Educação e Empreendedorismo: um caminho à equidade no trabalho

O Delas Day se consolidou como um importante espaço de discussão sobre o protagonismo feminino, reunindo mulheres de diversos segmentos que buscam destacar o impacto das lideranças femininas no mercado e na sociedade.

O painel “O Impacto Positivo da Liderança Feminina no Mercado e na Sociedade”, apresentou às mulheres discussões importantes: educação transformadora, a atuação de mulheres no empreendedorismo e a relevância das universidades para a formação de mulheres empreendedoras.

A conversa foi feita entre grandes lideranças educacionais de Mato Grosso do Sul e especialistas na área de gênero, como Camília Ítavo, reitora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Neca Chaves, diretora da faculdade Insted, Erika Kaneta Ferri, pró-reitora da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), e a mediadora Carla Stephanini, advogada e especialista em políticas de gênero.

O mote da plenária foi apresentar o potencial transformador da educação como ferramenta essencial para a mudança de vida, destacando a importância de fortalecer as redes de apoio entre as mulheres empreendedoras.

A educação como “virada de chave”

Para Camila Ítavo, reitora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a educação é a chave para a transformação pessoal e profissional das mulheres. Camila compartilhou sua trajetória pessoal de superação, destacando que, sendo filha de mãe solo, o estudo foi o principal fator que permitiu a mudança em sua vida.

“Sempre tive que estudar. Pela educação, transformei a minha vida. A educação foi uma grande mudança onde pude ter dignidade”, relatou emocionada.

Ela lembrou que a educação também foi um ponto de virada para sua carreira acadêmica. Após se formar e iniciar sua trajetória no setor privado, Camila decidiu que, ao completar seu doutorado, se dedicaria ao magistério.

“Minha virada de chave foi quando passei no concurso da UFMS. A partir de uma reflexão, perguntei a mim mesma: ‘Daqui 20 anos, vou ser feliz e realizada sendo professora da UFMS?'”, refletiu.

Para Camila, a educação é mais do que um direito, é uma ferramenta de transformação, que pode proporcionar a tantas outras mulheres a mesma mudança que ela experimentou. Em sua fala, a reitora também destacou um dado relevante sobre o panorama educacional feminino: as mulheres são responsáveis por 55% das graduações e representam 61% das matrículas nos cursos de mestrado e doutorado, na UFMS.

No entanto, apesar do sucesso acadêmico, as mulheres ainda enfrentam desafios quando se trata de acesso e igualdade no mercado de trabalho, especialmente no setor privado.

“No setor público, não há diferença salarial. Mas, no privado, as mulheres passam por um crivo muito maior”.

Superando barreiras

Neca Chaves, diretora da Faculdade Insted, também abordou o impacto da educação na formação de mulheres empreendedoras. Ela compartilhou sua experiência pessoal de reinvenção profissional, explicando como o ensino superior foi um campo natural para sua carreira, sendo filha de educadores.

No entanto, a venda da universidade que o pai dela era dono, a deixou sem chão. Aquele foi o momento crucial para sua própria virada de chave.

“Eu acreditava no poder transformador da educação. Se fosse para criar uma instituição inovadora, sem ser tradicional, com o aluno como protagonista, eu iria para frente”, contou Neca, enfatizando o poder da educação e do empreendedorismo.

Ao longo da conversa no painel, a diretora da Insted abordou um tema delicado, mas crucial para o crescimento das mulheres no mercado: a desigualdade nos negócios. Neca explicou que, apesar das mulheres estudarem mais que os homens, as empresas lideradas por elas, em geral, faturam menos.

A razão, segundo ela, está no fato de que as mulheres dedicam uma carga de trabalho maior além dos negócios. Ela afirmou que é fundamental que as mulheres recebam o conhecimento necessário para lidar com questões financeiras e de gestão.

“Levar esta parte do financiamento por meio da educação é primordial. Fortalecer a mulher e trabalhar as habilidades socioemocionais é importante, é importante que a mulher acredite no seu negócio e se fortaleça”.

Erika Kaneta Ferri, pró-reitora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), também refletiu sobre a importância de fortalecer redes de apoio entre mulheres empreendedoras. Ela contou sobre sua trajetória e como foi influenciada pelos conselhos de seu pai para estudar e empreender.

A representante da UEMS destacou o papel das universidades e das iniciativas de extensão para promover a inclusão social e o protagonismo das mulheres.

“As mulheres vão mobilizar outras mulheres. Precisamos fortalecer nossa rede de mulheres empreendedoras. Temos que ter coragem”, afirmou Erika, destacando que a colaboração entre mulheres é um caminho eficaz para o fortalecimento coletivo.

A fala de Erika ressoou com a reflexão de Camila sobre a importância de superar o medo e a insegurança para navegar em novos mares no mundo dos negócios. Ambas as líderes reforçaram a ideia de que as mulheres devem apoiar umas às outras, compartilhando experiências e criando uma rede de confiança para potencializar suas trajetórias empreendedoras.

Como mediadora do painel, Carla Stephanini trouxe uma reflexão poderosa sobre a importância de equilibrar os sonhos com a ação. “Temos que sonhar à noite e trabalhar de dia. Sonhamos, mas precisamos de determinação para fazer acontecer”, afirmou, conectando o tema à sua própria experiência de vida, que sempre foi permeada pela educação, transmitida por sua mãe. Para Carla, a educação sempre foi o maior legado deixado por sua família, um legado que ela considera essencial para o sucesso no empreendedorismo.

As falas de Camila Ítavo, Neca Chaves, Erika Kaneta Ferri e Carla Stephanini reafirmam a importância da educação não apenas como um meio de ascensão social, mas como um poderoso motor de transformação no empreendedorismo. Cada uma das palestrantes compartilhou as experiências e visões de mundo, demonstrando que, através da educação, as mulheres podem não apenas melhorar suas próprias vidas, mas também impactar a sociedade de forma significativa.