Impactos da inadimplência na sua vida financeira
O grande problema da maioria das pessoas que estão em situação de inadimplência é não aceitar que está com problemas
Segundo pesquisa realizada pela SERASA, em junho/2023, o Brasil contava com 71,45 milhões de pessoas em situação de inadimplência. Isso representa, praticamente, metade da população do país.
E no ranking dos estados mais inadimplentes do Brasil o estado de Mato Grosso ocupa a 5ª posição com 50,33% da população em estado de inadimplência.
Segundo a CDL Cuiabá (Câmara dos Diretores Lojistas) em agosto/2023, o estado apresentava mais de 25 mil pessoas em situação de inadimplência totalizando um montante de R$ 5,1 bilhões.

Reprodução Mapa da Inadimplência no Brasil/ Fonte: Serasa
Sabemos que estes dados trazem um grande impacto negativo para a economia do estado, mas, sobretudo, os efeitos mais avassaladores que estão por trás destes números se apresentam na vida do cidadão que está endividado. Eles vão de dificuldade de acesso ao crédito, possível perda de negócios, queda da pontuação de crédito até não ser aprovado em cargos públicos.
Sem falar no estresse emocional, preocupação excessiva e até desentendimentos familiares por conta da situação que, senão for gerenciada a tempo, pode levar qualquer indivíduo ao limite.
Esse tipo de situação deve ser corrigida rápido, não pode ser postergada. O grande problema da maioria das pessoas que está em situação de inadimplência é não aceitar que está com problemas, porque enfrentar isto é uma forma de assumir que errou. Infelizmente, quando pensa em tomar alguma medida já está sendo abordado por muitos credores ou pagando juros altíssimo de inadimplência e mora nos Banco e até mesmo quando já está para perder a casa.
Se você está em situação de inadimplência, deve parar tudo agora! Organize todas as suas dívidas da mais cara para a mais barata. Neste momento é fundamental você ter o controle do quanto e para quem você deve. Ter uma visão clara sobre sua real situação vai te ajudar a escolher o melhor caminho a seguir.
Agir rápido vai evitar que juros muito altos sejam embutidos sobre sua dívida e, com isso, seu saldo devedor seja aumentado demais. Negociação é possível, você deve procurar os credores e relatar a situação para analisar as propostas de renegociação apresentadas.
Outro ponto relevante, ousamos dizer, que o mais importante de todos eles é abrir o jogo para sua família. Não é fácil, mas é o melhor caminho a seguir. Tentar segurar uma situação que é insustentável fatalmente vai ter consequências graves. Manter um padrão de vida que não se paga mais e que só está piorando, é um erro grave. Principalmente, num cenário de juros e inflação altos.
Além, disso é importante que todos os envolvidos entendam que para conseguir passar por esse desafio e superá-lo vai ser necessário uma mudança drástica, um corte radical no estilo de vida da família. E, quanto antes essa mudança for implementada, mais rápido o problema vai ser resolvido.
Existem famílias em desequilíbrio financeiro que conseguiram virar a chave verdadeiramente e que em 6 meses de redução total de cortes daquilo que não era essencial conseguiu restabelecer a situação e hoje respiram mais aliviadas e até se premiam dentro das possibilidades por cada etapa superada.
Além das mudanças comportamentais existem, também, iniciativas objetivas que podem auxiliar você a resolver a situação. Já mencionamos aqui na Coluna, anteriormente, sobre os benefícios da Lei do Superendividamento (Lei 14.181/2021) que permite que as dívidas e as contas de consumo vencidas e a vencer sejam renegociadas. Existe também o Programa Desenrola Brasil que é o Programa de Renegociação de Créditos em Atraso, com o objetivo de recuperar as condições de crédito de devedores que possuam dívidas negativadas.
Quem pode ter acesso ao programa são devedores Pessoas Físicas com renda bruta mensal de até 2 (dois) salários-mínimos ou que estejam inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) poderão negociar suas dívidas com desconto. Podem ser renegociadas as dívidas que tenham sido negativadas de 2019 a 2022, e cujo valor atualizado seja inferior a R$ 20 mil.
A situação não é simples e exige muitos sacrifícios. Mas são sacrifícios possíveis e que se colocados em prática com consciência, resiliência e disciplina certamente permitirão a retomada de uma vida equilibrada, sem sobressaltos e, além disso, nossa experiencia já mostrou que a maioria das pessoas que passa por uma situação assim e que consegue enfrentá-la e superá-la passa a enxergar o dinheiro de outra maneira, uma forma muito mais consciente e amadurecida sobre a importância deste tema para a vida de qualquer cidadão.
Terminado o processo é possível começar a trabalhar com um orçamento limpo, vida mais organizada e com novos aprendizados. Isso permitirá, quem sabe, que o próximo passo, seja planejar a conquista de um sonho em comum como uma forma de premiação pelo envolvimento de todos no processo de reestruturação financeira de toda a família!!!
Para isso, faça as contas.
Comentários (1)
O problema maior nessa situação é que os endividados tem muita resistência em mudar o padrão de vida e iniciar uma nova etapa para a solução do problema.