Ser mãe é a maior viagem!

Eu, que amo viajar, só conseguia sentir medo. Talvez porque sabia que não se tratava de meras férias, depois que aquele trem partisse, nada mais seria como antes

Cheguei esbaforida à estação. Não sabia muito bem para qual plataforma seguir, nem mesmo qual seria o destino final. Na passagem também não estava nada especificado, tampouco qual seria o itinerário.

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Estação de trem (Foto Reprodução)

Peguei a bagagem, que certamente chegaria mais pesada após o trajeto que, por sinal, não tinha volta, e caminhei até a fila mais próxima. 

Aguardei sozinha por alguns minutos, quando a ansiedade ia começar a bater, o trem chegou. Unhas roídas, pés inchados e o peso do mundo em minhas costas.

Eu, que amo viajar, só conseguia sentir medo. Talvez porque sabia que não se tratava de meras férias, depois que aquele trem partisse, nada mais seria como antes.

Entrei e me acomodei perto da janela para admirar o desconhecido caminho. De início foi um pouco desesperador, pois passei por lugares jamais visitados. Aos poucos fui conseguindo contornar a situação, sentindo cada uma daquelas cenas se gravar em mim.

A viagem era longa e já sabia que teria de ter paciência e, principalmente, resiliência. As horas se passaram, quase não sabia mais onde estava. Parecia que andávamos em círculos.

Esmoreci, pensei em entregar os pontos ao achar que não conseguiria finalizar o caminho. Estava tudo embaralhado, confuso. Parecia que o GPS havia quebrado. Estudei tanto como me situar e mesmo assim só sentia desnorteio.

Quando, de repente, os trilhos ficaram mais leves. As cenas por detrás das janelas não corriam tanto. Vi uma luz bem forte chegando. Era a estação final.

Meu Deus, que medo! Não tinha mais volta, precisava descer. Me preparei e juntei o restante das forças que tinha para desembarcar.

Quando me levantei senti um peso a mais comigo. Olhei para baixo e nos meus braços estava o motivo de tudo aquilo. Pequenino, quentinho e com um chorinho tão característico. 

Quase não acreditei, mas enfim tinha chegado à estação “MÃE”. Aquele destino tão lindo, selvagem e desconhecido que levou 40 semanas para enfim se fazer real. Aquela que embarcou ficou pelo caminho, não se despediu. Tudo era novo, inclusive eu.

Naquela loucura de sentimentos entendi que a cada estação serei outra e destes trilhos, agora como eterna viajante neste mundo materno, jamais sairei. 

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Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista E eu nem queria ser mãe, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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