Redes sociais e o toque de Midas das mães milionárias
Vendem tudo: do anúncio do teste de gravidez ao parto, do primeiro mesversário à festa de um ano, absolutamente tudo que tocam, puf, vira ouro!
Antes de qualquer coisa: este texto não é sobre julgar mães! É sobre a visão de uma mera mãe mortal que por muito tempo quase deixou a sanidade de lado para cair no conto da maternidade de rede social.

Pois bem, você, eu e o resto do país temos acompanhado uma crescente de blogueiras que, agora no papel de mãe, focaram no nicho materno. Uniram o útil ao agradável.
Vendem tudo: do anúncio do teste de gravidez ao parto, do primeiro mesversário à festa de um ano, absolutamente tudo que tocam, puf, vira ouro!
E, pelo amor da deusa, não estou dizendo aqui que elas estão imunes ao puerpério, mudanças no corpo, hormonais e no relacionamento. Não estou dizendo que elas não perdem amigos, não sentem culpa, não têm dificuldade em se encontrar sob a pele materna.
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Mas, sim, há lucro em cada milímetro exposto na Internet.
Na gravação da reação dos amigos à notícia em que posto à mesa está um refrigerante virado com o rótulo para a câmera. Num presente ao paizão na hora de contar que a família aumentou. Na encenação do positivo que já era certo, mas que precisava ser (re)confirmado para que a marca do teste também fosse exposta.
Lucrar com a Internet? Ok! É profissão do momento.
Mas como toda profissão, todo negócio, toda empresa, há de se ter responsabilidade comercial com aquilo que se vende. Neste caso, como uma eterna propaganda, ao mais puro estilo O Show de Truman, vende-se a vida. E aí que entra a responsabilidade.
Será mesmo que vale tudo na hora de influenciar? Induzir mães a contratar assessorias desnecessárias para serviços gratuitos, quando poderiam fornecer, de graça também, o caminho das pedras.
Dar a entender que a solução financeira para vida de uma pessoa que está com o emprego em jogo, devido à chegada da maternidade, é jogos de aposta que sequer são legalizados.
Retratar nas redes uma vida que humanamente é impossível de sustentar, e não digo somente no sentido financeiro da coisa.
Propagam o discurso do basta querer, saindo para malhar, viajando com os filhos, eternizando momentos, todos fragmentados na internet, claro, sem mostrar os bastidores repletos de rede de apoio paga: babás, empregadas, motoristas.
Ter uma realidade boa assim é pecado? Mais uma vez digo: de forma alguma! Mas vender isso como com o discursinho do “basta querer”, quando até as fraldas dos filhos geram grana é, no mínimo, vergonhoso.
Isso sem falar na máquina de fabricar dinheiro que se tornou a venda de cursos surreais que aproveitam da vulnerabilidade da mulher neste momento tão delicado para comercializar promessas, como fazer o bebê dormir 12 horas seguidas, por exemplo.
Poxa, induzir uma mãe recém-nascida, que não dorme bem há semanas a fio – e ficará anos nessa – a parcelar a perder de vista um curso que muito provavelmente não vai dar resultado, é cruel.
E mais, culpá-la por não dar certo dizendo que não seguiu o script. Enfim, escrevo, mermãs, para propor que façam um limpa nos perfis que seguem.
Não só por venderem algo que não existe e lucrarem MUITO com isso, mas pela saúde mental de vocês. Lembrem-se: o que vira ouro nas mãos das milionárias vai virar culpa em você.
Comentários (2)
Com certeza vendem de tudo, até anúncios na hora da reportagem dela ,estava lendo e toda hora tinha que fechar anúncios,e a culpa é das pobres mães imortais,e das mães pobres que só vêem essas possibilidades nos sonhos ou pesadelos,de não estar englobadas nesse rol,tudo é Money e lucro
Digo mães imortais,porque até no paraíso,ficamos velando por nossos rebentos na terra,e pela mídia exemplificar nos como imortais,tem hora para acordar ,mas para dormir affsss