Por que eu ODEIO casamentos?
Mentira, eu amo casamentos. Só dei esse título para você vir até aqui ver o que poderia justificar essa marmota. #brinks
Não existe coisa mais maravilhosa nesse mundo do que festa de casamento.
Você estará num lugar para celebrar apenas o amor. Duas pessoas vão começar uma família e te convidaram para fazer parte desse momento, comemorar com eles, e você se arruma, se prepara, escolhe o presente, e se emociona com cada etapa desse ritual que a sociedade, por mais que se modernize, não quer – e não deve, por favor! – abandonar.

Por mais que você conheça o ritual todo, aposto que se arrepia quando as portas se abrem e aquela figura de branco aparece. A beleza da noiva, a mulher que vai caminhar lentamente até sua nova vida, mexe com alguma coisa muito ancestral na gente. Não há coração que resista ao instinto de abençoar, com todas as forças, aquele casal que está ali escolhendo caminhar juntos. Os olhos deles estão sempre cheios de amor, não há coração amargurado que resista a essa força. A energia do amor é poderosíssima.
Mesmo quem já viveu o casamento e tomou um tombo daqueles, não consegue evitar a alegria de casar alguém. Pessoa nenhuma chega na noiva na hora de cumprimentar e diz “Mulher, você tem noção do que está fazendo?” e se fizer, merece tomar uns tapas. Deixa o casamento do povo em paz. A pessoa que foi infeliz no casamento, especialmente, deseja que aquele casal não seja. Cada criatura divorciada dentro de uma igreja está intimamente rezando para que aquele casal querido jamais conheça o dissabor, que eles vençam a caminhada toda, que nunca haja motivo para que seus caminhos se separem.
Eu, particularmente, adoro casamentos. Apesar de não ter um marido hoje, o dia do meu casamento foi o mais feliz da minha vida. Nunca vou conseguir repetir: jamais terei novamente aqueles sonhos, aquelas esperanças, aquela fé no amor. Jamais poderei reunir aquelas pessoas amadas, porque muitas já partiram dessa vida. Guardo as fotos com todo o carinho, me recuso a transformar aquele dia numa lembrança ruim. Toda mulher que já cruzou um corredor rumo aos braços da pessoa amada, conhece o poder que esse momento tem. É um marco gigantesco na vida da gente. Ali, naquele momento, encapsulado no passado, eu fui feliz. E isso é tão precioso!
Casamentos são uma praia com farol nessa caminhada terrena, pela qual passamos tateando no escuro. Uma janela de alegria em meio ao caos da vida de cada um. Nos casamentos esquecemos a dor nos joelhos e vamos dançar nem que seja um flashback. Esquecemos o perrengue de grana e compramos o presente parcelado. Esquecemos as roupas puídas e gastamos o que não temos em trajes finos. Casais se admiram mutuamente na porta de casa. Pessoas que se encontram de uniforme, elogiam a beleza dos colegas enfatiotados em seus ternos domingueiros. Mulheres maquiadas, penteadas, em cima de seus saltos, tiram do armário o perfume caro para abraçar a noiva com a grandeza que ela merece.
Quando me casei, lembro de, num dado momento da festa, reparar em como minhas amigas estavam lindas. A moça do cerimonial me disse algo que jamais esqueci: mulheres se arrumam para a noiva. Essa mulher quer abençoar a amiga com o que tem de melhor. Ela quer sair nas fotos com um sorriso largo, emoldurado por uma bela maquiagem. Mulheres se arrumam para outras mulheres, e em seus casamentos, é como se fosse uma despedida: celebro a beleza da sua nova vida, com toda a beleza que há em mim.

Nos casamentos, nossos fracassos amorosos são esquecidos. Ali não há espaço para dor, especialmente dor de cotovelo. Fui a um casamento exatamente 4 semanas depois do meu divórcio, e me diverti como nunca. Naquele dia entendi que a roda da vida não pretendia parar de girar para eu lamber minhas feridas – uns se casam, outros se largam, e vida que segue. Foi naquela noite que decretei o fim do meu luto. Decidi que ele não combinava mais comigo, e juro, nunca mais o vesti.
Nos casamentos só há espaço para a alegria. Que outro momento na vida da gente é assim?
Naquele hiato entre as dores de ontem e as de amanhã, os brindes serão erguidos e os abraços serão dados. A tristeza fica suspensa, no ar, até o raiar do dia. O primeiro milagre de Jesus foi quando transformou água em vinho em um casamento, ou seja, se o próprio Cristo nos ensinou que devemos celebrar a alegria dos noivos, quem somos nós para não fazê-lo?
Toda vez que receber um convite de casamento, entregue a esses noivos toda a luz que existir em você. Celebre, brinde, sorria, deseje o que tem de mais lindo no mundo para aquelas pessoas que assumem juntas o desafio da convivência. Se um dia o amor não ocupar mais a casa deles, seja ombro, conselheiro, refúgio. Da maneira que for, dê o seu melhor.

Não vamos levar absolutamente nada dessa vida. No último momento, quando você estiver partindo desse mundo, o que vai te passar pela cabeça não é o saldo da sua conta bancária, é o saldo de felicidade que você sentiu. A bagagem que se leva para lá é só essa. Nesse lugar para onde todos nós estamos indo, ricos e pobres, vencedores e perdedores, gente amada e gente odiada, só vai contar o álbum de fotos da sua memória. Ninguém vai te perguntar o que deu certo e o que não deu na sua existência. Essa conta será acertada somente entre você e você.
Não há maneira mais linda de plantar felicidade do que dançando sobre os campos semeados pelo amor. Que a gente gaste mais tempo de vida brindando, comemorando, esquecendo as dores. Que essa existência seja um eterno casamento, onde aproveitamos cada minuto com nosso melhor sorriso, e quando a canseira bater, basta tirar o salto e continuar dançando. Que não nos falte energia e nem a capacidade de desejar mais felicidade ao outro, do que pra gente.
No final, quando o dia amanhecer, teremos mais sorrisos no mundo do que lágrimas, e isso já é o bastante. Nem que seja por um dia.