O amor é de mãe, mas ter um pet está bem longe da real maternidade
Amor é amor, responsa é responsa! E criar um bichinho definitivamente não tem nada a ver com criar um ser humano
Num domingo longínquo estávamos tomando café numa fazenda que disponibiliza o desjejum e libera o espaço para visitação por determinado valor. Em dado momento um casal parou ao meu lado com o cachorrinho deles no colo.

O bichinho estava visivelmente estressado naquele ambiente e minhas crias correndo de um lado pro outro e eu atrás. Ao ver a situação, o casal me fitou e acenou como quem diz “ah como dão trabalho esses filhos, né?”.
Eu, do alto das minhas olheiras construídas ao longo dos 48 meses sem dormir uma noite completa, dei um sorriso amarelo e segui meu caminho. Mas desde então não paro de pensar no quão distorcida é a comparação entre ser mãe de humano e de pet.
Claro, a raiz disso é o amor incondicional que cultivamos por eles e isso não tem contestação, é fato. No entanto, se torna um jogo perigoso quando elevamos o assunto ao patamar da responsabilidade.
Primeiro porque submetemos nossos bichinhos a situações estressantes na tentativa de humanizá-los. Segundo porque a linha tênue que divide tudo isso dá a falsa impressão de que criar bichinhos é semelhante a criar crianças e isso, meus amigos, é cilada total.
Você pode levar comidinha, água, troca de roupas para o seu animalzinho num passeio domingo de manhã. Pode dar festa de aniversário, pagar plano de saúde, levar para viajar.
Você pode colocá-lo no seu testamento, nomeá-lo funcionário de sua empresa e o que mais quiser, mas nada vai chegar perto da responsabilidade de criar outro ser humano. Ter um cachorro, um gato, um periquito, não vai te impedir de seguir o fluxo da sua vida normalmente.
Você vai continuar assistindo suas séries, fazendo suas viagens, saindo para tomar umas cervejas com seus amigos, dormindo noites completas de sono e acordando depois das 9h num feriado chuvoso.
Você não vai ter que cogitar deixar seu emprego por não conseguir pagar escola ou babá para deixar seu pet no período em que precisa se ausentar.
Não vai se ver isolado dos amigos, família e convivência social quando “parir” seu filho de quatro patas. Então, tome cuidado. Pode amar incondicionalmente, só não pode confundir as coisas, porque senão, na hora de ter o filho humano, o tombo será feio.
Você não vai passar por verdadeira inquisição sobre filhos quando tiver entrevista de emprego e, mais que isso, não ser expulso do mercado de trabalho por ter um bichinho recém-nascido em casa.
Entrando nesse assunto em específico, meses atrás li que uma empresa vai dar dias de “licença maternidade” aos funcionários que têm bichinho novo em casa.
A ideia é massa, mas olhando os comentários na postagem sobre o assunto, cheguei à conclusão de que as pessoas são completamente alheias à realidade materna.
Enquanto comemoravam a notícia, nada se falava dos 50% de mulheres que simplesmente são demitidas até dois anos após voltarem de licença maternidade, segundo apontou estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) feito com 257 mil mães em setembro de 2022.
Como pode uma licença para cuidar do filho de 4 patas ser considerada uma vitória quando metade das mulheres que voltam da licença-maternidade estão perdendo seus postos de trabalho simplesmente pelo fato de serem mães?
Não dá, gente, não dá. É preciso aprofundar. É preciso problematizar. É preciso enxergar o quão injusto é o sistema com quem pariu. E se você, “mãe/pai” de pet encara com naturalidade tudo isso, então, sinto lhe informar, mas nem no sentido figurado tu merece carregar esse título.
Comentários (1)
Matéria ridícula mãe e pai de pet merecem sim licença tanto qto mae/pai de criança sabe pq ?pq pet sente dor ,frio,fome,alegria,tristeza, depressão e muito outros sentimentos. Muito ridículo essa matéria se vier outra dessa vou excluir o Primeira Página do meu zap.