Não sou obrigada a depender de você
Toda vez que uma mulher diz que vive um relacionamento abusivo, alguém bota para fora a resposta que dança até pelas mentes mais abertas: se tá tão ruim, por que não termina?Não sem antes soltar um longo e profundo suspiro de cansaço, vamos conversar sobre isso.Você sabe qual é o grande cadeado que prende mulheres […]
Toda vez que uma mulher diz que vive um relacionamento abusivo, alguém bota para fora a resposta que dança até pelas mentes mais abertas: se tá tão ruim, por que não termina?
Não sem antes soltar um longo e profundo suspiro de cansaço, vamos conversar sobre isso.
Você sabe qual é o grande cadeado que prende mulheres em longos e infelizes casamentos?
Não, não é a dependência emocional.
É a dependência financeira.
Colocar toda vítima de relacionamento abusivo no mesmo balaio é um erro comumente cometido inclusive por quem consome todos os almanaques sobre o assunto. Para falar sobre o peso da dependência financeira, precisamos puxar o histórico dessa mulher desde a infância. Ela foi abandonada? Ela passou fome? Ela conhece a miséria? Ela sabe o peso de não ter com quem contar?
Nós podemos, e devemos, ir mais longe:
Ter alguém que te garanta a próxima refeição é muito mais poderoso do que simplesmente ter alguém para chamar de amor.
Sabe como é que isso funciona na cabeça de uma mãe? Um homem que coloca comida na mesa dos seus filhos do casamento anterior é uma bênção, não importa quão seco ele seja com você. Se ele é um péssimo marido mas é um pai razoável, a conta já está feita. Prioridade é o conforto da barriga cheia, do teto sem risco de despejo, da luz que não será cortada. Nesse contexto, como podemos falar em terminar um casamento falido quando isso significa abraçar o risco de passar necessidade?
Nenhuma mulher se casa pensando no dia que vai separar, ninguém faz essa conta quando o amor preenche as rotinas. Quando você se vê obrigada a parar de trabalhar, a interromper sua faculdade ou desistir dos seus planos profissionais para ser mãe, ninguém vai ter coragem de te falar sobre resguardo financeiro.
As mulheres da sua família te ensinaram o que as meninas precisavam saber quando elas foram educadas: limpar direito uma casa, como cuidar de uma criança, como economizar o dinheiro do marido e como se comportar para manter essa engrenagem funcionando. Agora me responda: alguma mulher da sua família te ensinou a ser empresária?
Para uma mulher, ter dinheiro suficiente para se sustentar não significa apenas a liberdade de ditar o rumo da sua vida: é a única maneira de escolher com quem vai se relacionar unicamente pelo que a outra pessoa é, e não pela segurança que pode lhe proporcionar.
Nunca é tarde para começar. Nem toda mulher tem talento para empreender, justamente por não sermos culturalmente preparadas para esse papel, mas toda mulher pode fazer um curso online e aprender. Empreendedorismo não é a sua praia? Então faça um curso de qualificação, se desenvolva na sua área enquanto isso. Não estudou? Bora começar agora! Tem EJA, tem cursinho para Enem de graça na internet. Não quer estudar? Então comece a guardar um dinheirinho. Te garanto que assim que você começar a fazer algo pensando unicamente no SEU futuro, uma nesga da luz dessa liberdade vai fazer o resto do trabalho.
Ao contrário do que nos ensinaram, pensar apenas em você não é egoísmo.
Dentro de um avião, a orientação em caso de emergência é colocar a máscara de oxigênio primeiro em você para depois ajudar os outros. Faz sentido, não faz?
Dar um rumo na sua vida profissional é entrar no avião.
Dar um rumo na sua vida financeira é colocar a máscara de oxigênio pelo resto dos seus dias.