O que NÃO dizer quando encontrar uma mãe que está de vale night
Mulheres são julgadas facilmente, mas mães, minha gente, mães são praticamente propriedade pública
Reestruturar a vida após a chegada dos filhos leva tempo, requer coragem, resiliência para a gente não se perder, se isolar. Enfrentamos questões com a forma física, a culpa, privações de sono, liberdade e por aí vai! Se um dia você esbarrar em uma mãe num vale night, acredite, aquela saída foi pensada e repensada, quase desistida.

Muito provavelmente pouco antes e logo em seguida de você vê-la, ela olhe mil vezes o celular para saber se os filhos estão bem sob cuidado alheio. O coração dela com certeza está minimamente apertado e a concentração é para focar em si, após tanto tempo se dedicando de corpo e alma somente às crianças.
O que essa mulher menos precisa é de alguém que reforce essa pressão sobre ela. Aqui, então, vão algumas dicas do que NÃO dizer quando ver uma mãe na balada, no bar, café ou qualquer lugar que simplesmente esteja se divertindo sem os filhos (mesmo que seja em tom de brincadeira):
- Nossa, mas com quem estão as crianças se você está aqui?
- Este não é um ambiente não é para um mãe de família!
- Essa roupa não está inadequada para quem tem filhos?
- Seu marido também está aqui, né?
- Quem te olha não acha que você tenha filho, não tá com cara de mãe!
- E amanhã cê vai dar conta de cuidar deles?
Pode parecer absurdo, mas, sim, acontece! Dia desses estava em uma festa com uma amiga que também é mãe. As crianças, claro, estavam sãs e salvas com a rede de apoio naquela noite.
Música, cerveja, festa! Estávamos felizes, curtindo uma breve liberdade, completamente cientes da nossa vida limitante, quando minha amiga foi servir mais cerveja, uma conhecida interpelou o garçom que já estava com a garrafa posicionada, “não serve o copo dela não, ela cuida de criança!”.
A nossa comemoração não acabou ali, o garçom, óbvio, sorriu amarelo e sequer respondeu, garantiu a nossa cervejinha gelada. Mas a gente parou naquele momento para refletir algo que todo santo dia lutamos contra.
Como pode alguém que não faz parte do nosso cotidiano materno, que não paga um pacote de fralda sequer, se sentir no direito de se intrometer assim tão abruptamente?
Mulheres são julgadas facilmente, mas mães, minha gente, mães são praticamente propriedade pública. A Era pós-filhos é repleta de:
Não vai emagrecer?
Não vai voltar a trabalhar?
Não vai desmamar?
Não vai voltar a se dedicar direito ao casamento?
Voltando ao cenário anterior, naquela ocasião nós estávamos com nossos maridos. Exatamente na mesma festa, na mesma mesa, tomando a mesma cerveja, ouvindo a mesma banda. Mas nenhum deles foi questionado sobre filhos. Nem mesmo um amistoso “como estão as crianças?” lhes foi dirigido.
Todos sabiam que ali estavam dois pais dedicados (leia-se funcionais como todos deveriam ser), cansados e visivelmente aliviados por terem um folguinha das crias. Quem poderia interromper o momento daqueles paizões? Pois é.
E a quem se pergunta como damos conta no dia seguinte, eu conto. A noite foi ótima, nos divertimos como nos tempos pré-maternidade.
Cada uma voltou para sua casa, vestiu a capa de mãe e cuidamos das nossas crianças, com a única diferença de que naquele dia o cansaço era um pouco maior: do tamanho de uma mãe que viveu por algumas horas para si… e só.
Comentários (1)
Realmente esse julgamento é cruel,a pessoa intrometida deveria não beber e se oferecer para cuidar das crianças, já que estava preocupada com o bem estar delas,não concorda ?