Hiperinflação e o Plano Real
A população sentiu-se traída por Collor de Melo e seu discurso vazio e inoperante frente aquela realidade
O Plano Real fez 30 anos. Apareceu no governo Itamar Franco em 1994. FHC era ministro da Fazenda. O país passou anos sob forte inflação. Muitos buscam a raiz disso na crise do petróleo lá na década de 1970. O preço do barril subiu muito e o Brasil era dependente total do petróleo do mundo árabe. Tudo foi atingido. Começou no último governo militar.

No último ano do governo João Batista Figueiredo, em 1985, a inflação foi de 235%. Se não fosse a inflação ter chegado nesse patamar, e sem meios para contê-la, talvez o regime militar tivesse continuado por mais alguns anos no país. Com a inflação daquele tamanho, os militares enfiaram a viola no saco e passaram o abacaxi para a classe civil.
No governo José Sarney a inflação chegou ao máximo. Com média de 30% ao mês. Teve mês que a inflação passou de 40%. Antes do Plano Real ela atingiu algo como 2.500% num ano. Com inflação daquele tamanho apareceu a indexação de tudo. Ela aumentava e o salário subia também. Não no tamanho do que acontecia no mercado inflacionário, mas tentava-se seguir o que ocorria.
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Era um país totalmente fora de órbita. E, interessantemente, a população não batia tanto na classe política. Talvez a mudança politica no momento ajudou nisso. Acabara o regime militar, assume os civis e esses não conseguiam resolver o problemão. Mas ninguém pregava outra mudança ou entregar o poder de volta aos militares ou à direita politica brasileira. Foi-se em frente até aparecer o Plano Real.
Collor de Melo ganhou fácil a eleição para presidente em cima do assunto inflação. Ele viria para resolver o assunto e com uma só cajadada. Levou para o Ministério da Fazenda Zélia Cardoso de Melo que, andou para lá a para cá, e não resolveu o problema.
A população sentiu-se traída por Collor de Melo e seu discurso vazio e inoperante frente aquela realidade. Arrumaram uma maneira estranha e o tiram do poder. Assume o vice-presidente, Itamar Franco.
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Nesse governo vai nascer o Plano Real. Antes, porém, dessa tentativa o país passara por muitas outras, como os planos Bresser, Collor 1 e Collor 2, Verão. Teve plano até com nome de estação.
Virou piada as tentativas de resolver o mal maior do país naquele momento. Atingia brutalmente os mais pobres. Atingia a todos, mas quem tinha condições financeiras se adaptavam ao jogo, os menos favorecidos viam os preços comerem tudo que ganhavam.
O Plano Real tinha, mostram estudos, três passos a seguir: um, tentar equilibrar as contas públicas; dois, aumentar impostos e, por fim, acabar com a indexação da economia. Tudo era indexado justamente para seguir os aumentos praticamente diários das coisas no país.
Criaram também uma moeda, digamos, fictícia: a URV ou Unidade Real de Valor que equivalia a um dólar. Depois se caminhou para a desindexação quando a economia estava estabilizada. Foi um sucesso o plano. Tão forte no controle da inflação que ajudou na eleição de FHC parta a presidência.