Cuiabá Esporte Clube: uma trajetória de sucesso de Mato Grosso para o Brasil inteiro

Nos 20 anos de história há na galeria de troféus do Cuiabá deca-campeonato Estadual, bicampeão da Copa Verde e Copa FMF. Em 2021, na primeira Série A, conseguiu se manter.

Cuiabá Esporte Clube: ‘Nasceste predestinado para ser um grande campeão’. Vinte anos de história com várias conquistas no âmbito estadual às boas campanhas que levaram e mantiveram a agremiação na elite do futebol brasileiro em 2021: a Série A.  

São 10 títulos de campeão Mato-Grossense (2003, 2004, 2011, 2013, 2014, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2021), duas Copas Verdes (2015, 2019), e campeão da Copa FMF (2010 e 2016), sendo a primeira edição de forma invicta. 

Elton comemora gol do Cuiabá na temporada 2021 (Foto: AssCom/Dourado)
Elton comemora gol do Cuiabá na temporada 2021 (Foto: AssCom/Dourado)

“O que se deve a esses resultados são o investimento em estrutura, o objetivo que o clube sempre teve de crescer dentro do Campeonato Brasileiro desde a Série D, que foi fazendo com que o clube se tornasse mais forte em Mato Grosso e também conseguisse ganhar essa quantidade de títulos”, disse o vice-presidente, Cristiano Dresch.

O Mixto é o maior campeão de Mato Grosso. Fundado em 20 e maio de 1934, na capital mato-grossense, o Tigre é o maior campeão estadual, com 24 títulos já conquistados.

Em âmbito nacional, a agremiação disputou a Série A em oito edições, tendo a melhor campanha sido registrada em 1985, quando alcançou a 14ª colocação. Também foi o último ano que figurou na elite do Brasileirão.

Fundação do Cuiabá e primeiros anos

O Cuiabá Esporte Clube foi fundado no dia 12 de dezembro de 2001, pelo ex-centroavante Luís Carlos Tóffoli, conhecido como Gaúcho (1964-2016).

Gaúcho, fundador do Cuiabá Esporte Clube (Foto: Divulgação/Dourado)
Gaúcho, fundador do Cuiabá Esporte Clube (Foto: Divulgação/Dourado)

Ele foi revelado pelo Flamengo em 1982, mas fez sucesso no time carioca no início dos anos 1990, conquistando uma Copa do Brasil, um Estadual e um Campeonato Brasileiro. Como profissional do Urubu, ele fez 200 jogos e marcou 98 gols.

Gaúcho se aposentou no Anápolis (GO), em 1996.

No fim de 2001, Luís Carlos Tóffoli inaugurou a “Gaúcho Escola de Futebol”, conhecida como “Escolinha do Gaúcho”, na capital de Mato Grosso. A partir daí, ele instituiu o Cuiabá Esporte Clube para disputar campeonatos amadores de categoria de base.

Em 2003, o Dourado entrou para o quadro profissional e conquistou o primeiro título estadual da sua até então curta história. Ainda naquele ano, participou da Série C do Campeonato Brasileiro, sendo eliminado na segunda fase.

Uma das principais formações do Cuiabá (Foto: AssCom/Dourado)
Uma das principais formações do Cuiabá (Foto: AssCom/Dourado)

No ano seguinte, ganhou novamente o mato-grossense, foi vice-campeão da Copa Mato Grosso, além de ter figurado em mais uma edição da Série C e a primeira Copa do Brasil.

Pausa nas atividades do Cuiabá entre 2006 e 2008 

Como todo time de futebol, o Cuiabá não foi exceção e enfrentou várias dificuldades. Entre 2006 e 2008, o clube não conseguiu renovação com o patrocinador, e alegou problemas envolvendo a Federação Mato-Grossense de Futebol. 

“Descontente com o excesso de desmandos da Federação Mato-grossense de Futebol, e alegando falta de recursos para continuar seu projeto em virtude da não renovação do contrato com seu patrocinador, o Cuiabá anuncia o licenciamento de suas atividades”, dizia a nota na época.

Compra do Dourado pela família Dresch

A família Dresch entrou como patrocinadora do Cuiabá em 2003, mas saiu em 2005. A porcentagem que Gaúcho possuía do clube foi cedida à família, e depois o restante foi adquirido dos irmãos Neponuceno, que também eram donos.

Em 31 de maio de 2009, a capital de Mato Grosso foi oficialmente escolhida pela FIFA como uma 12 sedes para a Copa do Mundo de 2014. Com isso, a família Dresch ficou entusiasmada com a situação.

Manoel Dresch com Gaúcho em 2003, no primeiro título Estadual (Foto: Dourado/Divulgação)
Manoel Dresch com Gaúcho em 2003, no primeiro título Estadual (Foto: Dourado/Divulgação)

“Imagina só ter um estádio como é a Arena Pantanal à disposição da cidade e podendo ter times nas disputas nacionais. Fomos movidos pela paixão e as coisas foram acontecendo”, relembrou Manoel Dresch à TV Cuiabá.

Ascensão nos campeonatos nacionais 

Em 2011, o Cuiabá conquistou acesso na Série D. Até 2018 permaneceu na Série C, quando terminou como vice-campeão e finalmente chegou à B. Dessa vez, o torcedor cuiabano não esperou tanto. Em 2019, encerrou a competição na 8ª colocação, com 52 pontos. 

Já no ano seguinte, o clube esteve por nove rodadas na liderança do campeonato, caiu de rendimento, mas conseguiu terminar a edição com a última vaga para a Série A, com 61 pontos, deixando seus torcedores em êxtase. 

O início do auriverde na Série A foi desanimador. Foram quatro rodadas na zona de rebaixamento até a primeira vitória, na 10ª rodada. Houve uma pequena ascensão, tendo o clube alcançado o oitavo lugar como a melhor posição em todo Brasileirão. 

Depois, perdeu-se o gás novamente e Cuiabá acabou lutando contra o Z4 e terminou o campeonato na 15ª colocação, com 47 pontos. 

“Normalmente, os clubes que sobem da Série D para a Série A são só clubes que correm mais risco de cair. Existe uma expectativa, pelo que acontece na história, que esses clubes caiam. O Cuiabá a gente procurou, desde o início do campeonato, tentar montar um elenco que conhecesse o campeonato da Série A. Contratar jogadores jovens, mas com vontade e objetivo. Conseguimos fazer uma mescla interessante de jogadores experientes juntamente com jogadores jovens vindo de clubes grandes, com uma bagagem”, conta o vice-presidente.

Última rodada do Campeonato Brasileiro 2021, entre Santos e Cuiabá, que garantiu a permanência (Foto: AssCom/Dourado)
Última rodada do Campeonato Brasileiro 2021, entre Santos e Cuiabá, que garantiu a permanência (Foto: AssCom/Dourado)

Cristiano Dresch ressaltou ainda o trabalho da equipe técnica e a estrutura do clube.

“Esse foi o ponto primordial na questão da montagem do elenco. O trabalho da comissão técnica, liderada pelo Jorginho, foi muito importante para o Cuiabá, no momento difícil que vivíamos na época. Além disso, a estrutura do clube, a forma como trabalha e trata os jogadores, tendo metas bem claras, com recompensas por essas metas alcançadas. Isso é algo que o jogador gosta muito. É uma soma de várias coisas positivas, que fizeram com que o Cuiabá permanecesse na sua primeira Série A”, concluiu Dresch. 

Torcedores fiéis do Cuiabá 

O estudante Sedinaldo Santana, de 34 anos, é torcedor fiel desde a fundação do Dourado, mesmo com 14 anos de diferença entre ele e a agremiação. 

“Ficamos muito tempo sem ter um time que representasse o estado. Tínhamos os times que representavam a Copa do Brasil, mas era bem complicado eles chegarem até a segunda fase. Então, não tínhamos muito contato com os times daqui. Aí, a gente torcia para equipes de fora, do Sudeste e Sul. Como não havia nenhuma outra equipe, comecei a torcer para o Cuiabá direto”, relembra. 

Sedinaldo recorda que os sete anos na Série C foram muito difíceis, mas que os torcedores tinham convicção de que o Dourado cresceria de patamar.

“Não esperávamos que fosse tão rápido essa ascensão do Cuiabá. As pessoas que torciam desde aquela época acreditavam muito no projeto, confiaram muito no Cuiabá. A promessa que tínhamos era de, um dia, estar na Série A, porque seria muito legal e incrível para Mato Grosso”, conta.

 

Sedinaldo torce para o Cuiabá desde a fundação (Foto: Arquivo pessoal)
Sedinaldo torce para o Cuiabá desde a fundação (Foto: Arquivo pessoal)

Sobre a campanha na elite do Brasileirão, ele conta que foi surpreendente, mas que sempre manteve um equilíbrio com relação às expectativas de desempenho. 

“Não pensávamos que o Cuiabá faria uma campanha de G6, Libertadores ou Sul-Americana. Sabíamos que, com o investimento que o time tinha, com o plantel que foi montado, tínhamos condições de ficar na Série A. Foi surpreendente para quem não acompanhava o time de perto, mas quem conhecia sabia que o trabalho seria com os pés no chão”, afirmou Sedinaldo. 

Viagens por amor ao clube 

O publicitário Matheus Queiroz, de 22 anos, torce desde 2011 para o auriverde. Alguns dos destinos já visitados para apoiar o time do coração estão São Paulo (SP), Ponta Grossa (PR), Ribeirão Preto (SP), Franca (SP) e Goiânia (GO). 

“Na época da Série C saímos em uma van com 15 pessoas e íamos para o Acre. Vimos de perto o acesso. Quando todos desacreditavam do time, nós estávamos lá desde a Série D acompanhando o clube. É uma honra torcer para o time da minha cidade. Em 2015 eu chamava meus amigos para ir ao estádio e eles achavam uma coisa chata. Hoje, todos eles vão comigo para a Arena Pantanal. O jogo virou. No meu passaporte, como torcedor do Cuiabá, tenho da Série D até a A”, disse. 

A respeito da campanha na elite do futebol brasileiro, a jornada do Dourado atendeu os anseios de Matheus. 

“Desde o começo eu sabia que o Cuiabá ia brigar ali na parte debaixo, uma das últimas vagas na Copa Sul-Americana. No meio do campeonato o Cuiabá estava muito bem, e minha expectativa dobrou e esperava a primeira parte da tabela ou pelo menos entre os 12. No final, o gás acabou diminuindo e brigamos contra o rebaixamento nas últimas rodadas. Mas, no geral, foi ótimo. Primeiro ano na Série A é sempre muito difícil de manter e conseguimos”, avaliou. 

Matheus já viajou o Brasil para apoiar o Cuiabá (Foto: Arquivo pessoal)
Matheus já viajou o Brasil para apoiar o Cuiabá (Foto: Arquivo pessoal)

Orgulho para Mato Grosso 

O contentamento pela permanência na Série A foi expressado até pelo rival Luverdense. 

“Parabéns pela permanência na Série A do Brasileiro, Cuiabá! O futebol mato-grossense celebra” 

O Luverdense é tricampeão mato-grossense, mas nos últimos anos não tem conseguido ser destaque no estado. O último título estadual foi em 2016. 

A equipe volta a campo na segunda quinzena de janeiro, contra o Sport Sinop, pelo estadual. A partida ocorrerá em Lucas do Rio Verde.

Sociedade Anônima do Futebol e futuro 

O Cuiabá, que sempre foi uma empresa, foi o primeiro clube da Série A se tornar uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol), aprovada pela chamada Lei do Clube Empresa (Lei 5.516/19)

“Essa alteração vai trazer vários benefícios, principalmente fiscais. Vamos ter uma diminuição enorme do valor que pagamos de imposto por ano. Uma redução de mais de 90%, e isso vai nos ajudar muito a nos tornarmos um clube mais competitivo e ter mais poder de investimento. Vamos poder, também, receber recursos da Lei do Incentivo ao Esporte, que o Cuiabá nunca pôde receber por ser uma empresa com fins lucrativos. A SAF tem fins lucrativos também, mas ela pode receber esses recursos. Foi uma vitória muito grande essa Lei”, comemorou Cristiano Dresch.

https://www.youtube.com/watch?v=zL5n83t92hk

Em 2022, o Cuiabá terá um ano decisivo em sua história, com Campeonato Mato-grossense, Copa do Brasil, vaga direta na fase de grupos da Copa Sul-Americana, Copa Verde e Série A do Brasileirão. No entanto, segundo Dresch, o principal foco é se manter na elite do futebol brasileiro. 

“O próximo ano vai ser muito mais difícil para nós, com mais competições, mas a Série A é o nosso principal objetivo. É a principal competição que dá uma sustentação muito grande para quem consegue ficar nela”, concluiu Cristiano.

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