MPE discute sequelas deixadas pela pandemia na educação pública de MT
Evasão, ansiedade e abandono são alguns do reflexos da covid, segundo Ministério Público
Um evento realizado pelo MPE (Ministério Público Estadual) discute os reflexos deixados pela pandemia da covid-19, na educação pública de Mato Grosso. A discussão está acontecendo desde quinta-feira (18) e segue durante toda essa sexta-feira (19), de forma presencial e remota.

De acordo com a procuradora de Justiça Especializada em Defesa da Cidadania e do Consumidor, Eliana Cícero de Sá Maranhão Ayres, a elevação do índice de evasão escolar, indisciplina, intensificação das crises de pânico e ansiedade entre alunos e professores são algumas das consequências da pandemia.
Dados da Seduc apontam que o índice de evasão escolar, entre 2020 e 2021 é de 34,5 mil. Ou seja, mais de 34 mil crianças e adolescentes estão fora da sala de aula por algum motivo. Estes não efetuaram a matrícula de um ano para outro.
Além disso, há um registro de quase 8 mil abandonos. Ou seja, estudantes que efetuaram a matrícula, mas deixaram de frequentar as aulas.
O procurador-geral de Justiça, José Antônio Borges Pereira, destacou que foram momentos difíceis, em que foi necessário se reinventar para garantir rapidez na soluções de questões inesperadas.
Para o psicólogo Wallace Rodolfo Dune, há um impacto muito grande no processo de ensino-aprendizagem, além das questões de saúde mental, que vão demorar bastante tempo para se normalizarem, se é que um dia vão.
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No caso do aprendizado, dois fatores, segundo ele, devem ser considerados. O primeiro é que alunos precisam se isolar para estudar e a mediação passou a ser por uma tela, o que dificultou a assimilação do conteúdo, só pelo fato da mudança em si.
Outra questão é a possibilidade de consulta. “O aluno pode fazer prova fazendo consulta no conteúdo, e já não nos moldes de antes em que era preciso assimilar o conteúdo e depois fazer a prova”, destacou o psicólogo.
Diante dessa situação, ele explica que agora, é preciso ter outro olhar para tudo que vem ocorrência, para os índices apresentado pelas escolas, tanto de desistência, quanto de tentativas de suicídio, como evasão, e a partir daí, pensar novas metodologias, novas perspectivas, novos projetos que possibilitem a retomada do ritmo educacional.
“Precisamos sair do saudosismo da normalidade, porque jamais seremos novamente como antes da pandemia. Portanto, não podemos repetir as mesmas práticas de antes porque já percebemos que não estão dando certo. Então, é necessário pensar o novo diante das realidades que se apresentam e isso é urgente”, afirma Rodolfo.
O coordenador do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF) – Escola Institucional do MPMT, promotor de Justiça Paulo Henrique Amaral Motta, também enfatizou a importância destes temas e de soluções.