Tá, mas cadê a mãe desta criança?

A normalização de que o filho pertence tão somente à mãe é tão grande que não nos damos conta de que na real a pergunta faz muito mais sentido se o sujeito da oração for o pai

Você, eu e provavelmente todos os adultos da face da terra alguma vez na vida fez este questionamento ao se deparar com uma criança peralta ou tida como birrenta – e que na verdade estava exercendo apenas seu papel de criança.

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É comum que essa pergunta seja feita quando a criança faz algo que irrita o adulto (Foto Arquivo Pessoal)

A normalização de que o filho pertence tão somente à mãe é tamanha que não nos damos conta de que na real a pergunta faz muito mais sentido se o sujeito da oração for o pai.

Calma! Isso não é um ataque aos homens de boa fé, ao contrário, estes devem se juntar a nós para engrossar o coro, porque na maior parte dos casos, venhamos e convenhamos, bem sabemos onde estão as mães, já os pais…

Dados divulgados pela Arpen (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais) revelam que de 2018 para cá o percentual de crianças registradas sob o termo “pai ausente” passou de 5.5% para 6,9%.

Em números isso significa mais de 100 mil bebês por semestre em todo o Brasil. De janeiro a agosto de 2022, conforme dados levantados pela Globo News junto ao Portal da Transparência de Registro Civil, os nomes dos genitores não constaram em pelo menos 105 mil certidões de nascimento.

E a recusa dos homens em assumirem os filhos segue crescente, já que neste mesmo período em 2023 são 110 mil crianças registradas somente sob a tutela da mãe. Com base nos dados dos Cartórios de Registro Civil de Mato Grosso do Sul, no último ano, contando de agosto a agosto, foram 2.735 recém-nascidos registrados sem o nome paterno em solo sul-mato-grossense.

No Mato Grosso, ainda com base em informações dos Cartórios de Registro Civil, dentro dos mesmos meses, foram 4.271 bebês registrados por quem os pariu e mais ninguém. Estes são dados, mas, se parar para pensar vai achar um, dois, inúmeros casos de abandono paterno bem aí no seu círculo de convivência.

Acertei? Cabe nos dedos das mãos a quantidade de pessoas que você conhece e não “tem” pai? Me conta depois lá nos comentários!

Quem sabe até mesmo seja esse o seu caso e, mesmo sem ser intencional, culpabiliza mães pelo que considera uma criança “mimada”, o que muitas vezes é só uma criança em seu estado normal de espírito.

Isso levando em consideração pais literalmente ausentes, fora os que têm a capacidade de registrar seus rebentos e cair no mundo o famoso ir comprar cigarro e nunca mais voltar. Sem contabilizar, ainda, os que fazem volume em casa, porém deixam a criação completamente sob responsabilidade da mãe.

Dito tudo isso, meus amigos, proponho a vocês tal reflexão toda vez que vier à mente “cadê a mãe dessa criança?”, ela muito provavelmente vai estar bem ali, tentando equilibrar os pratos… sozinha!

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista E eu nem queria ser mãe, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

Comentários (1)

  • Edma de Castro Silva

    SABE PORQUE DESSA PERGUNTA :AS MÃES NÃO ABANDONAM SEUS FILHOS …ENTÃO POR AMOR ELAS CUIDAM AMAM E SÃO AMADAS E ISSO BASTA .

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