Valentine's Day e os corações partidos (literalmente)
Ao contrário do Brasil, o Dia dos Namorados é comemorado em outros países em 14 de fevereiro e dois slashers garantem a oportunidade para quem quiser ficar abraçadinho… de medo!
14 de fevereiro é uma data religiosa. 12 de junho, comercial. Essa é a diferença básica entre as duas datas que celebram a mesma coisa: o amor entre namorados.

A que acontece primeiro no calendário tem como base a história de um padre que foi condenado à pena de morte no século 3. Valentim se contrapôs a ordem do então imperador Claudio 2 que baniu os casamentos por entender que esse sacramento enfraquecia os homens, por consequência, seus soldados. Afinal, solteiros, sem responsabilidades com a família, eles poderiam render melhor no exército.
O clérigo, defendendo que o matrimônio faz parte dos planos de Deus, passou a realizar as celebrações em segredo. Foi descoberto e preso. Na masmorra, acabou conhecendo a filha de um carcereiro por quem se apaixonou perdidamente.
O amor não o salvou, mas fez com que eternizasse o último ato. Antes de sua execução, ele enviou uma carta à amada revelando seus sentimentos e assinando “do seu Valentim”.
Dois séculos depois, o papa Gelásio instituiu o 14 de fevereiro como Dia de São Valentim. O Dia dos Namorados. Segundo o G1, em reportagem publicada em junho do ano passado, “a comemoração foi criada quando a Igreja transformou em festa cristã uma antiga tradição pagã – um festival romano de três dias chamado Lupercalia.
O evento, ocorrido no meio de fevereiro, celebrava a fertilidade. Seu objetivo era marcar o início oficial da primavera. Se na “gringa” foi um padre o responsável pela data festiva, no Brasil, ela é atribuída a um publicitário.
João Dória – pai do ex-governador de São Paulo João Dória Jr – foi contratado por uma loja para criar uma campanha que incentivasse as compras no mês de junho, quando o movimento era considerado muito fraco, principalmente, devido aos gastos do Dia das Mães.
Como dia 13 de junho tem como ponto forte o dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro, Dória escolheu a véspera para celebrar o Dia dos Namorados. Uma tradição nacional que perdura desde 1948.
Esclarecida a história, vamos à ficção.
Em 1981, no auge dos filmes slashers – graças ao sucesso arrebatador de Halloween três anos antes – surge Dia dos Namorados Macabro (My Bloody Valentine), disponível na plataforma de streaming Darkflix +. Uma cidade pequena dos Estados Unidos sobrevive graças à uma mina.
Um certo dia, cinco mineiros são encontrados mortos após um desabamento. E só um sobrevive: Harry Warden. A tragédia aconteceu justamente em 14 de fevereiro, quando a cidade comemorava, com um baile, o dia dos Namorados.
Warden enlouqueceu e um ano depois matou dois supervisores da mina e colocou seus corações numa caixa de bombons com um cartão macabro. Se houvesse baile de namorados, ele mataria todo mundo.
A ameaça foi atendida por 20 anos. Até que o prefeito autorizou um novo baile.
Aí a festa começa… não no sentido que deveria ter. O assassino vestido de mineiro é uma das coisas mais legais da história do slasher. Todo de preto, com luvas e com uma máscara de oxigênio, é impossível descobrir quem é o verdadeiro assassino. Warden, mesmo, ou alguém se aproveitando da história local para acabar com namorados apaixonados e quem mais estiver na frente de uma picareta afiada.
As perseguições dentro da mina garantem um roer de unhas a mais. O filme é tão legal que rendeu um remake em 2009, com o mesmo nome e disponível na Netflix. Apesar da mesma premissa, os dois filmes são diferentes na conclusão. Então, quem assistir a um vai ter surpresa no outro.
Outra diferença é que se o antigo demora para matar alguém, a refilmagem é bruta logo de cara. (Ainda bem!) A versão renovada tem como astro principal Jensen Ackles, o Dean Winchester, da série Supernatural.
Ele faz o papel de Tom, que é atacado numa festa de Dia dos Namorados dentro da mina que pertence ao pai dele. Abandonado pelos amigos e pela namorada, fica para morrer até ser salvo pelo xerife.
O assassino foge e dez anos depois reaparece. É muito legal ver como a produção mais atual homenageia a anterior com mortes parecidas – mas em situações diferentes.
A da máquina de lavar – a mais impactante nos anos 80 – está na versão de 2009, mas com outra vítima. Como o filme foi exibido em 3D nos cinemas, muitas cenas valorizam os efeitos que colocam os danos sofridos pelas vítimas bem perto do público.
Cuidado com um olho saltando após a picareta transpassar a parte de trás da cabeça. Aliás, prepare-se, é muito sangue e muita violência com cenas gráficas e caprichadas. Tudo embrulhado numa produção caprichada e num roteiro que entrega o que é preciso em filmes assim.
Tom foi embora da cidade e volta depois que o pai morre, para vender a mina, principal fonte de renda dos moradores locais. A namorada que o abandonou agora é casada justamente com o amigo que acelerou o carro enquanto Warden ameaçava Tom dez anos atrás.
E calhou do cara ser, agora, o xerife da cidade, o que garante uma tensão extra para a trama. Se você ainda não tem namorado(a), aproveite, 14 de fevereiro já foi, mas 12 de junho ainda está por vir.
Chame o crush pra ver o Dia dos Namorados Macabro, tentem descobrir, juntos, quem é o assassino e aproveite os sustos para uma aproximação calorosa.
Se tudo der certo, você vai ganhar um coração. E se tudo der ainda mais certo, ele não virá dentro de uma caixa com um cartão ameaçador.