Influencers indígenas de MT lutam nas redes sociais para desconstruir preconceitos
Cristian Wariu e Anaya Suya são jovens de Mato Grosso que usam a internet para mostrar a cultura dos povos indígenas e quebrar preconceitos
Desconstruir preconceitos e mostrar a realidade das comunidades tradicionais de Mato Grosso! Essa tem sido a missão de influencers indígenas no estado, que ressaltam que esse trabalho começa muito cedo e ultrapassa as redes sociais.

Cristian Wariu Tseremey’wa, de 24 anos, indígena do povo Xavante, da Aldeia Três Marias, do território Parabubure, na região do Vale do Araguaia, conta que viveu em cidades pequenas próximas às aldeias de seu povo e desde a infância precisou responder questionamentos sobre a sua origem.
“Como indígena a gente sempre é pautado o porquê de estar em espaços, que são considerados não nossos. Então, desde a escola, na infância, não só eu, mas muitos outros indígenas, a gente recebe muitos questionamentos, não só de colegas, mas até dos professores, por estar ali. Porque, infelizmente, para muitas pessoas isso não é considerado normal”, afirmou.
O jovem lembra que muitas vezes ele foi o único indígena na escola. Mas, isso não mudou ao longo do tempo. Cristian é o único aluno de origem indígena da sua turma do curso de jornalismo da UnB (Universidade de Brasília).
“Como indígena a gente acaba tendo que responder o porquê de a gente não estar na aldeia e estar nesses espaços. Então, isso começou muito cedo e foi se multiplicando com as ferramentas que são disponibilizadas, com as redes sociais”.
Cristian tem mais de 73 mil seguidores no Instagram e tem usado esse espaço para explicar o que é ser indígena na atualidade, sem os estereótipos que foram criados e multiplicados ao longo dos anos.
Anaya Suya
Para Anaya Suya, de 28 anos, do território indígena do Xingu, que tem mais de 24 mil seguidores nas redes sociais, o público em geral ainda sabe muito pouco sobre a diversidade de povos que existem no estado. Inclusive, alguns até acham que não existem mais indígenas. Confira relato:
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) contou 1.652.876 indígenas na população brasileira, segundo dados preliminares coletados pelo Censo Demográfico 2022 até o início de abril, deste ano. De acordo com a Fepoimt (Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso) existem 43 etnias no estado.
Para mostrar esse número de indígenas e a diversidade dos povos, Anaya Suya, que formou recentemente em relações públicas pela UFG (Universidade Federal de Goiás), mas também é artesã e comunicadora, tem utilizado seus perfis no Instagram e Facebook.
“As pessoas têm uma imagem distorcida e estereotipada de nós indígenas. A gente não vive em 1.500. Muitos acham que a gente não pode estar na cidade, usar roupa ou ter um celular, quando as pessoas veem se assustam, até mesmo de saber que a gente está em uma universidade”.
Para colocar um fim no preconceito, a jovem acredita que a informação seja o instrumento mais importante. Missão que está sendo desenvolvida pelos jovens indígenas. E ela acredita que essa atuação nas redes sociais só tem a crescer.
“As pessoas estão vendo que as redes sociais é um meio da gente mostrar a nossa realidade, vivência. Nesse espaço podemos ser protagonistas de nossa história e não deixar as pessoas falarem por nós”.