O poder da voz na comunicação

Muito além do som que produzimos ao nos comunicar, a voz pode transmitir emoções e gerar conexão

A voz é uma ferramenta muito poderosa de conexão entre pessoas. Uma das primeiras formas de comunicação do ser humano é pela voz. Mães sempre contam que só com um sussurro, muitas vezes, conseguem acalmar o choro de um filho bebê.

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O poder da voz na comunicação (Foto: Reprodução)

Ao longo da vida, vamos aprendendo a captar as mensagens passadas pela voz. Mesmo sem ver uma pessoa, apenas ouvindo o que ela diz, é possível identificar se está triste, alegre, nervosa, com medo ou com raiva.

Além de ser o instrumento mais usado pelo ser humano para se comunicar, nossa voz também serve para nos diferenciar dos outros, como um tipo de digital. A voz de alguém pode ser parecida, mas não é idêntica a outra. Nossa voz é única!

Qualidade da voz

Quando questionada se existe voz boa ou voz ruim, a fonoaudióloga Adriana Lima, especialista em Motricidade Orofacial e Aperfeiçoamento em Voz, explica que tudo depende do contexto e do interlocutor:

“A voz pode não ter uma qualidade tão boa, mas no ambiente familiar supre a necessidade. Porém, no ambiente de trabalho, talvez a voz pode não transmitir autoridade ou não gerar empatia em relação ao que a pessoa deseja em termos profissionais”.

Adriana Lima destaca que a comunicação pela voz é resultado de vários fatores, entre eles:

  • articulação das palavras (para que haja clareza ao falar);
  • ressonância (se a voz é mais abafada ou anasalada, por exemplo);
  • entonação.

De acordo com a fonoaudióloga, para transmitir alegria ou entusiasmo, geralmente a pessoa utiliza uma entonação de voz mais aguda. Mas se a intenção é transmitir autoridade, confiança ou chamar a atenção, a tendência é usar o tom mais grave.

É claro que não basta ter uma boa voz para se comunica bem. É preciso, antes de mais nada, ter conhecimento sobre o que está falando e também usar gestos e linguagem corporal adequados, aquilo que chamamos de comunicação não verbal.

Leia mais

  1. Comunicação não verbal

A voz no rádio

O primeiro veículo de comunicação de massa foi o rádio. No Brasil, a primeira transmissão radiofônica foi em 1822, no Rio de Janeiro. Ao longo das décadas seguintes, as pessoas se acostumaram a ouvir novelas, notícias… tudo pelas ondas do rádio. Nesse período de mais de um século, a locução radiofônica passou por transformações.

No princípio, os locutores eram bem formais. Impostavam e modulavam a voz grave para dar um ar de seriedade. Mesmo quem não viveu essa época, já deve ter ouvido a famosa voz do ‘Repórter Esso – testemunha ocular da história’.

Com o passar dos anos, a locução foi se tornando mais informal, para passar a sensação de conversa com o ouvinte. A tecnologia avançou, surgiu a TV e, décadas depois, a internet. E a voz continua sendo um instrumento importante para informar, entreter e fazer companhia para muitas pessoas.

Vozes que fazem sucesso no rádio em MT e MS

Em Campo Grande (MS), ele é reconhecido com frequência quando começa a falar. O locutor Edgar Scaff, da Morena FM, começou a atuar nos anos 80, convidado pelo proprietário de uma emissora de rádio.

“Quando eu comecei, era necessário ter uma voz vibrante, algo não muito exigido nos dias atuais”, ele lembra.

Para manter a saúde da voz, Edgar destaca a importância de ter acompanhamento profissional com um fonoaudiólogo(a), cuidar das cordas vocais, sendo prudente com o produto gelado. Outra dica do locutor é consumir gengibre e maça, “que fazem muito bem e deixam a voz clean”.

O radialista Marcos Schmitz, da Centro América FM (Cuiabá/MT) e Morena FM (Campo Grande/MS), conta que desde sua infância o rádio o encantava. Ele sempre prestava atenção na voz dos comerciais e aquilo despertava nele algo diferente.

Schmitz se recorda de quando um amigo de infância falou que ele tinha uma voz muito boa e propôs que gravassem sua voz. E assim foram criando e gravando comerciais em fitas cassete. Na escola, era constantemente convidado para leituras na classe.

“Cresci admirando tudo isso e virou a minha profissão”, relembra o locutor, que atua em rádio desde 1989.

Mariângela Prado é outro exemplo de profissional que começou muito jovem no rádio. Ela tinha apenas 12 anos de idade quando fez suas primeiras locuções na rádio comunitária que sua família implantou em Querência (MT). O empreendimento familiar não prosperou, mas a paixão da então menina pelo rádio só aumentou.

Anos depois Mariângela se mudou para Cuiabá, onde cursou Comunicação Social, com habilitação em Rádio e TV, na UFMT. Já são 26 anos de experiência em rádio, com passagens pelas principais emissoras da capital mato-grossense. Desde 2015 está na Centro América FM em Cuiabá (MT).

Adepta de um estilo de vida saudável, com prática de atividade física e alimentação balanceada, a comunicadora também prioriza dormir bem, pois acredita que ter um sono reparador influencia na qualidade da voz.

Sobre o impacto de seu trabalho na vida de outras pessoas, Mariângela afirma que em lojas e restaurantes já foi reconhecida pela voz e declara seu amor à profissão: “Sou muito feliz na locução. É maravilhoso ser reconhecida pela voz.”

Marcos Schmitz, Mariângela Prado e Edgar Scaff são comunicadores em emissoras de rádio

Voz marcante há mais de 40 anos

Figura conhecida da televisão mato-grossense há quatro décadas, o jornalista Elias Neto começou sua trajetória no rádio. Aos doze anos de idade, quando a voz deixou de ser de menino e ouvindo os comunicadores dos anos 60 e 70, ele percebeu que poderia ser um deles.

Elias conta que trabalhou com anúncios em carros de rua, quermesses, participava de atividades na igreja, fez teatro e até chegar ao rádio na cidade de Cáceres (MT).

“Corpo saudável, voz saudável!” Assim Elias Neto explica como cuida de seu principal instrumento de trabalho: “Cuido da minha voz não cometendo exageros, como consumir gelado em demasia. Evito bebida alcoólica, pratico esporte com regularidade para manter o fôlego e mantenho a prática de exercícios vocais antes de uma apresentação na televisão, rádio ou em público”, diz ele.

O jornalista confirma que recebe elogios e é reconhecido por sua voz grave e marcante. Elias diz que ouve comentários de que sua voz transmite credibilidade e confiabilidade, que é inconfundível.

Ele destaca que, para ser bem sucedido na comunicação, foi em busca de conhecimento, por meio da graduação em jornalismo, especialização e mestrado. Mas não tem dúvida de que a qualidade de sua voz é um diferencial para seu trabalho.

O jornalista Elias Neto iniciou a carreira de comunicador no rádio

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Comunicação de primeira, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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