Alfredo da Mota Menezes

Alfredo da Mota Menezes

Pouco ensino técnico

O ensino técnico deveria ser uma constante preocupação para as federações de indústrias pelo país

Apareceu pesquisa mostrando como está o ensino técnico no Brasil. A situação é preocupante e, como sempre, um assunto desse tamanho e importância não mereceu maiores debates, principalmente no Congresso Nacional.

Mostra a pesquisa que, se o Brasil tivesse mais gentes formadas em estudos técnicos, o PIB nacional poderia crescer até 2.3% a mais. Também mais estudos profissionalizantes diminuiria a enorme desigualdade do país.

MEC está com vagas abertas para curso online para professores da Educação Básica. (Foto: Ilustrativa)
Mais cursos profissionalizantes podem tirar país de índice preocupante (Foto: Ilustração)

Tem uma lista de 12 países, como Bélgica, Finlândia, Suíça, Holanda, que tem uma média entre 54% a 70% de jovens nessa área de estudos. No Brasil somente 10% de jovens cursam o técnico ou profissionalizante. A diferença é brutal.

Não se tem indústria desenvolvida se não tiver mão de obra técnica qualificada. Setores como automação, digitalização ou inteligência artificial precisam de muita gente dessa área de estudo. Profissões do futuro e o Brasil precisaria treinar muita gente e estamos andando de lado. Que futuro o país pode esperar por aí? Como competir com outras nações?

O governo Lula, com o vice à frente, Geraldo Alckmin, tem dito que vai criar um novo plano de industrialização do país. Como se pode ir por aí se não tiver mão de obra técnica qualificada?

Esse assunto deveria ser uma constante preocupação para as federações de indústrias pelo país. Pressionar governos para qualificar cada dia mais a mão de obra para esse setor. Como está a coisa futura na área industrial é preocupante.

Como exemplo dessa situação, poucos dias atrás apareceram os dados sobre comércio exterior do país. O Brasil terá um superávit de 97 bilhões de dólares. A base desse ganho não está na exportação de bem industrializado e sim na soja, minério de ferro e petróleo bruto.

Mais um dado. A falta de mais cursos profissionalizantes talvez tenha ajudado a colocar o Brasil numa posição menor no recente publicação do Pisa ou Programa Internacional de Avaliação de Estudantes. Sete em cada dez alunos no país não tem boa atuação na área de matemática. Dos 81 países da OCDE, o Brasil está entre os 17 piores em matemática.

Outra vez: um assunto como esse não deveria merecer debates pelo país? Fica tudo por isso mesmo. Esse tema deveria está nas disputas eleitorais em todos os níveis. Mas, absurdamente, isso não dá ou tira votos, não interessa ao eleitor.

O Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) avalia, além de matemática, leitura e ciência e por aí também o Brasil deixa a desejar. Um pouco melhor que a posição da matemática, mas ainda preocupante. O Pisa mostrou os números em que o Brasil leva uma surra de outros países pelo mundo.

Voltando ao estudo técnico e a baixa taxa de gente nisso. Preocupa a apatia nacional sobre um tema que mostra que o país vai continuar atrás nessa competição internacional se não tiver mais estudos profissionalizantes.

A indiferença da maior parte da população para um assunto desses é outro dado que chama a atenção. E se não há maior interesse da população, a classe politica, que só pensa na próxima eleição e não no futuro do país, não vai nem discutir o tema. Coisas do Brasil.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Alfredo da Mota Menezes , e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

Comentários (1)

  • Antonio Carlos Pinheiro Castedo

    O autor dessa matéria tem razão. Precisamos formar OPERÁRIOS ESPECIALIZADOS para serem mão de obra barata para as Ricas Nações Colonizadoras, que ao perderem um pouquinho da enorme lucratividade, nos viram as costas, tipo Ford…Então, que tal “treinar” o povo para pensar ensinando Filosofia, Sociologia, Antropologia,etc?

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