Seu cérebro te ajuda ou atrapalha na tomada de uma decisão financeira?
Uma vida financeira saudável não passa só por economias, é imprescindível você saber tomar decisões de forma consciente e racional
Com a publicação dos dados referentes ao mês de setembro/2023 da quantidade de pessoas que estão inadimplentes no Brasil, mais uma vez nos vem à cabeça o tamanho do problema que a falta de educação financeira representa no país.
Segundo a SERASA são quase 72 milhões inadimplentes no Brasil (Data-Base: Setembro/2023).

Para nós, está claro que estes cidadãos precisam, e muito, de educação financeira.
Voltando no assunto da educação financeira, é importante reforçar que é uma ciência humana que trabalha o comportamento da pessoa, do ser, do SEU ser. Estamos falando do equilíbrio entre esse “ser” e esse “ter”.
A balança entre o Ser e o Ter dessas 71,8 milhões de pessoas está precisando urgente de uma boa calibragem.
Os brasileiros, em sua maioria, temem o famoso descontrole financeiro que acontece, normalmente, em decorrência da falta de planejamento financeiro, mas não somente por isto. Temos por trás deste conceito outros fatores mais complicados de se lidar e, principalmente, de mudar que são os fatores sociais, neurológicos e comportamentais.
Enfim, porque grande parte das pessoas agem quase que seguindo um “padrão” quando o assunto é Finanças Pessoais?
Quando partimos para uma análise mais aprofundada desses motivadores encontramos nos estudos da neurociência financeira fatores psicológicos e até antropológicos que podem, em partes, justificar a sequência de decisões equivocadas que, por vezes, tomamos ocasionando o desiquilíbrio financeiro em nossas vidas.
Simplificando, ao contrário dos nossos antecedentes, hoje, andamos eretos e não precisamos mais caçar para comer, somos capazes de negociar em diferentes esferas, compramos ações na bolsa de valores, realizamos compras em cartões de créditos, mas o nosso cérebro ainda tem muito de nossos ancestrais.
Para eles, os recursos eram totalmente escassos, então se encontrassem uma fruta na savana era preciso comer tudo naquele momento, ou corriam o risco de não comer nunca mais por conta da possibilidade da fruta sumir depois.
Isso programou nosso cérebro para escolher recompensas imediatas. Isso significa que é muito difícil abrir mão de algo que você tem certeza de que vai acontecer hoje, assistir uma série, por exemplo do que escolher alguma outra coisa que, talvez, aconteça no futuro.
Este é um dos fatores que impactam, e muito, nesta realidade financeira. Aliado a outros vários fatores e o mais relevante deles que é o apelo da propaganda pelo consumo. Uma indústria de bilhões de reais que quer que gastemos nosso dinheiro agora e acabamos cedendo a esta forte pressão como uma forma de símbolo de aceitação social. Uma forma de dizer à sociedade: Eu dei certo na vida, sou capaz! Infelizmente, isto nos torna completamente indefesos.
Mas como mudar isso?

Ignorar nossos instintos mais primitivos e naturais não acontece, de forma nenhuma, do dia para a noite. É necessário, uma nova programação mental para mudança desses padrões de comportamento e conseguir atingir os objetivos financeiros. Alguns gatilhos para iniciar essa mudança:
• Pagar em dinheiro
Nosso cérebro não lida bem com a perda do dinheiro. Quando pagamos com dinheiro isso representa dor para nosso cérebro. Ao contrário de pagamentos feitos com cartões de crédito quando os centros de prazer se “iluminam”. Adotar essa prática ajuda a “frear” o impulso pelo consumo e controlar a quantia gasta.
• Comece pequeno sua jornada pela economia
Mudanças que começam dramáticas tem uma grande chance de não se sustentar. Privação forçada não dura muito tempo. Seja realista e faça aquilo ir aumentando ao longo do tempo.
• Remover facilidades
Excluir dos “Favoritos” aqueles endereços de sites de compra, excluir números de cartão de crédito pré-cadastrados, informações de pagamentos. Em contrapartida, cadastre débito automático para reservar parte de seu salário em um Investimento. Quanto mais você utilizar desses recursos de automatização para eliminar facilidades que lhe façam cair na tentação do consumo ou que tornem mais fácil o hábito de guardar, isto torna essas ações menos dependentes da sua memória ou força de vontade. Acredite, a probabilidade de dar certo será maior.
• Errou ao longo do caminho? Tente outra vez!
Nosso cérebro não evoluiu tão rápido quanto a tecnologia, por isso, temos que ser complacentes e nos dar um desconto quando não conseguimos colocar em prática nosso plano financeiro. É importante, reconsiderar os pontos onde fraquejamos e reiniciar o processo buscando avançar mais algumas casas no jogo nessa próxima tentativa. Lembrando que cada decisão que tomamos tem muito do nosso emocional, e mudar o emocional não é uma tarefa fácil.
Uma vida financeira saudável não passa só por economias, é imprescindível você saber tomar decisões de forma consciente e racional. E você viu que este não é um processo que vai acontecer num passe de mágicas. Coloque em prática essas dicas e reflita o quanto você tem se deixado levar por esses fatores. A educação financeira te devolve o controle sobre seu dinheiro e, o mais importante, sobre sua vida. Garantimos que entrar em contato com você mesmo vai te levar para um outro nível de consciência financeira.
Para isso, faça as contas!
Comentários (1)
Realmente, nosso cérebro está condicionado a gastos presentes, às vezes, em exagero. Boas dicas para nos ajudar no nosso controle financeiro.