Violência psicológica - quando as palavras machucam

Vítimas de agressões físicas frequentemente contam que também foram alvos de xingamentos e humilhações

Em qualquer ambiente, a comunicação baseada em ofensas é inadmissível. Seja no trabalho, na escola ou em casa, dialogar com respeito deve ser a base da convivência. Ainda mais inaceitável é usar palavras violentas contra alguém a quem já foram feitas juras de amor. 

Agressões verbais podem ocorrer em qualquer tipo de relacionamento. Porém, é mais comum que sejam percebidas em relações afetivas. Dados do Conselho Nacional de Justiça apontam que, até setembro de 2023, eram quase 12 mil processos de violência psicológica em todo o país. Qualquer pessoa, seja homem, criança ou idoso, pode ser vítima de violência psicológica, mas as mulheres são maioria.

violencia psicologica
Violência psicológica inclui gritos, xingamentos e ofensas verbais (Foto: Reprodução/internet)

Relatos de quem já sofreu violência doméstica comprovam que, muitas vezes, antes das agressões físicas vêm as ofensas e os xingamentos. As falas que humilham e acabam com a autoestima são características da comunicação violenta que precede crimes que ocorrem dentro de tantos lares brasileiros. 

Na tentativa de se livrar ou amenizar a gravidade do problema, há quem tente justificar a violência psicológica com alegações de que o agressor “é assim mesmo, tem um jeito rude de falar” ou que “tem personalidade forte”.

Mas não se pode minimizar a agressividade com o argumento de que isso é estilo de comunicação ou característica comportamental. E se for de fato uma questão de comportamento, é preciso mudar, a menos que a tal pessoa queira viver sempre em conflito com os demais à sua volta.   

Por isso, a prevenção e o combate à violência doméstica devem passar também pela mudança na forma de se comunicar dentro de casa. Não podemos normalizar um tratamento baseado em gritos e palavras que ferem.

O ambiente familiar jamais será saudável se as pessoas vivem aos berros e com ofensas entre si.

E pior ainda se crianças e adolescentes presenciam a violência, pois poderão reproduzir esse comportamento quando forem adultos.   

No caso de ofensas direcionadas à mulher, o agressor pode ser enquadrado na Lei Maria da Penha.

De acordo com a legislação, existem 5 tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher:

  • Física: espancamento, apertar os braços, estrangulamento, lesões com objetos cortantes, ferimentos causados por queimaduras ou armas de fogo e tortura;
  • Sexual: estupro, obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto ou repulsa, impedir o uso de métodos contraceptivos ou forçar a mulher a abortar;
  • Patrimonial: tomar o dinheiro ou bens da vítima, deixar de pagar pensão alimentícia, destruir documentos pessoais;
  • Moral: calúnia, difamação ou injúria;  
  • Psicológica: ameaças, constrangimento, humilhação, insultos, ridicularização.

Pelos exemplos acima, podemos perceber que dois tipos de violência contra a mulher estão diretamente relacionados à forma de se comunicar: a violência moral e a psicológica.

Portanto, é necessário se atentar à forma de comunicação dentro de casa. Ninguém deve aceitar ser tratada de forma violenta. Nenhuma mulher deve achar normal que seu companheiro a trate com insultos. Isso pode ser uma etapa anterior a outros tipos de violência. 

O Ministério Público de Mato Grosso, com apoio da Rádio Centro América FM e da TV Centro América, desenvolve uma campanha para alertar sobre os diversos tipos de violência doméstica. O vídeo abaixo traz exemplos bem claros das falas que configuram violência psicológica. Assista:

Tão importante quanto entender o que é a violência psicológica é não aceitar ser tratada assim. Quem se sentir vítima ou presenciar casos de violência doméstica deve denunciar. Os principais canais são pelos telefones 180 e 190.

Leia mais

  1. 10 falas preconceituosas contra as mulheres

  2. Por uma comunicação mais simples e eficaz

  3. Comunicação para solucionar conflitos

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Comunicação de primeira, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

Leia também em Comportamento!

  1. Por que ruas do Santa Amália têm nomes de aves? BQQ revela origem curiosa

    A reportagem especial mostra que a mudança começou ainda em 2001, quando...

  2. O tom de voz também comunica

    A sua maneira de se comunicar não depende somente do que você fala, mas...

  3. Lúcia Maggi, aos 93 anos, tem fortuna equivalente a cerca de R$ 5 bilhões. (Foto: Divulgação) Ela aparece na lista da Forbes de mais ricos do brasil

    Lista da Forbes 2025 tem só uma mato-grossense e ela tem R$ 5 bilhões

    A edição 2025 da tradicional lista de bilionários divulgada pela revista Forbes...

  4. Lei do Stalking: 4 anos combatendo perseguidores

    Como a perseguição que sofri ajudou a criar uma lei federal...

  5. Número de casas com internet ultrapassa o de TVs em MT, segundo IBGE

    Em Cuiabá, o número de pessoas com acesso a internet é maior...