Presente que lidera o ranking não cabe no bolso de ninguém

Raro, escasso, que escorre entre os dedos e a gente vê ir embora em meio ao cotidiano louco que a adultice traz: o tempo.

Eu sei, estou um pouco atrasada no assunto. Dia das Crianças já passou e me trouxe uma reflexão: o presente mais caro a gente não consegue dar aos filhos, nem se for bem parceladinho e eu não tô falando de um iate (sacou o meme?).

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A soneca chegou e a brincadeira com a mamãe não! (Foto Arquivo Pessoal)

Raro, escasso, que escorre entre os dedos e a gente vê ir embora em meio ao cotidiano louco que a adultice traz: o tempo. Sim, meu caro leitor, esse item não tá nem na vitrine da loja mais cara.

Aposto que o quarto dos seus filhos, seja ele criança ou não, tem um monte de quinquilharia empoeirando, inclusive alguns ganhados na quinta-feira (12) já devem estar dentre os esquecidos/quebrados/largados de lado. Aqui em casa também é assim.

Brinquedos, ursos, carrinhos, bonecas, eletrônicos. Do didático ao mais fútil. Mas e o tal do tempo? Você tem conseguido dar aos seus rebentos?

Longe de mim medir com a mesma régua cada maternidade ou emitir juízo de valor ao que cada um consegue oferecer a eles, porém, fato é que entre uma compra e outra, a gente falha.

Cansados. Exaustos. Preocupados. Percebi nessa semana do saco cheio (bota cheio nisso) que a presença vale ouro. Maria acordou às 5h, pra variar, deitou ao meu lado com dois potinhos, desses de cozinha, e soltou “mamãe, vamos brincar?”.

Ela sem aula e eu só queria dormir um pouco mais. Dei uma enrolada e pescando muito, com os olhos entreabertos, a vi sentada ao meu lado aguardando meu despertar.

Cortou meu coração. Levantei depois de tentar prolongar o repouso um pouco. Seria um dia longo. Mas os olhinhos pidonchos dela falaram mais alto. Ela queria minha companhia naquele dia livre.

Fiz nosso café, sentei e fui assistir ao jornal. Ela comeu e tornou a pedir: mamãe, brinca comigo? Respondi que sim, depois que arrumasse a casa. Fui alternando entre aquela espiadela no celular e os afazeres do dia antes de ir pro trabalho, às 13h.

Varri, limpei, preparei o almoço com ela atrás de mim. Distraída entre uma brincadeira sozinha e outra. Mas sempre aguardando. Quando dei por mim, já era hora do banho.

Tomamos. Eu precisava começar a me arrumar. Almoçamos, deitamos na rede para ela não perder o horário habitual da soneca que faz na creche. Balanço daqui, balanço de lá e o soninho veio.

Com aquela cabecinha cheirosa no meu ombro suspirei e percebi que não brinquei. Nenhum um pouquinho. Por falta de tempo, mas também de paciência, de prioridade, de vontade mesmo.

A gente numa sangria desatada e ainda tem que dar atenção pra criança? Sim, temos. Eles não fazem ideia do que é a vida adulta, não têm culpa. Os brinquedos estavam ali. Só que era brincar com a mamãe que faria diferença.

Pequei. Me perdoo por saber que faz parte dessa nossa contemporaneidade a correria que, inclusive, um dia vai engolir Maria Cecília também quando adulta for. Só que não dá pra se perdoar sempre. Não pra sempre.

Mas em meio às pesquisas de preço, de mercado, de brinquedo, que saibamos… Por mais clichê que seja, o tempo é o mais valioso. Porque o pra sempre… sequer existe.

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Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista E eu nem queria ser mãe, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

Comentários (1)

  • Arivaldo Alves Pereira

    É verdade caro amigo jornalista,que corre atrás das noticias todos os momentos, para passar aos seus leitores…

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