterno em um ano, o cara que faz o mínimo é colocado num pedestal.

Quantos casos você conhece de homens eu traíram as esposas, as deixaram com os filhos pequenos para “formar” nova família e não são considerados pais ruins pelo simples fato de verem as crianças alguns dias no mês e pagar pensão?

Fato é que ainda há muito a caminhar… enquanto isso mulheres são despedaçadas pelos próprios companheiros e a relação segue respingando nos filhos, mesmo que não seja óbvio, visível. Portanto, para ser um bom pai definitivamente é necessário ser um bom parceiro, caso contrário a conta nunca vai fechar.

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Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista E eu nem queria ser mãe, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

Comentários (3)

  • Brigida godoy

    Ao ler a coluna e ver uma observação dos editores que essa opinião é só dela ,não fica a dúvida de que eles discordam que um péssimo companheiro também não será um bom pai?os editores deviam ser manter em silêncio, pois a coluna é dela e a opinião também é deve ser respeitada ,então posso concluir :os homens podem cometer deslizes inclusive quem opina sem ética com a coluna da colega de trabalho,será temor de serem processados e jogar a responsabilidade na profissional apenas?

  • Luiz Carlos de Almeida Gonçalves

    Não existe isso na mentalidade de uma criança, que se cria sem o pai,isso é horrível p criança, porque só fala-se dos dois adultos que geraram a criança, e já pararam p perguntar para a criança se ela aceita ser criada sem pai ,é muito difícil eu acho que p vc ter um ser zinho tão inofensivo tem que ter responsabilidade dos dois isso não é justo hj em dia fazer por fazer e na onde fica as falas de Deus de vc constituir uma família é tudo família e o alicerce da vida ou seja pai ,mãe e filhos…

  • Ana Cléa

    ?? excelente matéria, até porque os filhos são educados muito mais pelo exemplo que vêm, do que com palavras bonitas .

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